Comportamento

Holocausto artístico: obras pilhadas por nazistas voltam para os donos

Roubadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra, obras do pintor Egon Schiele são devolvidas aos herdeiros do dono original

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Justiça dos EUA ordenou que quadros de Schiele (acima) retornassem aos parentes de Fritz Grunbaum (à esq.) (Crédito: Divulgação)

Por Carlos Eduardo Fraga

Há pelo menos duas décadas, herdeiros tentam recuperar as telas pertencentes ao antigo acervo do colecionador de arte judeu e artista de cabaré Fritz Grunbaum, morto no campo de concentração de Dachau, na Alemanha, em 1941. Entre 2010 a 2015, receberam respostas negativas sobre 12 quadros por parte da Justiça da Áustria, país para onde parte da coleção roubada por nazistas durante o Holocausto foi levada. A situação, porém, sofreu uma reviravolta no mesmo ano da última recusa, quando os descendentes tiveram resposta favorável sobre sete quadros nos EUA. Agora, a coleção que estava em solo americano se completa com a legitimação judicial e recondução das telas do austríaco Egon Schiele para a família de Fritz.

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As obras estavam expostas em museus dos EUA e em posse de dois colecionadores particulares.

Incluem as telas ‘Prisioneiro de Guerra Russo’, de 1916, ‘Prostituta’, de 1912, ‘Auto-retrato’ (1910), ‘Jovem de Cabelo Preto’, de 1911, entre outras.

Por ordem da corte nova-iorquina, foram devolvidas nesta semana aos herdeiros de Grunbaum — sua coleção tinha pelo menos 80 obras de Schiele, que teriam sido roubadas e estão sob investigação.

Não é a primeira vez que criações do expressionista pilhadas por nazistas são devolvidas aos herdeiros do colecionador que as possuía antes da Segunda Guerra.

A tela ‘Retrato de Wally’, por exemplo, foi vendida sob coação pela galerista judia austríaca Lea Bondi a um colecionador nazista em 1938. Em 1954, o quadro apareceu no Museu Leopold, em Viena, até que em 1997 este o emprestou ao Museu de Arte Moderna de Nova York (Moma) para exposição.

Os herdeiros de Bondi souberam que o ‘Retrato de Wally’ estava em posse do museu vienense e denunciaram a instituição ao governo americano.

Após a queixa, os EUA confiscaram a tela, que permaneceu sob custódia por 12 anos até finalização da ação judicial, em 2010. O Museu de Viena aceitou pagar US$ 19 milhões aos herdeiros de Bondi, selando o primeiro acordo de sucesso de lei austríaca.

*Estagiário sob supervisão de Luiz Pimentel