Petismo na frente do bolsonarismo
Por Cristiano Noronha
No Brasil, não apenas o meio político, como também todos aqueles que acompanham a política, tão logo terminam eleições já começam a pensar no pleito seguinte. Antes mesmo do resultado da eleição de 2022, o então candidato Lula disse que não seria candidato à reeleição em 2026, caso fosse eleito. Um mês após sua posse, já admitia a possibilidade de concorrer novamente.
Seu principal adversário hoje, o ex-presidente Jair Bolsonaro, está inelegível após condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral por ter falado sobre supostas vulnerabilidades das urnas eletrônicas no País durante reunião no Palácio da Alvorada, em 2022, com representantes de diversas nações. Há ainda outros processos em andamento que praticamente inviabilizam uma eventual candidatura presidencial de Bolsonaro.
Contudo, mesmo que Lula não seja candidato à reeleição e Bolsonaro de fato não concorra, a tendência do pleito de 2026 é uma disputa entre petismo e bolsonarismo. E, nesse momento, o petismo está em vantagem por algumas razões. A primeira e mais importante de todas é concorrer no exercício do cargo. Sendo Lula candidato ou não, o PT contará com a máquina federal. É muito alto o índice de reeleição de quem concorre no exercício do cargo ou recebe apoio daquele que está no poder.
A segunda razão é que o bolsonarismo vem sofrendo desgastes significativos desde que o ex-presidente deixou o cargo. Não entre o seu eleitorado cativo, mas entre o eleitorado de centro. Reconquistar esse grupo seria o principal desafio da direita, o que não é uma tarefa impossível. Na sua primeira gestão como presidente, Lula atraiu esse grupo, do qual perdeu apoio por causa das denúncias de corrupção e do desgaste da gestão de Dilma Rousseff. Esse eleitorado votou novamente no PT em 2022 não por afinidade de agenda, mas pelo antibolsonarismo radical. Assim, para recuperar esse nicho, um candidato apoiado por Jair Bolsonaro terá que moderar seu discurso.
A terceira razão para o petismo estar atualmente em vantagem é que Lula tem atraído os chamados partidos do Centrão, que reúne legendas que apoiaram Bolsonaro nas eleições do ano passado. Tal estratégia de Lula não se restringe a garantir governabilidade no Congresso, visa também evitar que essas legendas estejam novamente ao lado de um candidato bolsonarista no próximo pleito.
Por fim, vale ressaltar o ambiente econômico positivo. As expectativas, embora desafiadoras, com o déficit zero que a equipe econômica busca já para 2024, são boas. Os juros estão em queda, as agências de classificação de risco sinalizam com boas perspectivas para o rating no Brasil e o humor do investidor estrangeiro em relação ao País tem melhorado.