Avanço da energia solar coloca o Brasil ao lado das grandes potências
Por Beto Silva
RESUMO
● Com 50 gigawatts de capacidade instalada, País já é o sexto no ranking global do setor
● Volume equipara o País a grandes potências como China, Estados Unidos, Alemanha, Índia e Japão
Oitava maior economia do mundo, o Brasil possui alguns indicadores que fazem o País se destacar inclusive das nações mais avançadas do planeta. É um dos maiores exportadores de soja, frango e suco de laranja do globo, o quarto maior vendedor de madeira, segundo maior exportador mundial de minério de ferro, líder na produção de açúcar e derivados da cana, celulose e frutas tropicais. Na maioria desses setores, a relevância brasileira é história, ocorre há décadas. Mas há novas linhas de negócios que têm surgido e que já colocam o Brasil entre os principais do mundo. Uma delas é a energia fotovoltaica. É o sol fazendo o País brilhar aos olhos internacionais.
No final de novembro, o Ministério de Minas e Energia (MME) celebrou a conquista histórica do Brasil de 50 gigawatts (GW) de capacidade instalada operacional em energia solar, abrangendo tanto a micro e minigeração distribuída (MMGD) quanto a geração centralizada. A informação foi divulgada pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Com o alcance dessa marca, o País chegou à sexta posição no ranking global, ao lado de grandes potências como China, Estados Unidos, Alemanha, Índia e Japão.
Uma conquista que reafirma o compromisso brasileiro com a sustentabilidade e a transição energética, que além de garantir eficiência na geração a partir de fontes limpas, garante a segurança energética, promove empregos e fomenta a inovação tecnológica.
● De acordo com dados da Absolar, desde 2012, o setor fotovoltaico no Brasil já atraiu R$ 229,7 bilhões em investimentos, além de gerar mais de R$ 71 bilhões em arrecadação para os cofres públicos.
● A energia solar já representa 20,7% da capacidade instalada da matriz elétrica brasileira.
● É a segunda maior fonte de geração do País, atrás apenas da hidrelétrica. E contia avançando.
Dos 10,3 gigawatts de nova potência instalada no País até novembro, 90,14% são oriundos de fontes renováveis, com destaque para a solar fotovoltaica, com mais da metade (51,18%). Apenas neste ano, 281 usinas entraram em operação em 17 estados brasileiros, sendo 136 solares fotovoltaicas.
229 bilhões de reais foram investidos no setor fotovoltaico desde 2012, segundo a Absolar
Jaques Paes, professor de MBA de ESG e Sustentabilidade da FGV, pondera que, apesar do desenvolvimento do setor, há desafios a serem superados. “Devemos comemorar os avanços, mas de forma comedida. Temos de ter foco também no descarte, reutilização e redesenho das placas, por exemplo”, disse o especialista, ao observar ainda que há questões a serem expandidas, como legislação, tributação e conexão ao grid. “É preciso envolver todo o ecossistema nessa transição energética. As placas são feitas de alguns minérios, e a mineração utiliza fonte fóssil de energia. A cadeia necessita estar mais alinhada.”
PROJETOS
Entre os maiores projetos em operação no Brasil está o Complexo Solar Janaúba, localizado no norte de Minas Gerais. É o maior parque de energia solar do Brasil e, mais do que isso, do Hemisfério Sul do globo. Foi inaugurado em julho de 2023 pela empresa Elera Renováveis, do grupo canadense Brookfield Asset Management. Tem capacidade instalada de 1,6 GWp, energia suficiente para abastecer 1,8 milhão de residências. Com 2,9 milhões de módulos solares, os 20 parques instalados ocupam uma área equivalente a 5,5 mil campos de futebol.
Outro grande projeto de energia solar do País é o Cluster de Serra Branca, da empresa de origem francesa Voltalia. Localizada no Rio Grande do Norte, é um site misto, com produção de energia eólica e fotovoltaica. São 975 mil painéis solares.
Se o País avança na geração de energia solar, o mesmo ocorre com a produção autônoma. O Brasil atingiu recentemente a marca de 3 milhões de sistemas fotovoltaicos instalados em telhados, de acordo com levantamento da Solfácil, maior ecossistema de energia solar da América Latina, com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Desses, 2,3 milhões são em residências (2% do total de 91 milhões de imóveis). “É um marco histórico para o setor. A energia solar está permitindo que consumidores troquem suas contas de luz para uma fonte energética mais limpa, econômica e com impacto sustentável”, disse Fabio Carrara, CEO e fundador da Solfácil.