A Semana

Emmanuel Macron radicaliza discurso contra trajes islâmicos

Crédito: Loic Venance

Jovem veste abaia amarela em Nantes: convívio perto do fim (Crédito: Loic Venance)

Por Antonio Carlos Prado

O presidente da França, Emmanuel Macron, parecia que ia ceder – mas foi somente mise-en-scéne. Na semana passada ele retomou o assunto referente à proibição de trajes islâmicos como abaias e qamis nas escolas e universidades do país. E subiu o tom: “O governo será inflexível”. Segundo Macron, esse tipo de vestimenta em instituições viola o princípio da laicidade. “Sei que muitas pessoas que assim se vestem querem, na verdade, somente desafiar o nosso tradicional sistema republicano”, declarou ele. À exceção do rosto, mãos e pés, a abaia cobre totalmente o corpo da mulher e é mais comumente utilizada em países árabes. O movimento cultural e preconceituoso contra essa roupa em solo francês teve origem em grupos de extrema direita e foi logo abraçado por Macron diante da excelente repercussão junto aos franceses. Ou seja: o que está em jogo para o poder executivo é uma questão de popularidade mascarada de republicanismo. Ouça-se o ministro da Educação: “A laicidade e a República são valores fundamentais em nossas escolas”.

Emmanuel Macron: “Serei inflexível” (Crédito:Ludovic Marin)

Saúde

“Tristezas não pagam dívidas”. Ria, teu coração agradece

Ismael Silva foi um dos melhores compositores da música popular brasileira – era preto, pobre e, a certa altura da vida, colaram-lhe o estigma de ex-presidiário. Para sobreviver, Ismael vendia muitas de suas letras para o branco, rico e sempre risonho cantor Francisco Alves. Uma das autorias negociadas se chama “Tristezas não Pagam Dívidas”. Agora, abandonemos o samba e ingressemos no campo da ciência: pesquisadores do Hospital das Clínicas de Porto Alegre desenvolveram um estudo envolvendo voluntários com idade média de 64 anos, todos com diagnóstico de doença arterial coronariana. A conclusão do estudo é que o ato de rir leva à expansão dos tecidos que se localizam no interior de nossos corações. Tal fenômeno aumenta o fluxo de oxigênio no organismo humano. “Nosso estudo descobriu que a terapia do riso aumentou a capacidade funcional do sistema cardiovascular”, escreveu Marco Saffi, médico do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, um dos principais autores do estudo. O trabalho foi levado à Sociedade Europeia de Cardiologia, na Holanda.

Estudo brasileiro aproxima risada e melhor fluxo de oxigenação: apresentação na Sociedade Europeia de Cardiologia, na Holanda (Crédito:Istockphoto)

Comemoração

A festa do Sete de Setembro

Decoração com luzes e cores que traduzem o Brasil: alegria cívica às vésperas do desfile (Crédito:Audiovisual / PR)

Enquanto o Planalto finalizava, na quarta-feira 6, os preparativos para as comemorações do Sete de Setembro em Brasília, bolsonaristas lançaram uma campanha nacional conclamando a população a não ir às ruas assistir aos desfiles militares. O slogan: “Fique em casa”. O andamento de tal campanha: vexame total. Na capital do País, para onde se voltavam todas as atenções, anunciou-se reforço da segurança na Esplanada dos Ministérios, local do desfile: previa-se um público de cerca de trinta mil pessoas mais duzentos convidados. Diversas mensagens seriam lidas, todas elas com o mote “democracia, soberania e união”. Nenhum chefe de Estado estrangeiro constava
da lista de personalidades. Um dos pontos altos de meados da semana ficou por conta da iluminação do Congresso e outros prédios públicos com as cores que simbolizam o Brasil. Para o desfile, propriamente dito, fixara-se a participação de dois mil militares, com a presença da fanfarra do 1º Regimento de Cavalaria, dos Dragões da Independência e do coral de alunos do colégio militar. Ensaiou-se a passagem de Lula pela Esplanada no Rolls-Royce presidencial e o tradicional show da esquadrilha da fumaça. Estava prevista que a condução do Fogo Simbólico da Pátria seria feita pelo 3º sargento Herbert Conceição, medalhista de ouro no boxe, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Como se vê, motivos não faltavam para as pessoas não ficarem em casa — irem à festa e aplaudirem a democracia.

Rolls-Royce presidencial: ponto alto do ensaio para o desfile do Dia da Pátria (Crédito:Sergio Lima)