Chegou 2025! Viva! Viva?
Por Marco Antonio Villa
Política sempre é surpreendente. A nossa história está recheada de exemplos. Como a escrita é post factum há sempre a sedução pela racionalidade, pelo encadeamento lógico dos acontecimentos. Nada mais equivocado. Os vencedores e derrotados constroem suas versões dos fatos e de seus resultados.
O presidente Lula, entre altos e baixos, conduziu os primeiros 23 meses de governo com mais acertos do que erros. A economia foi o ponto alto. Já a articulação política foi ruim, mas devido, principalmente, a mediocridade dos seus adversários. O Lula como hábil leitor de conjuntura é coisa do passado.
Contudo, dezembro de 2024, para Lula, será um mês a ser esquecido. Uma conjunção de erros desnudou a improvisação política e a enorme dificuldade de tomar decisões com a sensibilidade adequada frente a um momento de turbulência política gerada pelo mercado. Incluindo os dois mandatos anteriores, foi o pior momento da história presidencial de Lula. E, para piorar, teve a repentina internação hospitalar que acabou gerando sérios questionamentos sobre a capacidade de ele continuar plenamente no exercício da presidência — tarefa, que, como sabemos, é extremamente estressante.
As sucessivas declarações infelizes de Lula sobre o corte de gastos públicos e sobre o câmbio, principalmente, gerou uma onda de descredito do governo, minando os esforços econômicos. Faltou falar que gasto é investimento. E, como desgraça pequena é pouco, Janja, sempre ela, uma espécie de ministra sem pasta, fez questão de discursar, caso único na nossa história, para os ministros no almoço de confraternização natalino. Deixou Musk de lado, ufa!
Já dizia Tom Jobim que o Brasil (a interpretação do nosso País, entenda-se) não é coisa para principiantes. Lula não entendeu que o tempo passa, como diria o nosso Heráclito do futebol, o locutor Fiori Gigliotti. O momento é parte do movimento da história. O desafio na política é justamente entender as mudanças da conjuntura política e de como se adaptar e, mais ainda, agir de forma original para obter resultados.
Quando observamos o movimento da política em Brasília – no otimismo juscelinista: a capital da esperança –, o cenário não é dos mais alvissareiros. A compreensão do significado da res publica é absolutamente desconhecido da ampla maioria dos parlamentares. O interesse privado é o foco, para dizer o mínimo. A eclesia ateniense ou o Senado romano são vistos – isto para aqueles que tem alguma noção do significado destes espaços – como locais de mera retórica, de ingenuidade frente aos espertalhões do centrão tupiniquim. Aqui não há Péricles ou Cícero, há sequiosos piratas que almejam saquear o erário.
2025 vai nos reservar muitas surpresas. De tédio não morremos.