A Semana

O mundo terá mais de dez bilhões de pessoas ainda no século XXI

Crédito: Ritesh Shukla

O planeta atravessa momentos difíceis que vão das ideologias ao meio ambiente: o crescimento demográfico engendra mais preocupação que alegria (Crédito: Ritesh Shukla)

Por Antonio Carlos Prado

Relatório da ONU intitulado World Population Prospects 2024, que acaba de ser divulgado, faz a projeção de que o ápice da população mundial será de 10,3 bilhões de pessoas em 2084 — a previsão anterior, realizada pela própria ONU, dava conta de que o pico da população global seria somente no próximo século. O Brasil terá o máximo de sua concentração populacional em 2042, com 219,28 milhões de habitantes. O crescimento agora apresentando tem um recuo de 6% em relação ao que era estimado há uma década, ou seja, existe uma defasagem global de 700 milhões de seres humanos. Diante da série de dificuldades que o mundo atravessa nos dias atuais, nas áreas da ideologia, economia, meio ambiente, alimentação e mudanças climáticas, a perspectiva de um planeta bem mais populoso enseja preocupação e não euforia. “O crescimento demográfico evoluiu. E evoluiu muito”, afirma Li Junhua, subsecretário-geral para Assuntos Econômicos e Sociais da ONU. No Brasil, espera-se que as autoridades se conscientizem de todas essas questões, já que em dezoito anos o País explodirá demograficamente – parece que está longe? Não está não, uma vez que menos de duas décadas é período de tempo que passa voando. Atualmente o Brasil possui 215,3milhões de habitantes.

LITERATURA
“Duas mulheres falam de mulheres”

Certa vez a escritora argentina Victoria Ocampo (1890-1979) definiu com claras palavras e enxuto raciocínio a amizade entre ela e a também escritora Virginia Woolf (1882-1941), considerada por muitos críticos uma das melhores da Inglaterra em todos os tempos. Escreveu Ocampo: “Duas mulheres falam de mulheres; se analisam e se interrogam. Uma curiosa; a outra maravilhada”. Uma série de cartas, como essa, foi trocada ao longo dos anos pelas duas autoras, constituindo-se em verdadeiro material literário de alta qualidade. Victoria Ocampo e Virginia Woolf se conheceram em 1934, em uma exposição do fotógrafo Man Ray, realizada em Londres. Assim Ocampo descreveu esse momento: “Eu olhei para ela com admiração. Ela olhou para mim com curiosidade. Foi tanta curiosidade por um lado e tanta admiração por outro, que logo ela convidou para ir à sua casa”. Todas as cartas vão além do campo literário, ricas que são no âmbito psicológico. O Brasil se enriquece – e muito se enriquece – na área cultural com o lançamento de Correspondências (Bazar do Tempo).

Virgina Woolf: imã de admiração (Crédito:Divulgação )
Victoria O campo: literatura e saudável jogo psicológico (Crédito:Divulgação )

VENEZUELA
A eleição presidencial vai mesmo acontecer?

No domingo, 28 de julho, será realizada a eleição presidencial na Venezuela – isso se o incumbente Nicolás Maduro não mudar de ideia e ordenar que o pleito seja adiado. Autocrata, sem escrúpulos políticos e egocêntrico, Maduro pode muito bem dar essa cartada, segundo analistas internacionais, diante do crescimento do candidato oposicionista, Edmundo González Urrutia. Outra opção temida e totalitária é Maduro, que tem a Justiça a seu serviço, mandá-la desqualificar a candidatura de Urrutia, como já o fez com tantas outras com as quais de sentiu ameaçado, mentindo sem pudor e inventando crimes dos oponentes. A campanha do atual presidente está patinando feio após sua aparição na cidade de San Cristóbal, onde ele foi visto reclamando que o governador local não soubera dar alguma bugiganga à população em troca de ela comparecer em massa ao comício. Em meio a esse ambiente político apodrecido, típico da América Latina, no qual Maduro se move (e é o único em que consegue caminhar), Urrutia vai conquistando um cômodo lugar. Segundo pesquisa publicada pela Hercon Consultores, ele lidera com 68,4% das intenções de voto e Maduro segue nos minguados 27,3%. Outra pesquisa, da Datanalisis, dá liderança a Urrutia com vantagem de 25%. Venezuelano que vota fora do país também peregrina nessa trilha, e aí Maduro já tomou providências. Ele tanto burocratizou o registro para votação, que de um total de seis milhões de pessoas não mais de setenta mil estão aptas a ir às urnas.

Edmundo González Urrutia: confortável primeiro lugar nas pesquisas (Crédito:Federico Parra)
Nicolás Maduro: sem escrúpulos políticos (Crédito:Ariana Cubillos)