Comportamento

Ao chef com carinho: profissionais estrelados da gastronomia dão aulas presenciais

Grandes nomes da cena gastronômica ministram aulas em espaços exclusivos, reunindo profissionais, amadores e curiosos para trocar experiências; é a prova de que a cozinha, além de técnica, é convivência

Crédito: Divulgação

Intenso e intensivo: chef Pablo Lozano ensina técnicas e receitas de confeitaria a profissionais e amadores (Crédito: Divulgação)

Por Ana Mosquera

Se há poucas décadas a moda era acompanhar culinaristas como Ofélia e Palmirinha em programas da TV aberta, canais por assinatura, plataformas de vídeo e realities abriram o leque e instigaram ainda mais qualquer um que almeje aprender ou se aprimorar na arte de cozinhar. Estar ao lado de grandes chefs em aulas presenciais tampouco é exclusividade de estudantes ou frequentadores de eventos específicos. Atrás de bancadas, fornos e fogões, mestres da cozinha se consagram como professores, em espaços próprios, recebendo de curiosos aos que desejam ter um gostinho da profissão.

“Os cursos avulsos servem para a pessoa se testar e enxergar aquilo como carreira”, fala Carla Pernambuco, chef e proprietária do Carlota. No estúdio que leva seu nome, na capital paulista, ela ministra e recebe convidados para falar de temas diversos.

“A aula de risoto é uma festa. Na última de feijoada, cada um pegava seu prato e saía comendo pela casa. Os clássicos do restaurante são os que mais fazem sucesso entre os alunos”, diz, referindo-se ao bife Wellington, há mais de duas décadas no cardápio.

“É como trazer o restaurante para dentro do curso”, fala, comprovando a relevância das vivências aos participantes mais interessados na qualidade e na origem dos ingredientes. “Hoje temos um público mais culto na gastronomia.”

Tete Lino Costa freqüenta cursos do tipo há 15 anos. “Acho uma oportunidade incrível: vê-los cozinharem e ainda comer os pratos depois. Sempre aprendo receitas sensacionais, além de fazer ótimas amizades gastronômicas”, diz a empresária, que é assídua do Prosa na Cozinha, no Rio de Janeiro, projeto da consultora gastronômica Manu Zappa.

Além de dar oficinas como a “aula de polvo”, realizada uma vez por mês e já famosa em terras cariocas, a chef de cozinha recebe nomes importantes como João Diamante, Bianca e Kátia Barbosa, Flávia Quaresma e Rafa Costa e Silva.

Na cidade turística, experiências para estrangeiros ainda são freqüentes, assim como para visitantes e profissionais de outras localidades e Estados que anseiam aprender com os cariocas. Apesar dos nomes de peso, a ideia principal é romper barreiras, conceituais e físicas. “A origem do Prosa é quebrar a parede cozinha-salão”, conta sobre o estilo informal, que traz intercâmbio de receitas e conhecimento, mas também de histórias.

Chef Carla Pernambuco dá aulas e recebe convidados no estúdio em São Paulo (à esq.); Rodolfo Villar, do A.MAR, fala a alunos do Prosa, no Rio (abaixo) (Crédito:Divulgação)
(Divulgação)

Siga o mestre

Há uma busca pelo tête-à-tête entre cozinheiro e consumidor, em tempos de excessiva conectividade. “As pessoas querem estar com o profissional, passar um dia ou uma semana ao seu lado, que é o que o curso proporciona”, diz o confeiteiro Diego Lozano.

Dentro da Levena, em São Paulo, fica a Escola Confeitaria, em que ele e o irmão Pablo Lozano oferecem aulas que duram de um a dez dias, nas quais ensinam uma ou diversas receitas de confeitaria e padaria, como:
* croissant,
* macaron,
* cheesecake,
* entremet, tipo de sobremesa francesa em camadas.

Transmitir conhecimento faz parte da dupla desde a origem. “Todo mundo que trabalha na cozinha, em algum momento, tem que saber ensinar”, diz Pablo, responsável pela escola que agrega de iniciações a formações mais densas. “Metade das pessoas faz com receio de não dar certo, mas depois de um tempo vem agradecer e contar que está montando o próprio negócio”, comemora Pablo.

Ver o resultado final é o que move quem veste o avental, seja para pais e filhos que querem compartilhar momentos aos finais de semana, seja para novos empreendedores que estão mudando de profissão.

“Comparo sempre com uma aula de balé, são muitas repetições para fazer melhor”, compartilha Carla.

A aprendizagem, por sua vez, é via de mão dupla entre profissionais consagrados e fãs-alunos. “Lidar com pessoas e questionamentos diferentes me força sempre a buscar saber mais”, fala Diego Lozano. “Ensinar, para mim, é aprender constantemente.”