A sinuca de Lula
Por Germano Oliveira
O presidente está numa sinuca de bico, como se diz no jogo de bilhar. A sua popularidade no terceiro mandato nunca foi tão baixa e ele precisa fazer alguma coisa para mudar esse cenário, caso queira disputar a reeleição em 2026 ou mesmo fazer o sucessor. O próprio presidente e os ministros palacianos, com auxilio de pesquisas como a da Quaest, mostraram que Lula perdeu apoio popular sobretudo por conta da alta dos preços dos alimentos. Os pobres estão pagando a comida com reajustes na faixa de 8% a 10%, muito acima da inflação oficial de 4,83%. Uma bordoada. O governo estuda reduzir impostos de importação para alimentos, mas Haddad não admite subsídios para o setor. Rui Costa (Casa Civil) afirma que não haverá tabelamentos ou congelamentos de preços. Então, o que fazer?
Fiscais
Costa já explicou que ao contrário do que aconteceu no passado, desta vez não haverá “fiscais de Lula” nos supermercados. Isso nunca deu certo no Brasil. Os dirigentes do agro afirmam que reduzir impostos de alimentos importados é tiro no pé, pois os agricultores se sentirão desestimulados e o País não tem estoques reguladores como já teve.
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Antes de o governo definir as normas que sustentarão esse plano para reduzir preços da comida e resgatar a importância do Pix, abalada com trapalhadas de Haddad de que poderia se taxar os usuários do sistema, o novo ministro da Secom, Sidônio Palmeira, trabalha na campanha publicitária de R$ 50 milhões para convencer o povo de que tudo vai bem.
Advertência nordestina
Os próprios petistas estão deixando o presidente no corner. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), disse, em entrevista ao Globo, que a queda de popularidade do mandatário é grande no Nordeste e que ele não tem o apoio total dos eleitores da região para a reeleição em 2026. Ela mostra que Lula precisa reverter esse quadro intensificando obras do governo nos estados nordestinos.
Rápidas
● Enquanto desenha o novo ministério com mais espaço para os partidos de centro, Lula continua reforçando a posição de petistas da ala mais radical da legenda. O presidente disse à Gleisi Hoffmann, presidente do PT, que ela deverá ser ministra, na Secretaria-Geral da Presidência.
● Com a elevação de 1% na taxa de juros na última quarta-feira, 29, as empresas e os consumidores deverão sofrer com a restrição de créditos e desta vez Lula não pode reclamar: Gabriel Galípolo foi indicado por ele.
● Marcio Pochmann (IBGE) está com o cargo a prêmio. Ele vem enfrentando críticas de servidores do órgão, especialmente após a criação pouco transparente de uma fundação. Governo cancelou a entidade, mas ele é amigo de Lula.
● Lula e Haddad não têm do que reclamar. A arrecadação federal de R$ 2,65 trilhões em 2024 bateu recordes históricos. Os mais ricos pagaram mais, com a taxação de fundos exclusivos e offshores em paraísos fiscais.
Retrato falado
Magda Chambriard, presidente da Petrobras, nega que esteja sob pressão quanto à necessidade de aumento no preço dos combustíveis, afirmando que não há ingerência do governo para manter os derivados de petróleo sem reajustes. Segundo a empresa, a alta de 7,1% na gasolina neste dia 1º de fevereiro aconteceu por conta de acertos no ICMS, mas novos aumentos não são descartados para equiparar os preços da estatal brasileira aos valores do mercado internacional do petróleo.
Os riscos da COP30
Como se sabe, a COP30 será realizada, em novembro, em Belém (Pará), com o objetivo de superar os entraves da última reunião da Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas ocorrida no final do ano passado em Baku, capital do Azerbaijão. Na plenária da Ásia, os países ricos não cederam às pressões para alocar mais dinheiro nos países pobres para que eles pudessem enfrentar os danos ao meio ambiente. Mas, a nove meses da abertura do evento em Belém, as preocupações dos cientistas não se limitam à falta de recursos, mas passam a ser também quanto à capacidade hoteleira para hospedar mais de 40 mil pessoas que virão de 190 países filiados à ONU.
Cruzeiros
Por mais que Belém tenha se transformado num canteiro de obras, como sedes para fóruns de debates, o que mais preocupa os governos estadual e federal é concluir hotéis para acomodar tanta gente. Os organizadores da COP30 estão lançando mão até de grandes navios de cruzeiro para servir habitação.
Mulheres no paredão
Cida Gonçalves (foto) está na corda bamba no Ministério das Mulheres. É que a Comissão de Ética da Presidência está investigando denúncias de servidores da pasta contra ela, acusada de assédio moral e xenofobia no ministério. Os relatos foram enviados para apuração também à Controladoria-Geral da União (CGU). As denúncias podem derrubá-la do cargo.
Outros implicados
Além da ministra, foram denunciados Maria Helena Guarezi, secretária-executiva; Dyleny Alves da Silva, corregedora; e Carla Ramos, diretora de Articulação Institucional. Vale lembrar que recentemente Lula demitiu o então ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, por ter assediado sexualmente a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial).
Discórdia na direita
O senador Marcos Pontes (PL-SP) entrou em rota de colisão com os líderes do partido, especialmente Bolsonaro. À revelia do ex-presidente, o astronauta lançou sua candidatura a presidente do Senado para concorrer com Davi Alcolumbre (União-AP), o nome de consenso não só da legenda de Valdemar Costa Neto, mas de todo o Congresso. Pontes deve ser candidato dele mesmo.
Toma lá dá cá: Alison Oliveira, do FipeZap
O que explica a alta de 7,03% no preço dos imóveis (compra) ao longo de 2024?
A alta reflete a recuperação do crescimento econômico, o aumento da demanda impulsionado pela melhora no mercado de trabalho e o poder de compra das famílias.
Quais cidades registraram maior alta no preço de compra dos imóveis?
Das 56 cidades monitoradas pelo índice FipeZap, 55 registraram valorização nos últimos 12 meses, principalmente Curitiba; João Pessoa, Salvador; Goiânia e Belo Horizonte.
O ciclo de alta da Selic impacta o preço dos imóveis?
A alta dos juros impacta o mercado e encarece o crédito imobiliário, dificultando o acesso a financiamentos. Isso aumenta a demanda por locação e aquece o preço dos aluguéis.