Eleição, eleição e eleição

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Cristiano Noronha: "Com o Congresso assumindo cada vez mais protagonismo e independência em relação ao Executivo, o poder da Presidência nas duas Casas Legislativas tem aumentado ano após ano" (Crédito: Divulgação)

Por Cristiano Noronha

Teremos três ciclos eleitorais importantes até 2026. Esses ciclos têm pautado o comportamento das principais lideranças políticas do País e todas as decisões são tomadas para maximizar os ganhos nos pleitos que estão por vir. Essa é a motivação principal, no final das contas.

O primeiro ciclo é a eleição municipal de 2024, que funcionará como uma espécie de laboratório para o pleito sucessório de 2026. Narrativas serão testadas, assim como a capacidade de transferência de voto, como a do presidente Lula (PT) e a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O prestígio de governadores será medido por sua capacidade de ajudar na eleição de aliados. Nesse caso, algumas eleições serão acompanhadas atentamente. Em especial para observar a performance de alguns governadores cotados para concorrer ao Palácio do Planalto.

Os desempenhos partidários em 2024 também serão relevantes para o segundo ciclo, em 2026, servindo como uma espécie de termômetro da força eleitoral de cada legenda. O MDB tentará se manter como o maior partido do País. O PT buscará recuperar o prestígio perdido nas últimas eleições. O PL, que saiu da eleição de 2022 com a maior bancada da Câmara e o maior volume de recursos eleitorais, depende muito da força do bolsonarismo. O PSD tentará aumentar seu prestígio, podendo estar no pleito presidencial de 2026 como ator relevante. Em 2022, apesar do esforço de seu presidente, Gilberto Kassab, o partido não apresentou candidato próprio ao Palácio do Planalto.

Os desempenhos partidários em 2024 serão relevantes para 2026, como uma espécie de termômetro da força eleitoral de cada legenda

Entre 2024 e 2026, teremos uma eleição igualmente importante no Poder Legislativo, o que corresponde ao terceiro ciclo. Em fevereiro de 2025, haverá eleição para o comando da Câmara e do Senado. O deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não podem disputar um novo mandato para a presidência em suas respectivas Casas.

No Senado, o candidato mais forte hoje é Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Ele apoiou Pacheco em 2021 e na disputa pela reeleição, em 2023. Na Câmara, a disputa será mais acirrada. Lira quer fazer seu sucessor, mas outras legendas, como Republicanos, PSD e até mesmo o PT, se movimentam para concorrer.

Com o Congresso assumindo cada vez mais protagonismo e independência em relação ao Executivo, o poder da Presidência nas duas Casas Legislativas tem aumentado ano após ano. O partido que comandar uma das duas dará as cartas nos dois últimos anos que antecedem o pleito de 2026. Em janeiro, por cautela, o governo preferiu não interferir nas eleições internas para não criar atritos com o Congresso. A dúvida é se, em 2025, vai comprar a briga e adotar uma postura de maior interferência no processo.