A arte afetuosa de Cícero Dias: mostra no Santander expõe 42 obras
O pernambucano Cícero Dias, representante da geração modernista, ganha mostra em São Paulo. Nela exibem-se diversos e inspirados momentos de criação
Por Ludmila Azevedo
Para comemorar seus sete anos de atividade cultural, o Farol Santander apresenta a exposição Cícero Dias: com açúcar, com afeto. Sob a curadoria de Denise Mattar e consultoria de Sylvia Dias, filha do artista, são 42 obras em exibição. A trajetória do artista é revisitada, contextualizando sua história e evidenciando a profunda relação com as origens no Engenho de Jundiá, em Pernambuco, onde nasceu. O artista morou muitos anos em Paris. Na Europa, Dias cultivou amizade com Pablo Picasso, Alexander Calder, entre outros. A maior parte do acervo da mostra foi cedido por colecionadores particulares. Em evidência está a obra Cabaré (1920), exibida no Brasil pela primeira vez. O percurso circular da mostra apresenta as aquarelas oníricas da década de 1920. Exibe também as pinturas memorialistas dos anos 1930, atravessa o surrealismo da década de 1940, aponta a abstração da época de 1950, e traz sua produção dos anos de 1960 a 1990, quando Cícero Dias retorna à figuração, incorporando toques nostálgicos de 1930, acentos surrealistas da década de 1920 e as conquistas estruturais da abstração. Nas palavras da curadora, o artista “manteve-se, como poucos, fiel a si próprio. Sempre foi inteiramente livre, ousado a fazer o que queria, sem medo das críticas.”
Cores marcantes
Cícero Dias nasceu em 1907, no Engenho Jundiá, em Pernambuco. Ingressou nos cursos de Arquitetura e Belas Artes no Rio de Janeiro, sem concluí-los. Em 1928 fez uma marcante aparição no cenário artístico. Em 1937, mudou-se para Paris, onde viveu até o fim da vida, integrando-se plenamente à vanguarda artística europeia. Apesar da distância, o Brasil permaneceu presente em sua obra, assim como para seu País de origem, seu grande legado artístico. Ele morreu no ano de 2003.
Para Ler
Chega às prateleiras a antologia Florbela Espanca – Sonetos, de autoria de uma das maiores poetas portuguesas do século 19. Dona de uma lírica potente, feminina e única, ela foi uma escritora pioneira e bastante à frente de seu tempo.
Para Ver
Inspirada numa história real, a minissérie O Melhor Infarto da Minha Vida, no Disney Plus, conta a história de Ariel, um ghostwriter argentino com uma vida desordenada. Ele entra em crise quando é abandonado por sua mulher.
Para ouvir
Onde eu cheguei, está chegado é o novo disco do sambista histórico Riachão, com participações de Criolo, Martinho da Vila, Teresa Cristina e Josyara. São 10 faixas e, junto com o lançamento, entrou no ar o site do artista, com seu acervo.
Cinema
Clássico do humor
A Cinemateca Brasileira, em São Paulo, abre sua programação de 2025 com a Retrospectiva Mazzaropi, com 18 filmes imperdíveis do artista. A iniciativa celebra a finalização do projeto que digitalizou seis filmes protagonizados por ele e estão em exibição pela primeira vez ao público desde o restauro. Dentre os destaques estão Sai da Frente, Jeca Tatu e Candinho. As exibições acontecem até 9 de fevereiro e a instituição também prevê eventos em abril em Taubaté, cidade natal de Amácio Mazzaropi.
Teatro
Um palhaço pioneiro
Depois do sucesso no Rio Janeiro, o musical Benjamim, O Palhaço Negro chega a São Paulo onde cumpre temporada no Espaço Parlapatões até o dia 26 de fevereiro. O espetáculo celebra a vida e obra de Benjamim de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil. Nascido no final do século 19, ele foi um artista múltiplo dos palcos, picadeiros e cinema. A peça tem texto e direção de Tauã Delmiro e direção musical de Thalyson Rodrigues. Em cena estão seis atores que dão vida a inúmeros personagens que permearam a história de Benjamim.
Artes plásticas
Luisa Strina abre programação
As mostras de fotos do brasileiro Caetano de Almeida e do colombiano Gabriel Sierra abrem o calendário 2025 da galeria Luisa Strina, em São Paulo. A abertura será no dia 1º de fevereiro. Caetano de Almeida mergulha na memória histórica e na tradição artística, inspirando-se em recente viagem a Roma. Já Sierra apresenta um conjunto inédito de obras que investigam a relação entre imagem e objeto, questionando onde reside a verdadeira substância de uma imagem: no objeto físico, na representação fotográfica ou na percepção do observador.
Show
Um artista icônico
O cantor Marcos Valle realiza uma série de apresentações no Blue Note em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, o segundo show será no dia 6 de fevereiro. Já no Rio de Janeiro, o artista sobe ao palco em 1º e 8 de fevereiro. Com mais de 60 anos de carreira e o ícone da Bossa Nova, Marcos Valle se apresenta na casa com um repertório marcado por clássicos inesquecíveis da sua carreira. O músico é compositor, arranjador, instrumentista e intérprete, autor de mais de 1.200 músicas.