A vitória do Centrão

Crédito: Paulo Freitas;Tânia Rêgo/Agência Brasil;Divulgação

Bruno Reis (Salvador), Eduardo Paes (RJ) e Lorenzo Pazolini (Vitória): prefeitos com chances de reeleição (Crédito: Paulo Freitas;Tânia Rêgo/Agência Brasil;Divulgação)

Por Germano Oliveira

Os que achavam que as atuais eleições seriam polarizadas entre Lula e Bolsonaro quebrarão a cara. É que as pesquisas, a dez dias do pleito, revelam que o eleitor vem rejeitando tanto os candidatos da esquerda (PT, por exemplo), como os da extrema-direita (sobretudo bolsonaristas). Um bom exemplo é que as pesquisas do Instituto Quaest, feitas em todas as capitais, têm mostrado que os atuais prefeitos das cidades mais importantes, como Bruno Reis (União), de Salvador; Eduardo Paes (PSD), do Rio; e Lorenzo Pazolini (Republicanos), de Vitória, pertencem a partidos do Centrão e todos deverão se reeleger ainda no primeiro turno. Bruno Reis vencerá Geraldo Junior, apoiado por Lula, Pazolini derrotará o petista João Coser e Paes baterá Alexandre Ramagem, o candidato de Bolsonaro.

Lula

O presidente diz que vai mergulhar na campanha de Boulos, em SP, para tentar eleger o afilhado político, o que não será uma tarefa fácil. Embora Lula tenha grande participação nos programas de TV do candidato, não tem feito carreatas ou desfilado ao lado dele na periferia. O mesmo acontece em outras capitais, onde o PT teria chances, como Goiânia e Teresina.

Bolsonaro

Isso acontece, também com o ex-presidente. Os bolsonaristas apanham feio. E não é só no Rio. Em João Pessoa, o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está em quarto lugar e deve ser derrotado por Cícero Lucena, ainda no primeiro turno. Mas, no Recife, a derrota do seu ministro do Turismo, Gilson Machado, será de lavada para o prefeito João Campos.

A força da máquina

(Divulgação)

Em debate no Lide, na sexta-feira, 20, sobre as perspectivas eleitorais, diretores de institutos de pesquisas, como Felipe Nunes (à dir.), do Quaest; cientistas políticos e acadêmicos, como Fernanda Magnotta (Faap): além de jornalistas, entre eles Germano Oliveira (ISTOÉ), um dos temas em discussão foi a força desproporcional da máquina que os prefeitos no cargo dispõem para vencer os opositores.

Rápidas

Gente como Pablo Marçal surge quando a economia não vai bem e a classe política está enfraquecida. Isso aconteceu com Hitler e Mussolini na década de 20. Aconteceu com Collor em 89, com Trump em 2016, com Bolsonaro em 2018 e com Milei em 2023. A diferença é que Marçal é boçal.

Se em 2020 o PT não elegeu prefeito em nenhuma capital, desta vez quer fazer os prefeitos de pelo menos duas ou três cidades importantes. O partido pode ir para o segundo turno em Goiânia, em Teresina e em São Paulo.

Estas eleições têm quatro barbadas, nas quais os prefeitos podem se reeleger já no dia 6, segundo o Quaest. A maior delas é Dr. Furlan, que deve se reeleger em Macapá com 86%. Depois veem Campos (77%); Reis (74%); e Paes (59%).

Em Belo Horizonte, não vai dar para Lula e nem para Bolsonaro. O segundo turno deve ser disputado entre Mauro Tramonte e o prefeito Fuad Noman, deixando de fora Bruno Engler (bolsonarista) e Rogério Correia (lulista).

Retrato falado

José Dirceu: “Bolsonaro é ‘bobo da corte’ perto de Pablo Marçal” (Crédito:Mateus Bonomi)

Em entrevista à Mônica Bergamo, o ex-ministro José Dirceu disse que Pablo Marçal divide o bolsonarismo porque ele representa o elemento religioso do fundamentalismo neopentecostal e os elementos do liberalismo econômico, incorporado por setores das classes populares. Para o petista, Marçal vai correr por dentro do bolsonarismo, embora o ex-presidente ainda tenha liderança e carisma muito fortes. “Mas, comparado ao Marçal, Bolsonaro vira um ‘bobo da corte’”, disse ele.

Energia verde

Os problemas causados pelas mudanças climáticas, como as secas históricas, associadas às queimadas criminosas, têm nos levado a repensar nosso modelo de negócios, baseado na agropecuária intensiva e na industrialização predatória, que desenvolvemos há décadas. Chegou a hora de incorporarmos, de forma acelerada, uma agenda verde que contemple o enfrentamento emergencial dessa nova realidade. Rafael Lucchesi, diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), diz que teremos que fazer uma transição acelerada desses modelos, porque o Brasil pode até se transformar no que “a Arábia Saudita é hoje para a produção de energia fóssil”.

Desafios

Para que isso se concretize, o País precisa concluir a Reforma Tributária, já que até agora a taxação vinha sendo feita em cima da indústria. De acordo com o diretor da CNI, o Brasil tem enorme potencial de energia sustentável barata, mas tem, por outro lado, tarifas caras, como explica Rafael Lucchesi.

Crise do PT no ABC

O PT está em franco declínio no ABC, seu berço político. Depois de comandar até 2016 quase todas as prefeituras da região, hoje as principais cidades são administradas pelo PSDB. Em São Bernardo, o prefeito Orlando Morando deve levar sua sobrinha, Flávia Morando, ao segundo turno, contra Alex Manente. O petista Luiz Fernando está em quarto.

(Divulgação)
(Marcelo Aparecido Silva Camargo)

Santo André

Derrocada maior acontece em Santo André, onde o candidato do PSDB, Gilvan de Souza Junior, apoiado pelo atual prefeito, Paulo Serra, que está no segundo mandato, deve vencer no primeiro turno. Em segundo nas pesquisas, com apenas 13,4%, vem a petista Bete Siraque. Atualmente, o partido dirige Mauá e Diadema, mas não lidera em nenhuma delas.

As pressões de Lula sobre Meirelles

(Mauricio Lima)

Não é de hoje que Lula pede ao BC para reduzir a taxa de juros. Segundo revela Henrique Meirelles, presidente do BC nos dois primeiros governos petistas, em livro lançado na terça, 24, o mandatário pediu-lhe para cortar a taxa Selic em 2007, porque o governo precisava crescer 5% ao ano e os juros altos (11,25%) atrapalhariam o plano. Meirelles não baixou e Lula ficou bravo por meses.

Toma lá dá cá

Claudia Beldi, presidente do Banco Finaxis (Crédito:Divulgação)

Claudia Beldi, presidente do Banco Finaxis A elevação da taxa Selic em 0,25% pode desacelerar o ritmo do crescimento?
Sim. O objetivo do Copom é ancorar as expectativas de inflação gerando esta desaceleração. Contudo, isso depende também de uma redução do incentivo do governo que, no patamar atual, traz preocupações para a relação endividamento/PIB.

Há risco da inflação retornar?
Risco sempre há, mas temos os instrumentos monetários adequados e a sinalização do futuro presidente do BC de que seguirá vigilante. O ajuste pode ser mais duro se o governo não reduzir os gastos.

O que explica os FIDCs crescerem 45% este ano em relação a 2023?
Este é o 4º ano seguido que os FIDCs crescem acima de 25%, evidenciando as oportunidades que o setor apresenta.