Economia

Bem-estar virou um supernegócio; entenda o que impulsiona o setor

Mudanças de hábitos promovidas pela Covid provocaram novos hábitos de consumo. Empresas que investiram na promoção de melhorias da qualidade de vida e da saúde integral, como academias e alimentação saudável, aumentaram o faturamento

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Massoterapeuta Eveli Cocchi durante atendimento na Praia Massaguaçu, Caraguatatuba, litoral paulista (Crédito: Divulgação )

Por Mirela Luiz

Em um mundo cada vez mais competitivo, o conceito de “sentir-se bem” ganha destaque, refletindo em uma mudança significativa nas prioridades de consumo do brasileiro. Pesquisa recente do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Bem-Estar revela que, em 2023, o mercado desse segmento cresceu 15%, superando a média global de 10%. Esse crescimento é impulsionado por uma maior conscientização acerca da saúde mental e física das pessoas, além da busca por estilos de vida saudáveis. Investimentos em práticas como yoga, meditação e alimentação saudável têm se mostrado promissores para os empreendedores.

A combinação de uma demanda crescente e inovações no mercado estão atraindo novos investidores, sinalizando um futuro promissor para empresas que focam na promoção da qualidade de vida e saúde integral.

Um exemplo dessa evolução é a rede Buddah SPA, que desde 2001 se destaca no setor ao oferecer um espaço dedicado ao bem-estar e vem dobrando o número de espaços a partir de 2021. O CEO da empresa, Gustavo Albanese, por exemplo, diz que depois da pandemia abriu franquias em cidades que jamais imaginou que poderiam receber um SPA. “Hoje, o autocuidado das pessoas acabou se tornando prioridade e rotina para uma parcela da população”, explicou o empresário.

Definido como um estilo de vida que promove hábitos saudáveis, o bem-estar abrange não apenas o cuidado para evitar contrair doenças, mas atingir também um melhor estado de equilíbrio físico, mental e social. Segundo estudo do Global Wellness Institute (GWI), respaldado pela AG7 Incorporadora, o Brasil ocupa a 12ª posição no ranking mundial do mercado de wellness, que movimenta US$ 96 bilhões, representando 5% do PIB do País. O mercado mundial de bem-estar movimentou, segundo o GWI, cerca de US$ 5,6 trilhões (cerca de R$ 30 trilhões) entre 2020 e 2022, sendo que quase US$ 400 bilhões referentes ao segmento imobiliário. A expectativa é que esse segmento continue crescendo a uma taxa média de 8,6% até 2027, com estimativas de que alcance a marca de US$ 8,5 trilhões (mais de R$ 46 trilhões) nesse período.

Os dados da McKinsey reforçam essa tendência:
68% dos brasileiros consideram a saúde e o bem-estar valores importantes em suas vidas,
enquanto que 42% os vêem como prioridades absolutas.

A cultura da vida saudável já não se restringe à estética e hoje se consolidou como um pilar essencial para uma vida longa e de qualidade. “No início, nosso público era estritamente das classes A e B, e hoje atingimos também a C+, que percebeu a necessidade de incluir em seu orçamento o cuidado com a saúde mental e física”, explicou Albanese. A ampla disponibilidade de alimentos naturais e orgânicos, combinada com a diversidade de produtos oferecidos também facilitou a adesão a esse novo estilo de vida.

CEO da rede Buddah Spa, Gustavo Albanesi afirma que a mudança do estilo de vida fez mercado crescer acima da média (Crédito:Rogerio Cassimiro )

Essa evolução do conceito de bem-estar, que antes era alvo de ceticismo, agora é encarada sob uma perspectiva mais ampla, englobando todos os aspectos para alcançar um estilo de vida equilibrado. “Depois da pandemia a procura aumentou muito. Está todos muito estressados, as pessoas têm muitas dores no corpo, buscam um relaxamento muscular ou desejam uma massagem terapêutica”, explica Eveli Cocchi, massoterapeuta, que trabalha em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, há sete anos.

As categorias que mais atraem os consumidores, segundo levantamento da McKinsey incluem:
Melhor Saúde, que abrange dispositivos médicos e tecnologia de autocuidado;
Melhor Forma Física, que impulsionou a inovação em fitness doméstico;
Melhor Nutrição, com o aumento da demanda por alimentos saudáveis;
e Melhor Aparência, que se reflete em produtos de beleza e moda voltados para o bem-estar.

“Essa mudança nos hábitos de vida contribui para a longevidade saudável que buscamos, promovendo a saúde integrada e fortalecendo corpo e mente”, avalia a médica Fernanda Sanches, especialista em cosmetologia e CEO da Cosmobeauty, empresa de dermocosméticos.