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Cura do HIV: novo caso de remissão do vírus reacende esperanças

Novos resultados promissores no combate ao HIV reacendem a esperança de cura do vírus que já infectou em todo o mundo cerca de 40 milhões de pessoas

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Novo caso de remissão do HIV reativa a discussão sobre a cura da AIDS (Crédito: Pexels)

Por Mirela Luiz

Desde que o vírus da AIDS foi identificado em 1983, a batalha contra a imunodeficiência humana (HIV) tem sido marcada por avanços significativos, mas também por desafios persistentes. O que antes era visto como uma sentença de morte agora se torna condição mais gerenciável, impulsionada pelo desenvolvimento de medicamentos antirretrovirais que permitem o controle da infecção no organismo.

Alcançar a remissão do HIV é um objetivo cobiçado, mas não é uma tarefa simples.
A remissão ocorre quando a carga viral no sangue de uma pessoa vivendo com HIV se torna indetectável, mesmo sem a administração de medicamentos.
Essa conquista é um marco na luta contra o HIV, mas não deve ser confundida com cura definitiva.

Como enfatiza Bernardo Porto Maia, médico infectologista e diretor do Pronto-Socorro e UTI do Hospital Emílio Ribas, “o termo cura é bastante otimista, pois todos esses pacientes, incluindo aqueles que atingem a remissão após intervenções terapêuticas, necessitarão de acompanhamento vitalício”.

“O termo cura é bastante otimista.”
Bernardo Porto Maia, médico infectologista e diretor do Pronto-Socorro e UTI do Hospital Emílio Ribas

Recentemente, um novo caso de remissão do HIV foi divulgado, reacendendo esperanças. No entanto, isso não equivale à cura.

Maíra Ricco, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, alerta que “embora os casos de remissão a longo prazo sejam promissores para a cura do HIV, o transplante de medula óssea não é uma opção viável em larga escala para pacientes sem diagnóstico de câncer no sangue, uma vez que o procedimento exige medicamentos que destruam a medula, aumentando o risco de complicações”.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) anunciou recentemente o desenvolvimento de um tratamento que pode levar à cura da AIDS. O estudo revela que um coquetel de remédios eliminou o HIV em um paciente brasileiro de 34 anos. Embora essa pesquisa traga esperança, ela precisa ser testada em um número maior de pacientes para garantir resultados seguros, além de não envolver o transplante de medula.

Hoje, cerca de 40 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo, e apenas uma fração delas é elegível para o transplante de medula óssea, geralmente destinado ao tratamento de neoplasias como leucemias e linfomas. Maia destaca que “a dificuldade em encontrar um doador geneticamente compatível e a necessidade de medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do transplante significam que estamos trocando uma imunossupressão por outra”.

Apesar dos avanços científicos que possibilitaram a muitos viverem plenamente com o HIV, a cura definitiva ainda parece um horizonte longínquo. Os altos custos dos tratamentos continuam a ser barreiras significativas, especialmente em países em desenvolvimento.

Além disso, a falta de uma vacina específica para prevenir a infecção pelo vírus representa um desafio adicional na luta contra a doença. Apesar das inúmeras iniciativas de pesquisa ao longo dos anos, nenhuma vacina eficaz foi aprovada para uso em larga escala até o momento. A luta prossegue e a esperança, embora renovada, ainda enfrenta muitos obstáculos.