A Semana

ONU abre seu relatório sobre o verdugo Nicolás Maduro – crianças foram executadas

Crédito: Matias Delacroix

Nicolás Maduro: terror como política de Estado (Crédito: Matias Delacroix)

Por Antonio Carlos Prado

Entre setembro de 2023 e agosto passado, uma Missão Independente da ONU acompanhou a situação dos direitos humanos na Venezuela — e como o presidente do país, o ditador Nicolás Maduro, tem tratado da questão. Fez-se extenso relatório. Um trecho do documento, na última semana tornado público pela ONU, deve ser lido por líderes de outras nações que ainda hesitam em dizer claramente que na Venezuela o terror é política de Estado: “O governo intensificou os esforços para esmagar toda a oposição pacífica ao seu domínio. Mergulhou o país em uma das mais agudas crises humanitárias. É um plano continuado e coordenado para silenciar, desencorajar e esmagar a oposição”. Alguns números confirmam as palavras. Entre dezembro de 2023 e março de 2024, quarenta e oito pessoas foram detidas acusadas de “golpismo”. Em julho, mês das eleições, esse número de encarcerados chegou a cento e vinte. Em uma semana, foram presas duas mil pessoas, dentre elas cem menores de idade e deficientes, Pelo menos vinte e cinco pessoas acabaram assassinadas, a maioria delas jovens pobres. Duas crianças também foram executadas. O governo da Argentina pediu na semana passada a prisão de Maduro por crime contra os direitos humanos. Maduro, por sua vez, requereu a prisão do presidente argentino Javier Milei.

EUA
Eis Mark Robinson, defensor da escravatura. Pretende governar a Carolina do Norte

Mark Robinson: ele se diz, segundo a CNN, um “negro nazista” (Crédito:Grant Baldwin)

Para o ex-presidente Donald Trump, conquistar o colégio eleitoral da Carolina do Norte é lance fundamental no intrincado xadrez de sua campanha para a Casa Branca. O jogo acaba de se tornar ainda mais difícil. Amigo de Trump, correligionário no partido Republicano e candidato a governador nesse estado norte- americano, Mark Robinson cultiva posições ideológicas tão retrógradas que chegam ao ponto da defesa da escravatura. Uma série de comentários, péssimos e incontornáveis, foi divulgado pela rede CNN. Robinson os teria feito em um site pornográfico entre 2008 e 2012. O candidato afirmou, segundo a CNN, considerar-se um “negro nazista”. Em outra ocasião, declarara por escrito um absurdo ainda maior: “Se a escravidão retornasse, eu compraria um escravo”. A CNN alertou que demais falas de Robinson eram tão ofensivas que não poderiam ser publicados. Robinson também acrescentou em seu currículo insultos a pessoas transgênero comparando-as com “adoradores do diabo”. Organizadores da campanha de Trump cancelaram a presença de Robinson nos palanques do ex-presidente. Já os fortes laços, que sempre os uniram, isso não há como desatá-los.

COMPORTAMENTO
De fake news, quando é demais, o prezado público desconfia

Trump: Napoleão de hospício (Crédito:Andrew Leyden)

Por desespero de campanha eleitoral, ou por radicalismo de extrema direita ou por loucura irreversível que está se agravando – também valem as três causas juntas –, o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, perdeu a noção de que fake news demasiadamente exagerada deixa de cumprir sua função de desinformar quem a escuta e ajudar quem a espalha — vira palhaçada. É o que ocorre com estultice que Trump declarou na semana passada: os imigrantes haitianos, segundo ele, estão comendo os animais de estimação dos norte-americanos. Como é conhecido em todos os EUA e no mundo o ódio que Trump nutre pelos imigrantes, ele apostou que a absurda inverdade funcionaria — qualquer coisa que colasse na palavra imigrante seria tida como verdade. E também desqualificaria sua forte oponente democrata, a candidata Kamala Harris — ela nasceu na Califórnia, mas é filha de mãe indiana e pai jamaicano. Trump exagerou na dose com a lorota de imigrante comer animal alheio. Deu ruim. Muita gente riu, meneou a cabeça e seguiu sua vida nos EUA, eufórica com o excelente desempenho do mercado de ações e vendo a inflação cair. Mesmo nas fileiras do ex-presidente, a sua fala foi interpretada no âmbito da pilhéria — assim não fosse e os tantos Napoleões sobreviventes nos hospícios do mundo seriam levados a sério.Embora republicano feito Trump, o governador de Ohio, Mike DeWine, correu a desmentir o desatino de seu correligionário — e não abriu mão de fazê-lo publicamente. Na cidade de Springfield, onde o boato foi plantado em discurso do ex-presidente, o prefeito, Rob Rue, igualmente republicano, também dissentiu a história. Claro: da mentira, quando é demais, o prezado público desconfia.


Mark DeWine: ele dissentiu Trump publicamente (Crédito:Joe Raedle)