Drives políticos de 2025
Por Cristiano Noronha
Em 2025, teremos alguns eventos relevantes na agenda política e econômica com impacto no humor do mercado e dos investidores. Tais eventos poderão ser decisivos para 2026, ano de eleição para presidente, governador, senador e deputados federais e estaduais. A posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos é um desses eventos. Com discurso protecionista, em especial em relação à China, terá grande repercussão na geopolítica dos próximos anos, certamente com impacto indireto na economia brasileira.
A eleição para as presidências da Câmara e do Senado é estratégica para o governo. Mesmo que o quadro esteja praticamente definido, com o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União-AP) na liderança, a questão é como eles conduzirão o comando do Congresso nessa reta final do mandato de Lula.
Ajustes na equipe ministerial devem acontecer. O próprio Lula reconheceu, por exemplo, a necessidade de o governo melhorar sua comunicação. Além da Secretaria de Comunicação, os ministérios da Defesa, da Justiça e Segurança Pública, da Secretaria de Relações Institucionais, da Agricultura, da Casa Civil e da Saúde poderão passar por mudanças.
O maior interesse do Planalto é melhorar o relacionamento com o Congresso. Com as Mesas da Câmara e do Senado renovadas e uma reforma ministerial bem conduzida, a expectativa é que o diálogo entre Executivo e Legislativo melhore nos meses iniciais do ano.
A questão fiscal permanece no centro do debate. A reforma do Imposto de Renda faz parte da agenda do governo. A proposta é isentar quem ganha até R$ 5 mil por mês. Para compensar, o governo irá propor Imposto de Renda para pessoas que tenham rendimentos totais acima de R$ 50 mil mensais.
Abril de 2025 será um mês crucial. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) atual mudou a meta para 2025 e 2026. Antes era prevista uma meta fiscal de superávit de 0,5% do PIB em 2025. Para 2026, seria de 1%. De todo modo, é só para 2026 que o governo agora prevê superávit. No caso, de 0,25%, menor do que o previsto anteriormente. Para 2027, seria de 0,5% e, para 2028, de 1%. Em abril de 2024, o mercado reagiu muito mal. Se houver nova mudança, a reação tende a ser pior.
Os inquéritos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) podem ter desdobramentos significativos ao longo do ano. A partir de manifestações de ministros do Supremo Tribunal Federal em questões relacionadas à suposta tentativa de golpe em 2023, é pouco provável que o ex-presidente recupere a elegibilidade.
A atuação do Banco Central, sob o comando de Gabriel Galípolo, também será minuciosamente observada pelo mercado. A principal dúvida de parte de investidores refere-se ao grau de autonomia que Galípolo terá e se ele atuará de forma mais técnica ou mais política.