2024 foi o ano mais quente na história da humanidade
Por Antonio Carlos Prado
Cerca de três bilhões de pessoas em todo o mundo, o equivalente a quase 40% da população global, sofreram os efeitos do recorde de temperaturas muito altas que se manifestaram em 2024. É isso o que aponta o estudo do Centro Climático norte-americano Berkely Earth. Foi uma média anual jamais registrada e, pela primeira vez na história da humanidade, o aquecimento da Terra em relação aos níveis pré-industriais ultrapassou 1,5 graus Celsius. Ambientalistas e pesquisadores de mudanças climáticas fixaram 1,5 graus como a fronteira entre o muito ruim e o caos completo, entre o desesperador e a deterioração do planeta. Feito o Acordo de Paris, essa meta se perdeu na marcação de 1,6 graus. No ano que acaba de se encerrar, números do Observatório Copernicus, da União Europeia, e de diversos e conceituados institutos cravaram que a temperatura média da Terra foi de 15,10 graus Celsius. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, também houve recorde de calor. Aqui e na maioria dos demais países, cada um dos trezentos e sessenta e seis dias de 2024 teve o surpreendente aquecimento acima de 1,25 graus Celsius.
IDEOLOGIA
Candidata a premier da Alemanha ganha apoio de Elon Musk
Durante décadas, a economista alemã Alice Weidel, 45 anos, fluente em mandarim, trabalhou na iniciativa privada. De repetente, e sem dar nenhuma explicação crível, abandonou aquela que já era uma brilhante carreira. Sumiu. Também de repente, reapareceu na televisão com discursos radicais, preconceituosos e belicistas. Pois bem, Weidel filiara-se ao partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (Afd), e agora, liderando essa legenda, ela é candidata à primeira-ministra de seu país. Weidel acaba de ganhar o mais forte cabo eleitoral do planeta: o bilionário Elon Musk, que segue em sua cruzada contra homens públicos, governantes e políticos da União Europeia que ideologicamente sejam de centro ou centro esquerda. No X, a sua rede social, Musk a teve como convidada especial para um programa ao vivo de entrevista. Ele fez a sua conservadora análise política. Disse que os norte-americanos votaram por mudanças (leia-se: elegeram Donald Trump para a Casa Branca) e que agora chegou a vez de a Alemanha também optar nessa direção. Quanto à entrevistada Alice Weidel, ela repetiu aquilo que vem dizendo atualmente — que o ditador nazista Adolf Hitler era comunista e que a ex-premier Angela Merkel aniquilou a economia da Alemanha.
GUERRA
O frágil acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas
Depois de quatrocentos e sessenta e sete dias de guerra, que mataram pelo menos cinquenta e seis mil pessoas entre civis e militares, mulheres e homens, adultos e crianças, o mais longevo conflito armado entre Israel e países vizinhos no Oriente Médio está com uma fresta aberta para a paz. O governo israelense e o grupo terrorista Hamas aquiesceram na quarta-feira 15 com um projeto de cessar-fogo, previsto inicialmente para durar seis semanas, que vigora a partir do domingo 19. A origem do confronto está no covarde ataque do Hamas a um acampamento de judeus, em outubro de 2023, no qual os terroristas tomaram cerca de mil e duzentos reféns. Foram peças vitais no tabuleiro do acordo o governo dos EUA, do Egito e, sobretudo, do Qatar. Donald Trump, em redes sociais, pressionou o premier israelense, Binyamin Netanyahu, a aceitar o cessar-fogo. A extrema direita estrilou. Às vésperas de sua posse, Trump tentou (ou não seria Trump) capitalizar todos os louros. Não deu, mas ele fez uma ponta de figurante nesse filme de horror.
A nução envolve três fases:
● na primeira, o Hamas deverá liberar trinta e três reféns, e Israel terá de soltar mil prisioneiros palestinos.
● Na segunda etapa, segue a troca de reféns por presos, e Israel se compromete a iniciar a retira de soldados da Faixa de Gaza.
● Finalmente, virão a entrega dos corpos de reféns assassinados e a reconstrução da Faixa de Gaza (US$ 40 bilhões, mas não se falou em quem pagará a conta).
Em Israel, simpatizantes e militantes da extrema direita, ossaturas de sustentação de Netanyahu, estão contrários ao cessar-fogo porque exigem o extermínio do Hamas. E, agora, também clamam pela troca de premier. Na verdade, a construção do cessar-fogo foi frágil. Mas serão, pelo menos, quarenta e dois dias sem mortes.