Coluna

Lula refém de Lira

Crédito: Aloisio Mauricio

Lira: o manda-chuva do governo Lula? (Crédito: Aloisio Mauricio)

A constatação de grãos-petistas fora do Governo é de que Lula da Silva perdeu o timing na transição do Governo. Com receio de abrir a gestão sem governabilidade, entregou tudo ao então deputado bolsonarista Arthur Lira. Não adianta agora culpar articulação de Alexandre Padilha nas derrotas na Câmara. Lira manda no Governo hoje. E no Congresso.

Deu água no negócio do Leite

O governador Eduardo Leite (RS) tenta destravar batalha judicial sobre a privatização da companhia de saneamento, a Corsan, que só em aplicações o faz perder R$ 1,5 milhão/dia. A empresa foi vendida por R$ 4,5 bilhões em dezembro para a AEGEA, mas o Sindiágua, dos funcionários, conseguiu liminares para impedir o negócio. Alega que o preço foi subvalorizado e não há plano claro de manutenção dos funcionários, ou para demissão voluntária. Aponta que em outros países negócios do tipo estão sendo revertidos. A assessoria da AEGEA informa que “está pronta para fazer os pagamentos e investimentos previstos no processo de desestatização”.

O QG não oficial do golpe

Não é segredo mais para a Polícia Federal. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, não tocou no assunto em seu depoimento nessa semana, mas uma fonte da coluna garante que investigadores já sabem de um “quartel-general extraoficial” para a tentativa de armar um golpe impendindo a posse de Lula da Silva. Segundo relatos, após a derrota no 2º turno da eleição, assessores do então presidente Jair Bolsonaro visitaram por algumas noites um importante ministro palaciano em seu apartamento no bairro do Sudoeste, a poucos quilômetros da Esplanada, a portas bem fechadas. Os celulares eram deixados em caixa com um ajudante na portaria. Não houve participação de integrante da cúpula das Forças, mas em duas delas oficiais de alta patente apareceram. A única pauta era buscar, na Constitução, ou até fora “das quatro linhas”, argumentos e planos para evitar a posse de Lula como presidente da República. A turma aloprada se desmobilizou quando Bolsonaro decidiu viajar para Orlando.

Asseclas de Bolsonaro se reuniram em apartamento de então ministro no bairro Sudoeste para tramar um plano que impedisse a posse de Lula

Olhem só quem apareceu no Conselhão

Emerson Kapaz: denunciado pelo Ministério Público Federal na Operação Sanguessuga da PF (Crédito: Sergio Andrade)

A formação final do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável do Governo, o famoso Conselhão, parece não ter passado pelo crivo da Agência Brasileira de Inteligência, tão atenta à ficha de quem adentra as portas palacianas. Entre os nomeados está um ex-deputado federal bem visado, Emerson Kapaz, denunciado pelo Ministério Público Federal na Operação Sanguessuga da PF, aquela que investigou o desvio de verbas na compra de ambulâncias. Da turma da ambulância, ele partiu para a bomba de gasolina: o ex-deputado Kapaz é, atualmente, o presidente do Instituto Combustível Legal (ICL).

O desafio da sintonia pública

Ministro Paulo Pimenta: coordenação da comunicação do Planalto Política (Crédito: Ettore Chiereguin)

Depois de desencontros em público, desmentindo ministros, o presidente Lula da Silva se convenceu de que é preciso estruturar melhor a área de comunicação do Planalto. A ideia é que Paulo Pimenta assuma efetivamente a coordenação. Isso ainda não ocorreu por responsabilidade do próprio presidente, que tem priorizado agendas internacionais para limpar seu nome. A ideia é nomear mais um jornalista experiente para ajudar Pimenta na coordenação junto a ministérios. E há especulação entre portas de Brasília de que Edinho Silva, prefeito de Araraquara, voltará ao Palácio em 2024.

Da foice nas cercas ao plenário

O clima é tenso na Câmara com a CPI do MST. Em especial para dois deputados do PT da Bahia, que temem ser citados por ligação com os movimentos: Valmir Assunção, ex-sem-terra, e Ivoneide Caetano, ambos eleitos no rastro de votos vindos, também, de invasões a fazendas no Sul da Bahia.

A terra é dos Krenak

Os Krenak ganharam sua terra após décadas de demanda junto ao Governo. A FUNAI ofializou a demarcação sob estudo do antropólogo Rodrigo Nacif. A Terra Indígena Krenak de Sete Salões terá 16.595 hectares e perímetro de 131 km, parte às margens do Rio Doce, em Minas Gerais, na região de Conselheiro Pena, Itueta, e Santa Rita do Itueto.

Cadê nosso dinheiro?

Um grupo de aposentados da Petrobras, beneficiados do fundo de pensão da petroleira, o Petros, iniciou na terça-feira uma vigília em frente à sede em Salvador. Reclamam da mordida de até 40% do pagamento mensal para cobrir os rombos que a operação Lava Jato descobriu. E exigem repasses pendentes da empresa para o fundo.

Nos bastidores

Obsessão pelo Nobel
No cenário mundial, Lula da Silva não pensa em outra coisa que ser agraciado com o Nobel da Paz, pelo combate à fome desde 2003. Ainda se inclui na lista de pacifistas.

Só mais do mesmo
O Governo criou o Plano Nacional de Fertilizantes 2022-2050 e o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas. Com a missão de buscar soluções para o setor – o que já ocorre há décadas.

Um órgão “opositor”
A oposição ao Governo de Lula da Silva insiste em indicar a Agência Nacional de Telecomunicações como o órgão fiscalizador do projeto de lei das fake news. É que todos conselheiros atuais, com mandato, foram nomeados por Jair Bolsonaro.

Cultura nacional

A conta virá alta para patrocinadores. A Lei 14.567 sancionada por Lula reconhece escolas de samba como manifestação da cultura nacional – “seus desfiles, sua música, suas práticas, suas tradições”.