Economia

Crescimento dos hotéis butique: dólar alto faz aumentar procura por luxo no Brasil

Surge uma nova tendência que está transformando a hotelaria nacional: a hospedagem mais intimista, destinada a clientes que desejam ambientes personalizados e luxuosos

Crédito: Nannai/divulgação; L’Hotel

Visitantes de alto padrão buscam hospedagens que ofereçam conforto e práticas sustentáveis (Crédito: Nannai/divulgação; L’Hotel )

Por Mirela Luiz

No cenário atual da hotelaria brasileira, marcado por desafios econômicos, a ascensão dos hotéis butique se destaca como um fenômeno transformador. Após um período sombrio, assolado pela pandemia, o setor começa a vislumbrar uma recuperação promissora. De acordo com o relatório Panorama da Hotelaria Brasileira de 2023, elaborado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) e HotelInvest, a expectativa é de que R$ 5,7 bilhões sejam investidos em hotéis urbanos até 2027, com um foco especial em novas unidades que prometem elevar o patamar de sofisticação e conforto.

Tradicionalmente, o mercado hoteleiro nacional se divide entre as opções de lazer e as urbanas, cada uma vivendo suas particularidades.
O segmento de lazer, em especial, experimenta um momento de euforia, impulsionado por um câmbio desfavorável que faz com que tanto brasileiros quanto estrangeiros optem por viagens internas.
Essa dinâmica favorece o crescimento dos hotéis butique, que, desde sua introdução no Brasil nos anos 90, com a inauguração do Hotel Emiliano, nos Jardins, em São Paulo, são sinônimo de exclusividade e luxo.

Com acomodações limitadas, e um design diferenciado, eles oferecem um tratamento personalizado que vai além do convencional. A decoração meticulosamente escolhida, e o atendimento exclusivo, tornam esses estabelecimentos verdadeiros refúgios de requinte.

“Acreditamos que os hóspedes têm buscado experiências autênticas e atendimento mais personalizado”, avalia Jorge Castelo, gerente geral do L’Hotel PortoBay, grupo que iniciou sua entrada no Brasil em 2007, no Rio de Janeiro, e inaugurou sua filial paulistana em 2009. “Embora sejam procurados principalmente por famílias, por conta do toque intimista e personalizado, essas propriedades também estão equipadas para acolher desde jovens casais a famílias com crianças”, completa.

Vivências sob medida e ambientes acolhedores são apreciados por um público exclusivo e exigente (Crédito:Divulgação )

Os dados de ocupação revelam um cenário de recuperação.

Após uma queda acentuada em 2020, a taxa de ocupação dos hotéis butique em São Paulo voltou a atingir níveis pré-pandemia, com uma média de 60% em 2023.

A projeção para 2024 é otimista, com expectativas de crescimento sustentado, especialmente com o aquecimento do setor de eventos e a demanda reprimida por experiências de viagens.

“De modo geral, temos observado um crescimento de hóspedes em busca de lugares mais tranquilos. O viajante de luxo procura serviços que fogem do tradicional e um hotel butique proporciona exatamente esse tipo de experiência mais privativa”, explica Rodrigo Lins, gerente comercial do NANNAI Noronha Solar dos Ventos, localizado no paraíso de Fernando de Noronha.

SPA e massagens

Entretanto, a jornada de recuperação não é isenta de desafios. A diária média (ADR) dos hotéis butique aumentou cerca de 20% em relação a 2019, mas o crescimento das despesas operacionais, aliado à inflação, exige uma gestão financeira cuidadosa.

A busca por experiências personalizadas é uma tendência crescente no setor, refletindo a exigência dos hóspedes por um atendimento que se alinhe às suas necessidades e desejos. Os hotéis butique estão investindo em serviços diferenciados, como experiências gastronômicas exclusivas e atividades personalizadas, para se destacar em um mercado competitivo.

“Cada vez mais cresce o número de hóspedes que buscam uma alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos, SPA, massagens e yoga, além de um cardápio com opções veganas ou sem glúten, por exemplo”, afirma Lins.

A sustentabilidade também se tornou uma prioridade, com os hotéis butique adotando práticas eco-friendly e valorizando produtos locais, atendendo um consumidor cada vez mais consciente. “Outra grande tendência que pode moldar o futuro da hospitalidade é a sustentabilidade, tanto com foco no meio ambiente quanto na responsabilidade social”, revela o gerente do NANNAI.