Comportamento

Doutores da melodia: mais música em hospitais

Do pop ao erudito, artistas famosos tocam projetos que levam música a hospitais e outros centros de tratamento

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“Os Pitais” reúne membros de grupos como NX Zero, Sepultura e Capital Inicial (Crédito: Divulgação)

Por Ana Mosquera

“Eu brinco que é aplicação de música na veia”, diz Sérgio Melardi, músico e idealizador do Vida em Pauta. Desde abril, é graças ao projeto que sons da música erudita preenchem os ambientes de hospitais da capital paulista. Foi inspirado por iniciativas mundiais, como Doutores da Alegria, que tudo começou. “Muda completamente a atmosfera hospitalar, não só para os pacientes, mas para os acompanhantes e profissionais da saúde. De repente, há uma pausa e eles são levados para outro universo.”

A ideia é transmitir tranquilidade pela obra de compositores como Bach, Vivaldi e Mozart, e para todos. “As crianças são esponjas. Quando se começa a tocar, elas saem dançando, nem que seja com o sorriso ou os olhos.”

Segundo pesquisa feita por eles, 98,7% das pessoas julgam o projeto importante ou muito importante. “Cada vez mais os hospitais estão preocupados com a humanização.” Além das apresentações semanais dos duos ou trios, já foram dez concertos e 27 mil pessoas atendidas em sete meses.

“Nós viciamos em fazer esse trabalho”, diz o cantor e compositor Kiko Zambianchi. Ele é um dos primeiros membros do grupo “Os Pitais”, ao lado de outros artistas do pop e rock nacional, que faz apresentações em hospitais, asilos, casas de acolhimento e projetos sociais.

Idealizada pela produtora Anna Butler há oito anos, a iniciativa conta com integrantes de bandas como NX Zero, Sepultura, Capital Inicial e Raimundos.

Graças aos voluntários, espaços inóspitos são transformados por meio da música brasileira. “Para as pessoas, é inesperado encontrar um artista, em um local às vezes relacionado ao sofrimento, tocando e cantando músicas conectadas à vida dela”, diz o músico.

Recentemente, eles tocaram no Arsenal da Esperança, em São Paulo, maior casa de acolhimento da América Latina. O repertório é ensaiado e varia por ocasião, mas há espaço para improvisos: além de pedidos de canções, acontecem “canjas” dos pacientes-espectadores.

O projeto busca apoio para expandir. Transformá-lo em organização e realizar apresentações no interior estão no horizonte de quem leva alegria por meio de notas e acordes.