Cultura

Precisando de adrenalina? Tom Cruise tem a resposta

Em 'Missão Impossível: Acerto de Contas', o astro Tom Cruise eleva os filmes de ação a outro patamar. Não apenas pelas sequências de tirar o fôlego, mas porque faz arriscadas cenas sem dublê

Crédito: Paramount Pictures and Skydance

Tom Cruise, voando em manobras de speedflying: diretor Christopher McQuarrie teve de criar novas formas de filmagem para mostrar que era o próprio ator, sem substituto (Crédito: Paramount Pictures and Skydance)

Por Felipe Machado

Quem pensava já ter visto tudo em termos de filmes de ação pode esquecer. Missão Impossível: Acerto de Contas eleva esse conceito a outro patamar. Há coisas que já vimos antes, como perseguições incríveis em cenários deslumbrantes e lutas de tirar o fôlego. Mas o grande diferencial aqui é humano: nenhum astro de Hollywood teve a coragem de fazer o que Tom Cruise faz ­— e sem dublês. O protagonista Ethan Hunt permite a Cruise exercitar seu lado de super-herói e descarregar a adrenalina para valer. Nos episódios anteriores da franquia, ele já escalou o Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, em Dubai, e voou preso a uma fuselagem de avião (pelo lado de fora). Em seu novo filme, porém, ele ultrapassa qualquer limite razoável.

Saltando de moto (acima) e cavalgando no deserto (abaixo): perseguições incríveis e cenários deslumbrantes (Crédito:Christian Black)

Ao contrário dos colegas, Cruise exige fazer as cenas de ação sem dublê. Isso só é possível porque é ele mesmo o produtor, ou seja, quem se responsabiliza pelo seguro milionário atrelado às suas peripécias.

Para garantir que o público veja que é ele próprio nas cenas perigosas, o ator confia em Christopher McQuarrie. O diretor e roteirista foi seu parceiro nos bem sucedidos Nação Secreta (2015) e Fallout (2018), que arrecadaram mais de US$ 100 milhões na bilheteria.

Entre as acrobacias da nova produção, a mais impressionante é seu salto de speedflying, manobra radical em um mini-paraquedas realizada em alta velocidade e em locais de difícil acesso — nas encostas dos Alpes austríacos, nesse caso. “Eu queria dar ao público a sensação de voar”, afirmou Cruise, que treinou três anos para fazer a cena.

“O desafio dos filmes de ação é esconder o fato de que o ator não está realmente realizando a acrobacia e que um dublê está fazendo isso por ele.”
Christopher McQuarrie, diretor e roteirista

“O que acontece aqui é o oposto. Temos um ator que faz suas cenas e temos de desenolver a metodologia capaz de filmá-las”, completa o diretor.

Se Harrison Ford valeu-se da inteligência artificial para rejuvenescer em Indiana Jones: A Relíquia do Destino, Cruise opta pelo caminho inverso também no enredo.

Nessa trama, a tecnologia é a vilã. Batizada de “Entidade”, ela não é representada por robôs assustadores ou androides humanizados, como já cansamos de ver. O personagem é parecido com o ChatGPT, mas que se rebelou e fugiu do controle.

Junto com seu time Benji Dunn (Simon Pegg) e Luther Stickell (Ving Rhames), Ethan Hunt recebe a missão de encontrar uma chave que desliga o código da tal “Entidade”.

Embora um pouco infantilizado em alguns trechos ­— os personagens explicam o enredo de forma excessivamente didática, por meio de perguntas e respostas —, o roteiro tem um formato clássico.

Mocinhos e vilões passam o filme inteiro correndo atrás de alguma coisa que outros personagens possuem. O que torna, então, Tom Cruise tão especial? Em primeiro lugar, o carisma.

É um dos últimos atores que brilham à moda antiga, um daqueles rostos que nos fazem sair de casa para vê-lo em uma tela gigante. É o homem que “salvou o cinema”, nas palavras de ninguém menos que Steven Spielberg, ao bancar a produção de US$ 170 milhões em Top Gun: Maverick, que faturou US$ 1,5 bilhão apenas com as bilheterias.

Lembrando que Missão Impossível: Acerto de Contas é apenas a Parte 1. A continuação chega em 2025 ­­— imagine o que vem por aí.

Outra característica que a franquia garante é a participação feminina. A presença das mulheres segue formato oposto ao das Bond Girls, que atuavam apenas como belas coadjuvantes nos filmes de 007. As excelentes Hayley Atwell (Grace) e Rebecca Ferguson (Ilsa), nos papéis de uma trapaceira e uma agente, respectivamente, são essenciais na trama e mantêm, ambas, uma relação curiosa com o herói.

Vivem o maior clima de romance com o protagonista, mas não há uma única cena de beijo. Pelo jeito, o amor é perigoso demais — até mesmo para Ethan Hunt.

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