Motor Show

Ranger: na quinta geração, transformação total

A Ford Ranger assume uma personalidade renovada do chassis ao interior, e ainda ganha um motor V6 3.0 turbodiesel que vem casado ao mesmo câmbio de dez marchas do Mustang e da F-150: uma nova luz em uma categoria que há tempos estava devendo novidades

Crédito: Divulgação

Ford Ranger: projeto consumiu investimentos de US$ 660 milhões em atualizações na planta de Pacheco, na Argentina (Crédito: Divulgação)

Por  Rafael Poci Déa

Totalmente mudada da grade frontal ao cano de escape, a quinta geração da Ranger começou a chegar ao Brasil em agosto com influências da gigante F-150, no design e na dinâmica, caprichando não só na experiência a bordo, mas também, ao volante. Afinal, a picape grande é o produto de maior alcance global da marca, fabricada simultaneamente em seis locais ao redor do mundo e comercializada em mais de 180 mercados.

Seu projeto consumiu investimentos na faixa de nada menos que US$ 660 milhões em atualizações na planta de Pacheco, na Argentina. Com 2.700 componentes redesenhados, a nova geração é bem distinta, na fórmula e na função, do primeiro modelo que chegou ao Brasil em 1994.

Com 30 anos de América do Sul e mais de 1 milhão de unidades vendidas na região, a Ford Ranger foi reinventada, e agora tem dirigibilidade típica de SUV.

E foi mexendo nas “entranhas” que esta mágica aconteceu: a rival de Chevrolet S10, Nissan Frontier, Toyota Hilux e Volkswagen Amarok adotou a terceira geração global de arquitetura de cabine e longarinas, com sua construção de carroceria sobre chassis agora 30% mais resistente. Nas medidas externas, são 5,372 m de comprimento, 1,620 de largura, 1,886 de altura e enormes 3,270 de entre-eixos.

Apesar de ter aquela pegada típica das pick-up trucks americanas, a nova Ranger disfarça seu porte avantajado graças à sua ótima manobrabilidade tanto em em pisos asfaltados quanto nos mais irregulares.

A conexão entre máquina e motorista sempre foi um dos bons atributos da picape média da Ford – que agora está ainda mais afiada e obediente nas mudanças de trajetória, sempre mostrando um ótimo controle da carroceria.

Essa dinâmica é resultado de suspensões dianteiras com um curso 15 mm maior e as traseiras, reprojetadas, com os amortecedores deslocados para a parte externa da longarina e instalados em ângulo de 5,3º do lado esquerdo e 6,45º do direito.

Na prática, temos um utilitário mais conectado ao piso, capaz de rolar pouco nas curvas e que inibe o incômodo pula-pula ao trafegar com a caçamba de 1.232 litros descarregada (o acesso a ela é facilitado pelo degrau na lateral).

“Raça forte”

Dois propulsores estão disponíveis: o V6 3.0 turbodiesel, desenvolvido pela Ford, nas versões XLT e Limited e casado ao câmbio automático de dez marchas – o mesmo da F-150 e do Mustang, mas com uma calibração específica.

São 250 cv de potência e 600 Nm (ou 61,2 kgfm) de torque entre 1.750 e 2.250 rpm.

Já as opções de entrada XL e XLS vêm com um também novo quatro cilindros 2.0 a diesel associado a caixas manual (MT88) ou automática (6R80), ambas de seis velocidades. Neste caso, são até 170 cv e 405 Nm (41,29 kgfm) entregues de 1.750 a 2.000 rpm.

O seis cilindros em V sobrealimentado transmite um funcionamento suave e adota bloco de ferro grafite compactado, cabeçotes de alumínio e bicos injetores de alta pressão. Ao contrário da Volkswagen Amarok V6 (258 cv e 580 Nm), a entrega do desempenho é mais progressiva na Ranger, sem pregar sustos no condutor nas acelerações mais brutas.

Com uma relação peso-potência de 13,1 kg/cv e relação peso-torque de 5,5 kg/kgfm, a nova Ranger vai a 100 km/h em 9,2 segundos e crava 187 km/h de máxima. Aliás, a 100 km/h, a agulha do conta-giros repousa na faixa de 1.500 rpm, e destaca-se o baixíssimo nível de ruído do motor, que ainda é filtrado pelo excelente isolamento acústico do habitáculo.

Dependendo da situação, a transmissão automática pula rapidamente da décima marcha para a sexta para a picape retomar o fôlego. E retorna, logo em seguida, à décima marcha.

