EUA: chegou a hora de Kamala expor o programa político e como governará

Por Antonio Carlos Prado

Passada a euforia da vitória, manda o bom senso que os pés voltem ao chão e que a cabeça retorne ao lugar. É assim que Kamala Harris deve se portar após o triunfo na Convenção do Partido Democrata, porque também é assim que os norte-americanos olharão a sua campanha. Ela tem cerca de setenta dias para convencer os colégios eleitorais de que é uma boa opção. É hora, portanto, de exibir-se programaticamente — em discursos, o extremista de direita, e opositor republicano, Donald Trump, certamente a cobrará. Um exemplo: kamala sempre se colocou contrária a construção de muros barrando imigrantes. Sabedora que se chegar à Casa Branca o problema estará em sua mesa, ela começa a dar sinas de recuo — afinal, Kamala é contra ou a favor? A candidata é uma incógnita política, até porque em sua vida pública sempre esteve ligada à Justiça. Finalmente, na economia e relações exteriores, vitais para os EUA, até a terça-feira 27 ela não firmara um único ponto para os eleitores. Se restringir-se ao carisma e às frases passionais estará jogando no campo do adversário. E corre riso de perder a partida para um Trump fascista que claramente apresenta um amedrontador programa de extrema direita.

IMIGRAÇÃO
Governo não dará mais refúgio a quem faça escala no Brasil sem visto para entrar no País

A questão imigratória, que se expande pelo mundo, chegou ao Brasil sob a suspeita de estar conectada com o crime organizado. Diante do crescimento no número de pedidos de refúgio que o País vem recebendo de passageiros de aviões que têm outro destino final, mas aqui fazem escala, o governo federal decidiu paralisar as concessões. Abrirá, então, duas alternativas às pessoas: retornarem ao local de origem ou seguirem viagem como previsto. Não mais será liberada a autorização de permanência em território nacional. Essa nova medida será aplicada somente a quem não apresentar visto de entrada no País — ou seja, no campo jurídico internacional, não se trata de deportação. Autoridades brasileiras justificam: segundo a PF, muitos que aproveitam a escala e requisitam refúgio têm ligações com organizações criminosas em todo o mundo.

VENEZUELA
O ditadorzinho rola para o funil de Dante

Nicolás Maduro colocou a Venezuela sob clima de terror – e havia chefe de Estado bem próximo a nós, Lula, por exemplo, que o aplaudia muito, agora menos, mas ainda está longe de admiti-lo como um ditadorzinho que só sabe pensar em golpes de Estado, cadeia, poder e fraude eleitoral.

Em seu país, intelectuais que dele discordam encontram-se, em sua maioria, presos. Pode ser que dure um mês, pode ser que dure uma hora, mas é fato que uma das principais autoridades venezuelanas caminha a passos largos rumo ao encarceramento.

Trata-se de Juan Carlos Delpino. Ele declarou, em entrevista ao The New York Times, que “não vi provas” de que Maduro “venceu as últimas eleições presidenciais”.

Mesmo sendo membro do Conselho Nacional Eleitoral, órgão manietado pelo ditadorzinho, Delpino preserva o seu direito de liberdade de expressão.

Que vai preso não há dúvida, mas a fala de Delpino é a primeira grande crítica advinda do establishment venezuelano – quem sabe, agora, aquele líder político bem próximo a nós tenha coragem de afirmar que houve fraude eleitoral.
O mundo livre crê que esse tenha sido o derradeiro pronunciamento de Delpino: “Ao declarar Maduro como vencedor, sem provas, o CNE falhou com a nação. Estou envergonhado e peço perdão ao povo venezuelano”.

Delpino, claro, irá para a cadeia, mas ele é um fato novo no país. Em toda ditadura, sempre que alguém de dentro do sistema começa a criticá-la, ditadorzinhos caem. A história dos autocratas tece-se assim. Entre os presos há cento e vinte adolescentes. Foram torturados. Outro informe vazado das fileiras oficiais.

Assim, o ditadorzinho em questão começa a rolar na ladeira de seu destino. Cairá de cabeça no funil de Dante Alighieri.