Comportamento

Plástico comum pode estar com os dias contados

Empresas brasileiras investem em produto 100% biodegradável, que pode ser decompostos de forma natural ou mecanicamente e transformado em novos materiais e até adubos

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Materiais orgânicos são transformados em produtos como sacolas plásticas, pratos, copos e outros produtos biodegradáveis (Crédito: Divulgação)

Por Alan Rodrigues

A té hoje, fomos informados que uma sacola plástica pode levar séculos para se decompor na natureza. Essa premissa, mesmo que verdadeira, faz parte do passado. Com o aumento da conscientização sobre o impacto negativo que o plástico pode ter no meio ambiente, alternativas ecológicas para substituir o material de origem fóssil estão ganhando força. Uma delas é a versão 100% biodegradável, que leva até um ano para desaparecer do meio ambiente. Ele pode ser decomposto por bactérias ou por ácidos e transformado — juntamente com alimentos e outros resíduos orgânicos — em adubo.

“O plástico comum está com os dias contados”, avalia o engenheiro de alimentos Carlos Sassano. Doutor em biotecnologia pela USP, ele é um dos três sócios de startup paulistana, Bioreset, que criou a primeira fábrica da América Latina alimentada por polihidroxialcanoatos (PHAs). Na prática, um processo bioquímico no qual bactérias convertem materiais em substâncias naturais, que levarão um ano no máximo para desintegrar no meio ambiente. “O material pode ser reutilizado por meio da reciclagem, transformando-se em novos produtos bioplásticos ou descartado diretamente em aterros sanitários, onde se decompõe totalmente em menos do que doze meses”, reforça Fernando Piovesana, sócio de Sassano.

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Ao certo, os plásticos biodegradáveis estão se tornando uma alternativa importante na proteção do planeta. O Brasil é o quarto maior produtor do material do mundo, gera 11 milhões de toneladas de lixo dessa espécie anualmente e recicla apenas 1,28% delas. Estima-se que 13 bilhões de sacolas plásticas são usadas por ano no Brasil. A greentech brasileira Earth Renewable Technologies (ERT) desenvolveu, em escala industrial, uma resina de ácido polilático (PLA), de origem natural, obtido através de fontes renováveis, como é o caso da cana-de-açúcar, que acelerou a ideia de reciclagem. “O bioplástico com fim compostável é a solução ideal para a substituição de materiais de uso único, como sacolas de supermercado, copos, pratos e talheres descartáveis, que não contam com uma cadeia de reciclagem apropriada e, portanto, não são reaproveitados”, diz o CEO da empresa Kim Fabri.

Fernando Piovesana, CEO da Bioreset, acredita que a tecnologia pioneira na América Latina pode por fim à versão petroquímica (Crédito:Divulgação)