Propostas para um novo Brasil
A vigésima terceira edição do Fórum Empresarial do Lide reuniu trezentas personalidades das mais diversas áreas vitais ao desenvolvimento político, social e econômico do País. Foi um encontro sólido com pluralidade de ideias inovadoras e defesa da democracia
Por Carlos José Marques
Não há em termos de iniciativa privada um encontro tão propositivo e representativo como o Fórum Empresarial do Lide, que ocorre anualmente, já estando em sua vigésima terceira edição – desta vez ele foi realizado no Rio de Janeiro, durante três dias, no Hotel Fairmont. A troca de opiniões, convergentes ou divergentes, mas sempre fundamentada e se desenvolvendo de forma democrática, gera propostas políticas, sociais e econômicas saudáveis para o Brasil – e é disso que carece o País nesse momento: sair do anátema e crescer no diálogo. O LIDE opera e sempre operou nessa direção.
Empresários, magistrados, governadores, prefeitos, secretários de Estado e CEOs somaram trezentas pessoas reunidas e, assim, formou-se um amplo leque de necessária diversidade. E é justamente pelo inusitado desse encontro tão variado que ele se torna único. Difícil o momento – para não dizer inexistente – no qual doze governadores, no mesmo evento, se reúnem para tratar de assuntos significativos ao Brasil.
Nossa história republicana mostra que a praxe é outra: sempre estiveram acostumados a desembarcar na Capital Federal em busca de negociação de dívidas ou para falar de verbas. No Fórum, eles lá estavam a descortinar potencialidades de sua região para um grupo muito seleto e estratégico de empreendedores que podem, sim, redesenhar ou ampliar o crescimento do PIB nacional. Como frisou João Doria, co-chairman do LIDE e ele mesmo um ex-governador: “O Fórum é a tradição de um evento que mobiliza o País, construindo soluções”.
Networking
Foram discutidas desde a transição energética aos caminhos para sustentabilidade do meio ambiente, economia, tecnologia, justiça e segurança. O valor desses debates é dinamizado pelo porte dos expositores. Ali estiveram, por exemplo, os ministros da Justiça, Ricardo Lewandowski, e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que trataram da institucionalidade nacional em suas mais variadas nuances. Algo crucial após os ataques golpistas do 8 de Janeiro e pelo quadro ainda caótico de crimes que prevalecem no País.
Lewandowski, por exemplo, buscou mostrar que é chegada a hora de se repensar o modelo de segurança pública por aqui. Criar uma espécie de SUS da segurança com um sistema integrado. “Hoje a segurança pública pode ser considerada como um insumo da produção, tal como a matéria-prima, porque sem ela não é mais possível desenvolver as atividades privadas. O crime não é mais local, é interestadual e transnacional, e precisamos de um entrosamento das forças com uma PEC que preveja isso”.
Dias Toffoli, que reforçou a firmeza das instituições brasileiras a favor da democracia, pregou que para destravar o Brasil é preciso pensar a Nação como um todo. “Se tudo vai para o Judiciário é porque há uma falência dos órgãos”. Para ele, a própria reforma tributária deve causar mais judicialização.
Na voz da produção, nomes como Alexandre Birman, CEO do Grupo Azzas (e eleito Personalidade do Ano pela Câmara de Comércio Brasil/EUA), Maurício Quadrado, presidente do Banco Master, Roberto Cortes, CEO da Volkswagen, Patrick Burnett, da Inovotech, Eike Batista, da EBX, Gisela Mac Laren, do Estaleiro Mac Laren, Cristiano Pinto, presidente da Shell, e Eduardo Eugênio Vieira, presidente da Firjan, dentre outros, expuseram os desafios econômicos em inúmeros setores.
Fórum serviu não apenas como palco dessas discussões e exposições como também de ambiente de networking com atividades paralelas de interação entre os participantes. Já consagrado como o maior evento empresarial do País, ele deve retornar as suas origens sendo realizado no ano que vem, na Bahia.