Comportamento

Estônia: país báltico que vive de tecnologia procura profissionais

O pequeno país báltico se tornou referência mundial em Tecnologia da Informação e se abriu aos brasileiros: só de startups, são mais de mil em operação

Crédito: Philippe Turpin/AFP

Depois da implosão da URSS em 1991, o país tomou a tecnologia como base para seu desenvolvimento (Crédito: Philippe Turpin/AFP)

Por Denise Mirás

Com apenas 1,3 milhão de habitantes — menos que a população de Recife, por exemplo, para uma área pouco maior que o Estado do Rio de Janeiro —, a Estônia optou pelo crescimento a partir de tecnologia e se tornou um modelo de sociedade digital.

Cada bebê que nasce no país entra de imediato para o chamado Registro da População por meio de um sistema de intercâmbio de dados que é operado desde 2001: a plataforma X-Road. E ainda sob proteção da KSI Blockchain, outra tecnologia criada pelos estonianos depois da “primeira guerra cibernética do mundo”, em 2007, quando sites do governo, bancos e jornais de todo o país ficaram fora do ar ao mesmo tempo.

Pelo cartão e-ID, com criptografia de chave pública, 99% dos cidadãos, e mesmo não-estonianos, conseguem usar centenas de e-services do governo — votar pelo celular, por exemplo, é possível desde 2005. Por mais segurança, a Estônia ainda tem uma extensão de sua nuvem de dados fora de seu território, em Luxemburgo.

Danielle Coimbra, relações públicas (Crédito:Divulgação)

“Vim realocada do escritório da Wise na Hungria e decidi procurar por mais oportunidades.
Tive cargos bons em três empregos e ainda procuro a vaga perfeita.”
Danielle Coimbra, relações públicas

Hoje, a cultura digital é incentivada pelo governo, com banda larga nas casas e redes públicas de 5G desde 2020. O desenvolvimento da Tecnologia da Informação (TI) está explícito nas 1.126 startups do setor em operação, sendo sete delas unicórnios (com valor de mercado acima de um bilhão de dólares), segundo o Estonian Database.

Não à toa a Estônia até precisou ir atrás de mais mão-de-obra qualificada no Exterior. E os brasileiros encontraram uma porta aberta para oportunidades no país báltico. Dados extra-oficiais dão conta de pelo menos 700, a maioria trabalhando com TI.

Mas não só com tecnologia, como diz Danielle Coimbra, da área de marketing e relações públicas, há três anos na capital Tallinn. “Mesmo sem cidadania europeia e sem falar a língua, tive cargos bons em três empresas, e todos com visto de trabalho”, observa. O mercado, portanto, vai além da TI. E ela ainda cita outro exemplo, de casa, com orgulho: o marido Neto Cavalcanti abriu a Brazil in Box, “o primeiro negócio de entrega de comida brasileira na Estônia”.