Quem preferir pode fazer as trocas sequenciais pelas teclas na lateral da alavanca seletora do câmbio. Estão disponíveis na opção Limited mais completa os modos de condução:
* Normal,

* Eco,
* Escorregadio,
* Rebocar/Transportar,
* Lama/Terra e Areia.

Eles alteram a entrega do desempenho e diversos outros parâmetros determinados para ajudar em situações fora de estrada.

(Divulgação)
Na cabine, quadro de instrumentos 100% digital e multimídia estilo tablet, com tela vertical e dimensões generosas. Acima, o seletor giratório dos quatro modos de tração e, ao fundo,os botões de bloqueio do diferencial traseiro, modos de condução, auxílio em descidas e outros recursos;  a caçamba com capacidade de 1.232 litros e a dianteira inspirada na F-150

Desemprenho

Dirigimos em grande parte do tempo no programa Eco, com o computador de bordo indicando consumo superior a 10 km/l, enquanto na cidade ele marcou 7,2 km/l. Nada mau para um utilitário de mais de 2.300 quilos!

Aliás, no uso urbano, a direção eletronicamente assistida leve contribui no conforto e, para poupar óleo diesel, o sistema start-stop atua suavemente ao desligar ou religar o motor V6 durante as breves paradas, como nos semáforos.

Saindo do asfalto pelas trilhas argentinas da região de Mendoza, usamos o sistema de tração, que possui a caixa de transferência com controle eletrônico, com opções 4×2, 4×4 e reduzida, assim como 4WD – que distribui sob demanda a força entre os eixos.

Também cooperam os ângulos de ataque (30º), saída (26º) e a altura livre do solo de 23,5 cm, com capacidade de imersão de 80 cm.

Embora utilize largos pneus All Seasons (265/55 R20) sem aptidões lameiras, eles dão conta do recado até em terrenos arenosos, além de produzirem baixo ruído no asfalto a 120 km/h.

Tudo sem abrir mão da conveniência proporcionada pelo quadro de instrumentos digital de 12,4” e a central multimídia Sync C 4 de 12” com Android Auto e Apple CarPlay, que estão disponíveis na Limited completa.

Em segurança, desde a XLT há:
* pacote de assistência com frenagem automática, incuindo detecção de pedestres,
* pacote de partida em rampas,
* sete airbags,
* faróis em LED,
* reconhecimento de sinais de trânsito,
* controle eletrônico de estabilidade,
* controle automático em descidas,
* frenagem pós-colisão,
* câmera de ré,
* limitador de velocidade.

Já a Limited com todos opcionais contempla, ainda, piloto automático adaptativo com função stop & go, monitor de ponto cego, assistente de manobras evasivas/de permanência e centralização em faixa/de cruzamento,alerta de tráfego cruzado em marcha a ré e câmeras 360°.

Considerando o ótimo pacote, o mercado deve reagir muito bem à novidade. Resta ver como serão as versões mais acessíveis.

Se tivesse chegado antes, seria uma forte candidata a roubar o título Compra do Ano 2024 da S10, em um segmento que estava carente de boas novidades (apesar da alta procura).

Em breve, poderemos avaliar esta e outras versões aqui no Brasil, e veremos o que a concorência reserva para os próximos 12 meses. Já sabemos que tem muita picape nova vindo por aí!

(Divulgação)

Ford Ranger Limited

Preço básico R$ 289.990
Carro avaliado R$ 339.990

Motor: seis cilindros em V 3.0, 24V, duplo comando de válvulas, turbo, intercooler, injeção direta
Cilindrada: 2.993 cm³
Combustível: diesel
Potência: 250 cv a 3.250 rpm
Torque: 600 Nm a 1.750 rpm
Câmbio: automático sequencial, dez marchas
Direção: elétrica
Suspensões: braços sobrepostos (d) e eixo rígido (t) com molas helicoidais
Freios: discos ventilados (d/t)
Tração: integral sob demanda, com modos 4×2, 4×4 e 4×4 reduzida
Dimensões: 5,372 m (c), 1,620 m (l), 1,886 m (a)
Entre-eixos: 3,270 m
Pneus: 265/55 R20
Caçamba: 1.232 litros
Tanque: 80 litros
Peso: 2.357 kg
0-100 km/h: 12 s
Velocidade máxima: 187 km/h
Consumo cidade: 8,9 km/l
Emissão de CO2: 205g/km*
Consumo nota: C
Nota do Inmetro: C*
Classificação na categoria: C* (Picape) *dados estimados