Coluna

Dança das cadeiras

Crédito: Divulgação

Fufuca e Silvio Costa Filho serão ministros, mas pastas continuam indefinidas (Crédito: Divulgação)

Por Germano Oliveira, Marcos Strecker e Samuel Nunes

Lula, finalmente, bateu o martelo. Os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) serão ministros, depois do acerto do presidente com Arthur Lira, o chefão do Centrão. Foram comunicados por Alexandre Padilha na sexta-feira, 4. Só não sabem quais pastas assumirão. A definição ficou para a semana que vem, quando o mandatário volta a Brasília, depois da Cúpula da Amazônia (dias 8 e 9) e do lançamento do PAC (dia 11). O petista quer conversar com todos os envolvidos antes de mexer na equipe, para não provocar estragos no PT e no PSB, que perderão cadeiras. Fufuca quer o Desenvolvimento Social, de Wellington Dias, mas o PT não deseja perder o Bolsa Família. Silvio topa o Esporte, de Ana Moser, ou Portos e Aeroportos, de Márcio França (PSB).

Trocas

A mudança no Desenvolvimento Social seria mais fácil. O Bolsa Família iria para outro ministério do PT, e Wellington voltaria para o Senado. Com Moser é mais complicado, porque Lula não quer abrir mão de mais uma mulher, depois da troca no Turismo. França trocaria Portos por Indústria e Comércio de Alckmin, que iria para a Defesa, e Múcio sobraria.

Estatais

A negociação de Lira com Lula envolve também estatais. O PP quer a Caixa, de Rita Serrano. O presidente da Câmara quer colocar lá a ex-deputada Margarete Coelho, sua fiel escudeira. A Funasa está sendo reivindicada pelo PSD de Kassab, que já
tem três ministros. Fala-se que o Centrão quer avançar até na Petrobras, onde Jean Paul Prates balança.

Boulos racha o PT

(Suamy Beydoun)

O lançamento da candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) para prefeito de SP em 2024 pelo PT, rachou o partido. A decisão foi de Lula, para honrar compromisso assumido com o líder sem-teto quando ele deixou de disputar no ano passado o governo de SP para dar espaço a Haddad. O vice será petista, mas não há consenso. Jilmar Tatto, secretário de Comunicação da sigla, promete brigar por candidato próprio.

Retrato falado

Lula: “Aprendi com a minha mãe a não ter medo de cara feia” (Crédito:Ricardo Stuckert)

Ao chegar de carro blindado a evento em Parintins (AM), na sexta-feira, 4, após ter recebido ameaças de morte por parte de um fazendeiro em Belém e de um vigilante em Santarém, ambas no Pará, Lula mostrava-se tranquilo no evento em que relançou o programa Luz para Todos. Ele mesmo tomou a iniciativa de abordar o assunto, afirmando que os dois suspeitos já haviam sido presos pela PF. “Se eu tivesse medo, não tinha nascido e não seria presidente da República”, disse.

Sem autonomia?

Desde que assumiu o governo, Lula vinha batendo diariamente em Roberto Campos Neto por causa da Selic mantida em 13,75% durante muito tempo. O objetivo era conter a inflação, que estava acima da meta. Até de bolsonarista foi chamado. Escudado pela autonomia da instituição aprovada pelo Congresso, o presidente do BC, que não pode ser demitido até 2024, mantinha a política monetária com critérios técnicos. As pressões foram tantas que na última reunião do Copom, já com a presença de dois diretores indicados por Lula, os juros caíram 0,50, quando poderiam ter sido reduzidos em apenas 0,25. Fica a pergunta: a autonomia do BC foi abalada de alguma forma?

Toma lá dá cá

Entrevista com Fabiano Contarato, líder do PT no Senado

Fabiano Contarato, líder do PT no Senado (Crédito:Divulgação)

A Reforma Tributária passará no Senado como veio da Câmara?
O Senado vai cumprir o seu papel revisor, analisando a proposta com olhar atento também para as medidas compensatórias, para que seja uma reforma justa para toda a sociedade.

A entrada do Centrão no governo destoa do que foi prometido na campanha?
Lula nunca deixou de ouvir quem pensa diferente. O que existe é um presidente que representa a volta da estabilidade democrática e institucional.

O acordo pode atrapalhar a aprovação de propostas ligadas aos direitos humanos?
A falta de diálogo sobre pautas voltadas aos direitos humanos se dá, muitas vezes, porque temos um Congresso sem diversidade, formado, em sua maioria, por homens brancos e ricos.

Mulheres no STF

O presidente tem sido pressionado, inclusive por Janja, a indicar uma mulher para o lugar de Rosa Weber, que deixa o STF no fim do mês que vem. Nomes é o que não lhe faltam, a começar pela desembargadora Simone Schreiber (TRF-2). Mas está surgindo um nome fortíssimo: Caroline Proner (foto), casada com Chico Buarque de Hollanda. Outra é Dora Cavalcanti.

(Divulgação)

Os mais cotados

Nos corredores do Planalto, contudo, os nomes mais fortes são os de quatro homens: Jorge Messias (AGU), Bruno Dantas (TCU), Flávio Dino (Justiça) e Luiz Felipe Salomão (STJ). Não necessariamente nessa ordem. Por coincidência, os quatro ficaram sentados, um ao lado do outro, na primeira fileira do plenário do STF durante a posse de Zanin.

Gonet larga na frente para a PGR

(Jefferson Rudy)

Paulo Gonet leva vantagem na corrida pela chefia da PGR, que ficará vaga com a saída de Aras em setembro. O procurador eleitoral, recomendado a Lula por Alexandre de Moraes, tem apoio ainda de Gilmar Mendes e Flávio Dino. Correm por fora Antonio Carlos Bigonha, além de Luíza Frischeisen e Mário Bonsaglia, cabeças da lista tríplice da ANPR, que Lula já disse que não acatará.