A Semana

A ministra e o filme 101 Dálmatas

Crédito: Carl Court

Manifestantes a favor dos palestinos: segundo a ex-ministra, a polícia os favorece (Crédito: Carl Court)

Por Antonio Carlos Prado

Um dos mais importantes cargos do governo britânico é a Secretaria de Estado para Assuntos Internos – algo similar ao nosso Ministério do Interior, mas com maior peso decisório. Até a segunda-feira 13, era ocupado pela ministra Suella Braverman, integrante do Partido Conservador, mesma legenda do primeiro-ministro Rishi Sunak. Foi demitida. Fazia tempo que vinham se estranhando, até que pingou a gota d’água: Suella afirmou que a polícia protegeu “manifestações pelo ódio” e protegeu “um bando de gente a favor da Palestina”. Ela também gerou revolta por dizer que gostaria de impedir que pessoas sem-teto se instalassem nas ruas. Em um momento de grave crise econômica, que empurra famílias em Londres a sobreviver em barracas, o palpite da ministra foi, no mínimo, infeliz. “Décadas de omissão aumentaram os despejos”, retorquiu Polly Neate, diretora da organização beneficente Shelter. É fácil saber a concepção que os britânicos possuem de Suella: vem sendo comparada à malévola personagem Cruella do filme 101 Dálmatas.

Suella Braverman: aos sem-teto, nada (Crédito:Oli Scarff)

POLÍTICA
Presentão de milhão


Tarcísio e Bolsonaro: decreto em mãos do STF (Crédito: Marina Uezima)

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sancionou lei que concede anistia a todas as pessoas multadas no estado durante a pandemia pelo descumprimento de normas sanitárias, como o não uso de máscara e a promoção de aglomerações. Dentre os anistiados está o ex-presidente Jair Bolsonaro, que teria de pagar multa de aproximadamente R$ 1 milhão. Ao todo, com o perdão aos infratores, o erário paulista deixará de arrecadar cerca de R$ 72 milhões. O decreto foi proposto pelo próprio governador Tarcísio. Eis um trecho: “ficam cancelas as multas administrativas com os respectivos consectários aplicados por agentes públicos”. Ocorreram em São Paulo pouco mais de dez mil autuações por desrespeito às regras oficiais de proteção contra o vírus. O projeto de Tarcísio foi aprovado pela Assembléia Legislativa por cinquenta e dois votos a favor e vinte e seis contrários. Os casos de contaminação por coronavírus voltaram a subir em todo o País, chegando a 48 mil registros semanais. O PT recorreu ao STF. Qualquer que seja a decisão da Corte, da biografia de Tarcísio já consta esse ato antirrepublicano.

LEILÃO
Lance a lance, acompanhe o leilão de um quadro de Picasso

Wiktor szymanowicz

A tela pintada por Pablo Picasso intitulada Femme à la Montre foi vendida por R$ 593 milhões — segundo mais alto valor já dado por uma de suas obras em leilões. Para fazê-la, Picasso inspirou-se em sua amante, Marie-Thérèse Walter — ambos se conheceram nas noites de festas e apaixonados debates artísticos na Paris da década de 1920. Ele tinha 45 anos de idade; ela, 17. Os dois minutos finais do leilão de Femme à la Montre, realizado pela Sotheby’s de Nova York, foram emocionantes: restaram três licitantes que, respectivamente, deram os seguinte lances: US$ 95 milhões, US$ 115 milhões e US$ 120 milhões. Houve uma pequena pausa, o silêncio de poucos segundos pareceu uma eternidade, até que um dos interessados, finalmente, arrematou por US$ 139,4 milhões. O quadro pertencia ao espólio de Emily Landau.


De Pablo Picasso, a tela Femme à la Montre: homenagem à amante (Crédito:Roger-Viollet )

SOCIEDADE
A “dama do tráfico”

É claro que o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, não sabiam que Luciane Farias é a mulher conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, esposa de um dos líderes da organização criminosa Comando Vermelho. Ele está preso. Já os funcionários de ambas as pastas que organizam as listas de convidados para simpósios, esses burocratas têm, sim, a obrigação de se instruírem sobre quem estão convidando. Dessa forma, é injustificável que o Estado tenha financiado a viagem de Luciane para que ela participasse de evento em Brasília. A advogada e ex-deputada estadual no Rio pelo PSOL Janira Rocha é quem teria agendado uma audiência no Ministério da Justiça com a presença de Luciane. Se isso for verdade, Janira deve explicações ao Ministério. Mais grave: ela é acusada de receber dinheiro do Comando Vermelho. Se também isso for verdade, tem de dar satisfação à polícia e à Justiça.

Luciane e Janira:
fabricantes de crises (Crédito:Divulgação)
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