Ensino jurídico

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Luiz Fernando Amaral: "Imaginar um professor autocentrado em sua noção de autoridade tende a ser desestimulante" (Crédito: Divulgação)

Por Luiz Fernando Amaral

A escolha de um curso superior ainda é um dos dilemas com os quais se depara a juventude. A acelerada dinâmica das relações sociais, o imediatismo e o ritmo frenético do mundo virtual impõem desafios cada vez maiores para aqueles que têm que escolher e para instituições e mestres com atribuição de ensinar.

No âmbito do ensino jurídico, essa nova realidade é revolucionária. O clássico modelo de aulas expositivas baseadas unicamente na legislação não é capaz de manter os alunos entretidos. Se ensinar disciplinas dogmáticas sem ter por base a lei é algo impensável, limitar-se a isso é insuficiente.

Imaginar um professor autocentrado em sua noção de autoridade tende a ser desestimulante. Mais do que autoridade, legitimidade é essencial em sala de aula. Mestres devem dinamizar o modelo didático, propiciar maior interação com e entre alunos, humanizar o ambiente de ensino superior e ressignificar a missão de ensinar, por meio da qual muito se aprende. Mas o que isso significa no campo do ensino jurídico?

Dinamizar a didática é materializar o conteúdo por meio de exemplos dotados de atualidade. Para que isso seja possível, o professor tem que compreender qual a realidade próxima de seus alunos. Se não se preocupar com essa aproximação, pode até exercer o poder de reprovar, mas dificilmente sentirá a satisfação de ensinar. A atualidade dos casos analisados anima o estudo.

Se ensinar disciplinas dogmáticas sem ter por base a lei
é algo impensável, limitar-se a isso é insuficiente

Aumentar a interação passa por estimular o contato com a experiência profissional. Não basta o estágio jurídico. É preciso que os estudantes se aproximem da realidade que enfrentarão. Isso pode ocorrer por meio de palestras e lives com profissionais renomados, de trabalhos em prol da comunidade e até mesmo de grupos de estudo orientados por professores que mesclam diversos desses mecanismos.

Humanizar o ambiente de ensino requer disposição para estabelecer uma verdadeira comunidade acadêmica. O contato entre mestres, alunos e ex-alunos é fundamental, pois permite a continuidade desse pertencimento. Para além dele, deve-se compreender que a legitimidade reciprocamente conquistada tem por fundamento a capacidade de conviver e respeitar o outro.

Ressignificar o ensino jurídico passa por todos os fatores anteriores. O uso das novas tecnologias, a indispensável inclusão digital, a valorização da aprendizagem ativa e da interdisciplinaridade são algumas ferramentas aptas à promoção desse novo modelo. Nada disso deve assustar os profissionais que realmente se realizam em sala de aula. Para eles, parte da satisfação reside nessa constante capacidade de reinvenção. Mãos à obra!