A Semana

O Brasil entrará em 2024 longe de cumprir a meta de ensino técnico

Crédito: Jaelson Lucas

Escola estadual no Paraná: curso técnico de edificação (Crédito: Jaelson Lucas)

Por Antonio Carlos Prado

O ensino técnico é socialmente uma saída racional para o Brasil: além de ajudar jovens que necessitam aprender o quanto antes uma profissão para suprir necessidades básicas à sobrevivência própria ou de seus familiares, pode esse aprendizado também facilitar o ingresso em universidades. Criou-se em 2014 um Plano Nacional de Educação para criação vagas. Estudo realizado por uma das mais idôneas, competentes e conceituadas instituições nesse setor, chamada Itaú Educação e Trabalho, mostra, no entanto, que o País sequer cumpriu a metade do que fora estabelecido. O objetivo era começar 2024, que se aproxima, com 4,8 milhões de vagas de ensino técnico – 2,5 milhões destinadas a escolas públicas. Mas o Brasil não possui mais que, aproximadamente, 1,1 milhão de matrículas: escolas federais, estaduais e municipais. Hoje, o ensino técnico é oferecido a 10% dos alunos brasileiros, percentagem muito distante da média de 42% dos países europeus. O levantamento feito pelo Itaú Educação e Trabalho baseia-se em dados (os últimos disponíveis são de 2022) do Censo Escolar.

O Nordeste brilha
A Paraíba foi o único ente federativo a cumprir, em relação ao ensino técnico, 100% o Plano Nacional de Educação. É seguido por Piauí (83%) e Maranhão (80%)

História
Museu confirma que imperador romano era mulher trans

Marco Aurélio Heliogábalo: “Não me chamem de senhor; chamem-me de senhora” (Crédito:Divulgação)
Acervo: moeda no museu simbolizando personalidades LGBTQIA+ (Crédito:Divulgação)

O Museu North Hertfordshire, um dos mais tradicionais do Reino Unido, inaugurou uma exposição referente ao imperador romano Marco Aurélio Heliogábalo — integrou a dinastia que governou Roma entre os anos 218 e 222. A grande novidade confirmada na semana passada e baseada em documentação histórica surpreendeu não apenas os visitantes, mas, também, historiadores em todo o mundo. Segundo os responsáveis pelo acervo, Heliogábalo era uma mulher trans. Existem registros nos quais ele pede: “Não me chamem de senhor, por favor; eu sou uma senhora”. Em nota, a direção do North Hertfordshire esclareceu que “é educado, respeitoso e sensível identificá-lo a partir de agora com os pronomes adequados, não ficar preso ao passado e, muito menos, a preconceitos”. Nada mais correto. O museu possui também moedas da época a sugerir que Heliogábalo era trans. Cassius Dio, senador de Roma, anotou em suas importantes crônicas históricas que o imperador foi casado com Hiercoles, um homem ex-escravizado e cocheiro.

Diplomacia
Morte de uma lenda centenária

Com Richard Nixon, Kissinger reatou relações entre EUA e China (Crédito:Reuters )

Henry Kissinger morreu aos 100 anos de idade na quarta-feira 29, deixando sua marca em cenários da intricada política global. Mas ironicamente tornou-se popular mesmo com a “Diplomacia do Pingue-Pongue”. Foi quando a equipe norte-americana de tênis de mesa aceitou convite da China para um tour àquele país, com o qual os EUA não mantinham relações desde 1949. Ao lado do primeiro-ministro Zhou Enlai, Kissinger foi o artífice do encontro em Pequim do presidente Richard Nixon com Mao Tsé-Tung, em julho de 1971. Agora em 2023, quando EUA e China novamente tentam distender relações políticas estremecidas, o centenário Kissinger ainda ostentava sua controversa importância no mundo: foi recebido pelo líder Xi Jinping em agosto último, oficialmente para comemorar os 52 anos da abertura “proporcionada” pelo pingue-pongue (registrada em cena do filme Forrest Gump, O Contador de Histórias, de 1994). Heinz Alfred Kissinger nasceu em Fürth, na Alemanha, em 27 de maio de 1923. Conselheiro de Segurança para os presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, passou a Secretário de Estado no período mais crítico da Guerra Fria (1969 a 1977). Provocou de elogios a críticas por negociações que envolveram da URSS ao Oriente Médio. Sem autorização do Congresso, por exemplo, concordou com o bombardeio no Camboja que matou 50 mil civis. Mas costurou o armistício em Paris de 1973 que levaria ao fim da Guerra do Vietnã, dois anos depois. Com relação a América do Sul, foi um dos idealizadores da Operação Condor que resultou em tortura e morte de opositores a ditaduras militares. Para Kissinger, um bom lider deve equilibrar o que sabe do passado com o que intui do futuro, acalmar e “inspirar” a sociedade a ficar a seu lado, sem coagi-la, no que foi comparado a Maquiavel, para quem “é melhor ser temido que amado”. (D.M.)

Aos 100 anos, Kissinger é recebido por Xi Jinping em momento crítico entre seus países (Crédito:Divulgação)