Cultura

Chico Buarque narra memórias da infância na Itália como ficção

Em 'Bambino a Roma', Chico Buarque une ficção e realidade para voltar aos tempos em que viveu na Europa com a família

Crédito: Bel Pedrosa

Chico Buarque aos 9 anos: futebol nas ruas e paixões platônicas (Crédito: Bel Pedrosa)

Por Felipe Machado

Chico Buarque recorre mais uma vez à literatura para realizar uma nova incursão ficcional por sua história familiar. Dessa vez, suas memórias o levam à Itália do início dos anos 1950, quando seu pai, o célebre sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, foi convidado para lecionar na Universidade de Roma e levou consigo a mulher, Maria Amélia, e seus sete filhos. Em Bambino a Roma, Chico abre seu baú de memórias, mas não abre mão de inventar parte da realidade para tornar a narrativa mais interessante. É provável que a distância temporal o tenha obrigado a preencher as lacunas com sonhos e desejos no lugar dos fatos. Daí a opção por classificar a obra como “ficção”, e não como uma autobiografia tradicional. Aos 9 anos, o garoto lembra em detalhes como deixou a casa em São Paulo para embarcar em uma viagem de navio com direito a muitos enjoos, até chegar à costa italiana. Uma vez instalado, “Francesco” enfrenta as alegrias e os desafios típicos da infância. Dos passeios com a bicicleta de aros brancos às brincadeiras no parque da cidade, Chico escreve que “no estrangeiro é tudo estranho”. Além das aventuras na sala de aula, onde ele confessa ter sido assediado por um professor, a história se concentra basicamente em dois temas: a paixão pelo futebol — o garoto se destaca nas peladas de rua — e a descoberta do sexo feminino. Primeiro, se apaixona pela jovem professora de italiano do pai; mais tarde, cai nas armadilhas do amor platônico após dançar uma valsa com a atriz Alida Valli, mãe de um colega da escola.

Ecos de Fellini e De Sica

(Divulgação)

Apesar da fama e do sucesso como compositor e cantor, o Chico escritor tem conquistado elogios do público e da crítica. Em 2019, recebeu o renomado prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa, pelo conjunto da obra. O novo livro, no entanto, remete mais aos mestres do cinema: é inevitável lembrar das nostálgicas imagens dos italianos Federico Fellini em Amarcord e Vittorio De Sica em Ladrões de Bicicleta.

Para Ler

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Rio Sangue, novo romance do cearense Ronaldo Correia de Brito, é fluido e ramificado como “artérias do corpo humano”. Conta a história de José e João, dois irmãos opostos em gênio e personalidade, que vivem paixões avassaladoras sob o cruel sol do sertão.

Para Ver

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O britânico Ken Loach está de volta com seu cinema engajado e de forte cunho social. No filme O Último Pub, um pub britânico passa a ser boicotado depois que seu proprietário presta auxílio a uma família de imigrantes da Síria.

Para ouvir

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Aos 88 anos, a cantora carioca Alaíde Costa celebra sete décadas de carreira com o lançamento do novo álbum E Agora o Tempo quer Voar. No repertório, canções feitas para ela por Caetano Veloso, Marisa Monte e Nando Reis.

Prêmio
A hora da música instrumental

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Após o sucesso da primeira edição, o Tokio Marine Hall apresenta seu 2º Prêmio de Música Instrumental, que distribuirá R$ 210 mil aos vencedores. As inscrições são gratuitas e vão até 10/9. O evento homenageia o músico Oswaldo Montenegro (foto), que comemora 50 anos de carreira. Os participantes podem inscrever duas canções autorais e a releitura de uma composição de Montenegro. O júri será composto pelo crítico Julio Maria, a cantora Fernanda Porto, o produtor João Marcelo Bôscoli e o executivo Flavio Otsuka.

Série
Intolerância com os vizinhos

(Daniel Klajmic)

Onde está Marcinho? A resposta será revelada em 15/8, data de estreia da segunda temporada de Os Outros, série da Globoplay criada e escrita por Lucas Paraizo. A produção volta ao tema da intolerância entre vizinhos, numa narrativa que aborda as complexidades das relações familiares e sociais nos dias de hoje — e seus desdobramentos muitas vezes extremos. A trama resgata os personagens Cibele (Adriana Esteves) e Sérgio (Eduardo Sterblitch), tendo como ponto de partida a busca de Cibele pelo filho desaparecido, Marcinho.

Musical
Capiba, o mestre do frevo

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Com 45 bailarinos e 19 músicos no elenco, o espetáculo Capiba, Pelas Ruas eu Vou celebra a vida do pernambucano Lourenço da Fonseca Barbosa, um dos mestres do frevo no País. As apresentações acontecem em 13 e 14/8 no Teatro Sabesp Frei Caneca, em São Paulo. “Capiba é o maior compositor de frevos, mas sua obra vai muito além desse ritmo, com valsas, choros, maracatus e até música erudita, chegando a mais de 200 composições, entre elas a ópera Missa Armorial, uma obra-prima”, conta a bailarina Cecilia Brennand.

Exposição
A criatividde de Guto Lacaz

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O humor característico na relação de Guto Lacaz com objetos cotidianos, que ele transforma em arte, é evidente nas cerca de 170 obras expostas na mostra Cheque Mate, em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo. O artista multimídia de 76 anos é conhecido por suas instalações, além da vasta produção como desenhista, ilustrador, cartunista e designer. A exposição celebra quase 50 anos de carreira do artista, oferecendo uma visão bastante abrangente de sua obra. Com curadoria dos designers Kiko Farkas e Rico Lins, fica em cartaz até 27/10.