Lula larga na frente

Crédito: Nelson Almeida

A disputa entre Lula e Bolsonaro na eleição de outubro marcará quem sai na frente para 2026 (Crédito: Nelson Almeida)

Por Germano Oliveira

A composição das candidaturas que apoiam para a eleição de outubro está mostrando que a grande disputa no pleito municipal se dará entre Lula e Bolsonaro e que, pela escolha de cada um deles até aqui, está clara uma certa vantagem do petista. Afinal, seus candidatos lideram as pesquisas nas principais capitais, fazendo Bolsonaro comer poeira na largada. Em SP, onde se dará o maior embate entre os dois, Boulos tem aparecido melhor nas consultas populares, embora na maioria delas haja empate técnico. Ricardo Nunes concorre à reeleição, recebendo o apoio de Bolsonaro, que acaba de indicar o coronel Mello Araújo para ser o vice. O ex-presidente não foi à solenidade que sacramentou o ex- oficial da PM na chapa, mas delegou o papel ao governador Tarcísio de Freitas (SP).

Rota

Que os aliados do prefeito representam a direita, até as pedras das calçadas da av. Paulista sabem. O problema é que o coronel Mello Araújo foi comandante da Rota da PM de SP, uma das mais violentas do País e acusada de truculência na periferia, onde mora a maioria do eleitorado paulistano. Esse eleitor votará em alguém que já foi seu algoz?

Multas

Mas nem tudo são flores para Lula, multado pelo TRE-SP a pagar R$ 20 mil por fazer campanha antecipada para Boulos. Apesar disso, o petista sai na frente também em cidades como o Rio de Janeiro, onde o prefeito Paes, apoiado por ele, deixa para trás o bolsonarista Alexandre Ramagem. Os candidatos lulistas estão na frente também nas capitais da BA, PE, CE e PI.

Cresce a bancada de Alcolumbre

(Mateus Bonomi)

Davi Alcolumbre, que deseja substituir Rodrigo Pacheco na Presidência do Senado, está sendo favorecido por uma decisão do STF, que resolveu, na sexta-feira, 21, mudar as regras sobre as sobras eleitorais. A decisão vai permitir a troca de sete deputados. Sairão parlamentares como Silvia Waiãpi e entrarão outros sete, entre os quais quatro são ligados ao senador do Amapá, como André Bordon e Aline Gurgel.

Rápidas

Lula considera que houve “falcatrua” no leilão para a compra de 263 mil toneladas de arroz para suprir a falta do produto perdido pelas enchentes no Sul. Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) mandou demitir Thiago José dos Santos, da Conab, responsável pela operação.

Marina Silva não ganha uma no governo. Em São Luis, Lula voltou a dizer que o Brasil vai explorar petróleo na Margem Equatorial da Amazônia, querendo ou não os ambientalistas ligados à ministra do Meio Ambiente.

Pablo Marçal está sem rumo. Tentou disputar a prefeitura de SP com apoio de Bolsonaro, que o rechaçou. Tentou ser vice de Ricardo Nunes, mas o PL o rifou. Para desistir, Valdemar lhe oferece legenda para o Senado em 2026.

Lula quase repetiu Bolsonaro. Se vacinou contra a dengue às escondidas, antes da campanha do SUS, com doses fornecidas por um laboratório privado, cujo nome a Presidência não revelou. Pelo menos não é negacionista.

Retrato falado

“O presidente do BC está fazendo o jogo do mercado e dos especuladores” (Crédito:Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Gleisi Hoffmann está aderindo à campanha de Lula contra Roberto Campos Neto, presidente do BC, possivelmente para tentar se manter na Presidência do PT no ano que vem. Ela disse em sua conta no X (antigo Twitter) que “não será fazendo o jogo do mercado e dos especuladores que a direção do BC vai conquistar credibilidade”. Para ela, não há justificativa técnica, econômica e “muito menos moral”, para manter a taxa básica de juros em 10,50 pontos percentuais.

Desmame sindical

Quando Lula era líder dos metalúrgicos do ABC, na década de 80, o sindicalismo era impulsionado pelo Imposto Sindical, que enchia os cofres dos sindicatos. Só a entidade presidida pelo atual mandatário possuía 200 mil filiados. Rolava muito dinheiro. O petista chegou a encher o estádio de Vila Euclides, em São Bernardo, com 100 mil pessoas, amedrontando o regime militar. Capitalista, achavam que iria implantar o comunismo. O tempo passou, o sindicalista virou presidente e os metalúrgicos foram definhando. Até que, em 2017, veio a Reforma Trabalhista de Temer e acabou-se com o Imposto Sindical. O número de sindicalizados despencou. É duro viver sem mamatas.

Esvaziamento

E uma pesquisa feita pelo IBGE atesta esse declínio. Em uma década, os sindicatos perderam 6,2 milhões de sindicalizados. Ou seja, em 2013, esse número era de 14,6 milhões, caindo para 8,4 milhões em 2023. Em apenas um ano, de 2022 a 2023, mais de 700 mil pessoas deixaram as atividades sindicais.

Insegurança jurídica

O grupo Lide organiza evento em SP, no próximo dia 22, para discutir a “Segurança Jurídica como pilar de atração de investimentos no Brasil”, abordando um tema importante para o desenvolvimento: empresas com capital estrangeiro devem investir em atividades que usam terras brasileiras para exercerem suas atividades, como o setor de papel e celulose.

(TSE)

Debatedores de peso

Além do ex-presidente Michel Temer, confirmaram presença no evento o ministro Alexandre de Moraes (STF), a ex-ministra Ellen Gracie, o empresário Josué Gomes da Silva (Fiesp) e Fernando José da Costa, secretário municipal de Justiça de SP. Estarão lá também inúmeros advogados, como Ana Luiza Nery, do Instituto dos Advogados de São Paulo.

Em defesa da Saúde

(Divulgação)

O deputado Pedro Westphalen (RS) vem tornando-se influente no PP de Lira. Na última semana, reuniu mais de 100 pessoas em Brasília para comemorar um ano da Frente Parlamentar em Defesa dos Serviços de Saúde, presidida por ele. Compareceram diversos parlamentares, além de representantes de entidades da Saúde, como Abramge, Unidas, Fenasaúde, FBH, CMB, CNSaúde e Anahp.

Toma lá dá cá: Patrícia Vanzolini, da OAB-SP

Patrícia Vanzolini, presidente da OAB-SP (Crédito:Divulgação )

Acha que as decisões do STF deveriam ser todas tomadas em plenário?
Acredito que o STF deve dar preferência às decisões colegiadas, pois são mais democráticas e podem contemplar os vários pontos de vista. As decisões monocráticas devem ser a exceção.

Entende que ministros do STF deveriam ter mandatos?
Vejo muitas vantagens nos mandatos pré-definidos para ministros do STF, o modelo é adotado em várias democracias, mas é necessária discussão aprofundada sobre qualquer mudança no Judiciário.

A Justiça brasileira é lenta ou atende satisfatoriamente?
A Justiça é lenta. Os mecanismos para dar celeridade aos processos precisam ser aprimorados, mas não com o sacrifício dos direitos de defesa, por exemplo.