O guardião do Planalto

Crédito: Carl de Souza

CORINGA Se tem problema de segurança pública em Brasília, chamem o Cappelli (Crédito: Carl de Souza)

Por Germano Oliveira, Marcos Strecker e Victor Fuzeira

Ricardo Cappelli é ministro interino do GSI do Planalto, mas no dia 8 de janeiro, com os atos antidemocráticos provocados pelos bolsonaristas, foi nomeado interventor no DF. Nos dois casos, pegou a segurança do governo em frangalhos. Quando Flávio Dino indicou seu nome para acabar com a desordem em Brasília por causa da destruição das sedes dos Três Poderes, poucos acreditaram que ele poderia prender os transgressores e devolver a normalidade democrática às instituições ameaçadas por um golpe de Estado. Afinal, jornalista de ofício, muitos imaginavam que ele não teria como enfrentar uma turba rebelada, inclusive com a participação de militares do alto escalão. Mas ele foi lá e deu conta da missão: prendeu mais de 1.300 infratores e desarticulou a intentona extremista.

Limpeza

Depois, em abril, tornaram-se públicas as imagens da omissão do general GDias dentro do Planalto, o que levou Lula a demiti-lo, e, novamente, surgiu a necessidade de se nomear alguém para limpar a área. E lá foi novamente Cappelli, com a tarefa de desbolsonarizar o órgão. De cara, demitiu uma centena de militares alinhados com o golpe.

Mandantes

À ISTOÉ, Ricardo Cappelli diz não ter dúvidas de que os ataques de 8 de janeiro têm o dedo de Bolsonaro. “O dia
8 começou com os acampamentos nos quartéis. E estes acampamentos não teriam sido montados sem a conivência
do então comandante em chefe das Forças Armadas: Jair Bolsonaro.” O general Augusto Heleno é outro que tem culpa no cartório.

Recondução à vista

Sergio Lima / AF

Em política, nada é improvável. Tido como bolsonarista, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pode ser reconduzido ao cargo, conforme especula-se nos bastidores. A preferência por seu nome vem sendo defendida por petistas da BA e de SP. Além de ter acabado com a Lava Jato, o que aumentou seu prestígio com Lula, o PGR tem boa relação com o Congresso. E o governo não tem outras opções no MPF.

Retrato falado

“Não queremos ser coitadas” (Crédito: Victoria Silva / AFP)

A ministra Cármen Lúcia é conhecida por suas respostas ácidas, e desta vez não poupou nem seu colega de toga no plenário do TSE, Kássio Nunes Marques. O ministro, tido como bolsonarista, dava seu voto em um processo em que uma candidata a vereadora em Itaiçaba (CE) havia sido “abandonada” pelo partido e que, por isso, sentia empatia por ela. Cármen não se conteve e disse que não concordava com esses argumentos. “Não queremos ser coitadas. Queremos ser cidadãs iguais.”

Nada muda

No final dos anos 2000, a Petrobras foi sugada por um grupo político que dilapidou seus cofres. Agora, a companhia volta a ser alvo de interesses políticos. Acabam de ser eleitos para o conselho de administração da estatal três novos representantes da União que tinham sido rejeitados por todas as instâncias de governança da empresa por descumprirem a Lei das Estatais. Um deles é Pietro Mendes, secretário de Petróleo e Gás Natural do Ministério das Minas e Energia, eleito presidente do colegiado. Já Sergio Rezende, do PSB, havia sido reprovado pela área técnica da estatal porque pessoas vinculadas a partidos não podem ser indicadas para o conselho.

Mordomias

A direção da Petrobras sempre foi conhecida pelos altos salários pagos aos seus dirigentes. O presidente Jean Paul Prates, por exemplo, ganha R$ 115 mil, fora as mordomias. Mesmo assim, quis aprovar aumento de 43,88% para todos os diretores da estatal e seu salário iria para R$ 165 mil. Lula não deixou.

Debate quente

O clima vai esquentar no próximo dia 9 de maio durante o Lide Brazil Investment Fórum, que será realizado no Harvard Club, em Nova York. É que está prevista palestra do presidente da Câmara, Arthur Lira, logo na abertura do evento. Ele falará sobre o arcabouço fiscal e a Reforma Tributária, temas que interessam aos 280 empresários presentes.

Wallace Martins/Futura Press

Governadores

No seminário, promovido pelo ex-governador João Doria, estarão ainda o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o senador Davi Alcolumbre, o deputado Aguinaldo Ribeiro e o presidente da Febraban, Isaac Sidney, além de oito governadores (RJ, PR, RS, MT, MG, AM, PA e ES). Os prefeitos do RJ (Eduardo Paes) e de SP (Ricardo Nunes) também irão.

Vespeiro

Divulgação

Marcio Camargo Cunha Filho, chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Acesso à Informação, acaba de ser demitido pela Controladoria-Geral da União (CGU). A exoneração ocorre após ISTOÉ ter publicado reportagem mostrando que o servidor foi punido ao vazar informações sobre pareceres do órgão referentes à divulgação do cartão de vacinação de Bolsonaro. Desrespeitou o sigilo.

Toma lá dá cá

Maria Arraes, vice-líder do governo na Câmara (Crédito:Divulgação)

Lula tem votos suficientes para aprovar o novo arcabouço e a reforma fiscal?
Esses são temas de interesse nacional, para garantir estabilidade e desenvolvimento econômico sustentável. Estamos seguros de que zerar o déficit é de interesse de todos.

O governo está longe de ter a governabilidade esperada?
O Congresso atual é muito diferente de quando Lula assumiu pela primeira vez. É preciso considerar
a ascensão da extrema direita, que insiste na oposição irresponsável baseada em fake news.

O Congresso mais conservador ameaça as pautas progressistas?
As forças progressistas já derrotaram nas urnas a ameaça fascista. Também estamos enfrentando os golpistas nos termos da lei, como pressupõe a democracia.

Rápidas

* A CPMI dos Atos Antidemocráticos poderá incendiar o ambiente no Congresso. Se por um lado os governistas devem colocar em campo parlamentares como Humberto Costa e Renan, por outro, a oposição escalará gente como Sergio Moro, os irmãos Bolsonaro e Damares Alves.

* A PEC que proíbe a atuação de militares da ativa na política deve ser enviada por Lula ainda neste mês ao Congresso. O texto está em fase final de análise na Casa Civil, mas ainda não passou pelo crivo de Rui Costa.

* Como a chapa está esquentando para o ministro Carlos Fávaro, ele procurou apoio junto a agropecuaristas em almoço realizado na semana passada, em Brasília. O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, deu uma forcinha.

* A decisão de Dias Tofolli de pedir para ir para a Segunda Turma, que julga os casos da Lava Jato, deixa o presidente Lula cada vez mais perto de indicar Cristiano Zanin para a vaga de Ricardo Lewandowski no STF.