Imbroxável?

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Germano Oliveira: "Agora, transformou-se em 'inelegível', 'inescrupuloso' e 'indiciado'" (Crédito: Divulgação)

Por Germano Oliveira

Jair Messias Bolsonaro, o ex-presidente golpista que autorizou militares próximos a ele na execução de um plano satânico para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, de forma bárbara, com envenenamento, tiros de fuzil, rajadas de metralhadoras, explosões de granadas e outros requintes de crueldade, sempre foi um péssimo soldado das Forças Armadas. O que até dá para justificar que chegou-se a tramar o fuzilamento do ministro do STF diante de suas filhas, em seu apartamento funcional – o magistrado esteve sob a mira de armamentos usados pelos diabólicos Kids Pretos, a unidade de táticas de guerra do Exército em Goiânia.

O ex-capitão praticamente foi expulso da caserna, no final da década de 80, depois de tentar explodir bombas em quarteis, por entender que isso pressionaria os comandantes a liberarem aumentos salariais aos fardados. No julgamento por tribunais militares, acertou-se que ele não seria condenado pelos atos de insubordinação e crimes contra a segurança nacional, mas que deveria deixar a farda. Saiu pela porta dos fundos.

E, assim, o Exército ganhou com sua “expulsão”, mas, infelizmente, a política perdeu com a chegada de mais um parlamentar inútil. Ele se lançou na carreira política, elegendo-se deputado federal pelo Rio. Ficou na Câmara por 28 anos, sem ter apresentado nenhum projeto, embora tenha destacado-se por frases amalucadas, como a que disse contra o então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Segundo ele, o tucano deveria ser fuzilado, assim como outros 30 mil “comunistas”. O tempo passou e ele elegeu-se presidente da República, mais porque Lula, o líder popular, estava na cadeia e o candidato do PT, o atual ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, não tinha lá muito carisma. Aproveitando o despertar da direita e dos evangélicos, ele assumiu a presidência e logo lançou-se a soltar asneiras.

Certa vez, bradou aos quatro ventos que era “imorrível”, “imbroxável” e “incomível”. Dizia ser tão macho que teve quatro filhos homens, mas depois “fraquejou” e teve uma filha. Nada mais misógino do que um testemunho como esse. Tanto que, em 2022, perdeu para Lula entre os eleitores do sexo feminino.

Ao sair pela porta dos fundos do governo, como já havia feito no Exército, recusou-se a passar a faixa presidencial a Lula. Segundo o relatório da PF, que o indiciou pelo crime de tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente fugiu
para os EUA com medo de ser preso. Agora, transformou-se em “inelegível”, “inescrupuloso” e “indiciado”.

Investigado em oito inquéritos, pode ser condenado a mais de 30 anos de cadeia. É o destino de todos os que desafiam o Estado de Direito e o regime democrático. Por sorte, a PF e o STF funcionam com independência.