O Pentágono jamais será o mesmo
Por Antonio Carlos Prado
O governo de Donald Trump na Presidência dos EUA sequer começou, mas, dia sim outro também, o anúncio de seu secretariado causa temores, perplexidades e espanto na população norte- americana. Em diversos de seus correligionários republicanos o descontentamento com os nomes é indisfarçável. Em relação ao último deles, até questionou-se nos bastidores da legenda a integridade mental do presidente eleito. E não é para menos. A chefia do Departamento de Defesa dos EUA é um dos cargos de maior responsabilidade do planeta, a exigir excelente estatura intelectual e incolumidade moral de quem o exerce. Acredite quem quiser, mas Trump optou por Pete Hegseth, apresentador da Fox News, para quem a função é totalmente estranha. Não bastasse isso, tornou-se pública uma acusação de estupro contra Hegseth. O indicado tem de ter aprovação do Congresso e pelo menos quatro senadores republicanos já adiantaram que votarão contra. Isso fez com que Trump cogitasse substituí-lo pelo direitista radical Ron DeSantis, governador da Flórida. Ainda que Trump volte atrás na decisão, somente o fato de ela ter existido já justifica a avaliação psiquiátrica.
AVENTURA
O homem que mora no mar
Uma cápsula acoplada a uma casa bastante futurista e, no interior delas, mora confortavelmente há dois meses o engenheiro aeroespacial alemão Rüdiger Koch. Está tudo instalado diante da costa do Panamá. Profundidade? Onze metros no Mar do Caribe. Koch pretende ficar lá por mais sessenta dias. Seu objetivo: demonstrar que é possível viver muito bem e com conforto, atualizando-se e trabalhando, mesmo submerso. Sonha também em ingressar no Guinness World. “Mudar para o oceano é o que todos deveriam fazer”, diz ele. Sua casa aquática tem trinta metros quadrados, cama, televisão, computador, internet, bicicleta ergométrica, ventiladores e vaso sanitário portátil. Ah, e onde Koch está, está também o seu livro predileto. Qual o nome da obra? Fácil, fácil adivinhá-lo: Vinte Mil Léguas Submarinas, de Júlio Verne. Chega-se à sua residência em quinze minutos, de barco a motor, a partir de Linton Bay.
SEGURANÇA
Tarcísio tem de provar que o seu mea culpa é sincero
Dados do Ministério da Justiça: em São Paulo, desde que Tarcísio de Freitas assumiu o governo, a letalidade policial por 100 mil habitantes cresceu do nível de 0,9 ao patamar de 1,8 — e ele sempre deu de ombros ou justificou a truculência de alguns policiais militares com frases evasivas. O ápice criminoso dessa situação deu-se recentemente quando um soldado arremessou de uma ponte um jovem preso. Diante da selvageria, Tarcísio mudou de discurso e deixou público o arrependimento de ter sido, até aquele momento, contrário ao uso de câmeras corporais no fardamento de PMs, o que proporciona maior segurança à sociedade. Se o mea culpa for sincero, parabéns ao governador; se for mera estratégia política, coitados de nós. Palavras são palavras e, nesse caso, palavras não são suficientes. Tarcísio tem de agir, e o primeiro passo rumo à formação de uma polícia que transmita confiança e atue dentro dos limites constitucionais estabelecidos pelo Estado de Direito é a demissão do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite — ele próprio um PM que, em diversas ocasiões, já deixou claro, publicamente, que se orgulhava de seu modo inadequado de agir. Tarcísio precisa (e é para já) cortar esse laço. Como policial e deputado integrante da chamada “bancada da bala”, Derrite defendeu a violência (quanto maior, melhor) no combate à criminalidade. Agora, enredou o governador em diversos fatos cujos autores serão condenados pelo Tribunal Penal Internacional, na Holanda. Somente a demissão do secretário vai mostrar que o pedido de desculpas de Tarcísio aos paulistas são palavras sinceras e não recheio de oportunismo no jogo político.