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Memórias dos antigos cinemas

Em seu novo filme, o diretor Kleber Mendonça Filho alterna ficção e realidade em um relato autobiográfico sobre Recife

Crédito: Divulgação

Cena de 'Retratos Fantasmas': as grandes salas viraram edifícios em ruínas (Crédito: Divulgação)

Por Felipe Machado

Difícil definir o estilo de Retratos Fantasmas, novo filme de Kleber Mendonça Filho. O trabalho do mais autoral dos cineastas brasileiros na atualidade é um documentário que desafia as fronteiras entre o real e o imaginário. É uma autobiografia cinematográfica? Sim. Mas também é um relato que confunde sua memória afetiva com a degradação da arquitetura na cidade do Recife, onde ele nasceu e foi criado, mais especificamente no bairro Setúbal, perto da praia de Boa Viagem. Sua experiência com locações e sets de filmagens se mistura à história da indústria do cinema na capital pernambucana. As críticas à especulação imobiliária demonstram como a crise econômica esvaziou as grandes salas de cinema nos últimos cinquenta anos. Frequentados no passado por milhões de brasileiros, esses prédios hoje são ruínas que simbolizam a morte de um modo de vida — e de todo um mercado criativo que dele vivia. Mendonça Filho usa a própria carreira como metáfora para levar o público em uma jornada por meio de lembranças embaçadas e realidades alternativas. Destaque para a trilha sonora do compositor Antonio Pinto, que, assim como o diretor, é um profissional nacional renomado no exterior. A música e a narrativa se completam como um quebra-cabeça, com cenas do presente e do passado se entrelaçando de forma hábil e poética.

Longa expõe a realidade brasileira

(Victor Juca)

Assim como nos filmes anteriores de Kleber Mendonça Filho (foto), Retratos Fantasmas também mergulha na identidade brasileira, explorando temas que envolvem classes sociais, política e cultura. Acostumado a desafiar as convenções lineares, o diretor apresenta um mosaico de experiências que não apenas refletem a subjetividade de suas lembranças, mas abrem espaço para uma exploração intensa da nostalgia. Mendonça Filho nunca decepciona.

Para Ler

Publicado originalmente entre 1946 e 1958, Paterson é um épico da literatura modernista. A obra de William Carlos Williams é inspirada no cotidiano de uma pequena cidade dos EUA e combina de forma visceral elementos de poesia e prosa.

Para Ver

(Divulgação)

Estrelada por Rebecca Ferguson, a série Silo, da AppleTV+, é uma distopia baseada na trilogia do autor Hugh Howe. O enredo situa-se em um mundo pós-apocalíptico, onde os habitantes da Terra vivem em um refúgio subterrâneo.

Para ouvir

Divulgação

Pela primeira vez no Brasil, a Orquestra de Brinquedos de Lisboa se apresenta no Teatro Liberdade, em São Paulo, em 17/9.
A homenagem lúdica ao universo da música erudita inclui A Flauta Mágica, de Mozart, e Carmen, de Bizet.

MÚSICA

O som brasileiro de Stanley Jordan

(Divulgação)

Entre os destaques do festival The Town, que acontece entre 2 e 10/9 em São Paulo, está um norte-americano de coração brasileiro: o genial guitarrista Stanley Jordan. Seu próximo álbum, Feathers in the Wind, terá participação de Milton Nascimento, do baixista Duda Lima e do baterista Ivan “Mamão” Conti. Segundo Jordan, o disco seguinte é “uma carta de amor ao Brasil” e terá Jorge Benjor como convidado. “A presença dele será uma honra”, elogia. Jordan se apresenta no The Town nos dias 7 e 9 de setembro, no palco dedicado ao Jazz & Blues.

TEATRO

O que seria da vida sem os poetas?

Em seu novo espetáculo solo, Denise Fraga quer mostrar como os poetas e compositores são importantes para o nosso dia a dia. “O que seria de nós sem eles?”, questiona a atriz. No monólogo Eu de Você, que estreia no Teatro Tuca, em São Paulo, ela apresenta histórias reais costuradas com trechos da literatura e da música. “O desafio é romper a fronteira entre fato e ficção, pedaços da vida embalados pela arte”, define. Denise cantará clássicos da MPB e do rock, entre eles O Cordão, de Chico Buarque, e Suspicious Minds, de Elvis Presley.

STREAMING

Gal Gadot brilha em filme de ação

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Sob a direção habilidosa do britânico Tom Harper, um mestre do cinema independente, Agente Stone (Netflix) traz a “mulher-maravilha” Gal Gadot em um papel diferente. No longa, a atriz israelense abandona qualquer vestígio de glamour para se entregar de corpo e alma à personagem-título. O filme narra a história de uma detetive atormentada por demônios interiores que a afligem enquanto ela tenta desvendar um intricado quebra-cabeça criminal — a trama inteligente foge dos clichês.

CINEMA

Wes Anderson repete a fórmula

(Divulgação)

Famoso pelo visual inconfundível de seus filmes, o norte- americano Wes Anderson é um fenômeno: todos os grandes astros de Hollywood querem participar de seus filmes, ainda que em cenas curtas e pequenas participações. Em Asteroid City não é diferente: estão lá Tom Hanks, Scarlett Johansson, Margot Robbie, Steve Carell e o brasileiro Seu Jorge, entre outros. O resultado, no entanto, é irregular: o cineasta parece ter virado vítima dos excessos de seu próprio estilo.