Comportamento

Covid-19 volta a crescer no Brasil

Número de casos vinha caindo gradativamente desde o começo do ano até estabilizar em cerca de 10 mil por semana. Mas a agonia voltou: já há 47 mil episódios em todo o País no mesmo espaço de tempo

Crédito:  Jardiel Carvalho./Folhapress

Vacinação: caminho aberto à prevenção sem o obscurantismo dos tempos bolsonaristas (Crédito: Jardiel Carvalho./Folhapress)

Por Elba Kriss 

O levantamento dos casos, internações e óbitos por Covid-19 no Brasil assusta. O número de episódios novos vinha caindo desde o começo do ano até estabilizar em 10 mil por semana. Um salto para 47 mil no fim de outubro, em todo o País, deu o alarme.

Os óbitos também aumentaram no mesmo mês: 134 na primeira semana e pico de 277 na última. Ao esmiuçar os dados, o enfrentamento mais rígido se faz emergencial.

Na Bahia, ocorreu alta de mais de 130% no número de infectados. Na cidade de São Paulo, menos de 20% da população entre 18 e 59 anos tomou a vacina bivalente.

A morte da atriz Elizangela levantou a questão de quem ainda não está com o esquema vacinal em dia. Em 2022, ela chegou a ser internada com Covid-19, mas se recustou a tomar a vacina, pois duvidava da eficácia dos imunizantes.

Diante de pensamentos como esse, o Ministério da Saúde segue com a campanha de conscientização ­— agora lúcido na gestão Lula e não mais negacionista como nos tempos obscuros de Bolsonaro.

O imunizante está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde para todos indivíduos acima de 6 meses de idade. E há novas recomendações para o ano que vem. “Em 2024, teremos mudanças. Ofereceremos vacinação anual para os grupos prioritários, que seriam aquelas pessoas com maior risco de adoecer ou eventualmente morrer por conta da doença. Além disso, a vacinação vai para rotina das crianças de seis meses a menores de cinco anos”, explica à ISTOÉ Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações. “A imunização continua sendo a principal forma de se prevenir.”

É o que recomenda a ala médica, que vê nos consultórios e hospitais, em conjunto com governantes que monitoram o cenário epidemiológico de forma geral. Em São Paulo, a Secretaria de Estado da Saúde observa: “A variação de temperatura, como tem ocorrido nas últimas semanas, propicia um ambiente para transmissão do vírus que causa síndrome gripal. Além disso, o tempo seco, aumento da poluição, entre outros fatores, também auxiliam no contágio da doença.”

“Em 2024 teremos mudanças: ofereceremos vacinação anual para os grupos prioritários.”
Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde

Para o médico Vinícius Nastrini é importante se atualizar sobre as mutações do coronavírus. “Atualmente, temos novas variantes no mundo como a Éris e Pirola. Elas têm alta transmissibilidade. Devido ao decreto do fim da pandemia pela Organização Mundial de Saúde, sabemos que a população, no geral, tem tendência a relaxar nas medidas de prevenção”, lamenta ele.

Aos que estão sem vacina ou com o esquema incompleto, a infectologista Luana Araújo relembra um passado recente do brasileiro. “Para quem não se lembra, tivemos quatro mil óbitos por dia em maio de 2021. Neste momento, estamos com 300 mortos por semana — ainda é muita coisa, considerando que é uma doença imunoprevenível. Mas o que mudou essa hecatombe foi exatamente o poder da vacinação em aumentar as condições do nosso corpo para se defender. Não foi outra coisa: o vírus não está mais fraco. Ele segue em evolução conforme infecta de maneira livre”, alerta ela.