A Semana

Eficiência e respeito aos direitos humanos

Crédito: Sergio Lima

Lewandowski e Dino: em ambos, os mesmos ideais civilizatórios (Crédito: Sergio Lima)

Por Antonio Carlos Prado

São incontroversos os acertos das modernas propostas de Flávio Dino quando ocupou o Ministério da Justiça e, também, as do atual titular da pasta, Ricardo Lewandowski. Mudaram os métodos quando o segundo substituiu primeiro: as respostas duras de Dino cederam lugar a estratégia da negociação política sempre desenvolvida de modo produtivo para a Nação pelo ex-ministro do STF. Pesa nisso o interesse de Lewandowski em convencer parlamentares sobre a necessidade de atualizar a política de combate à violência e de preservação da segurança pública sem os atalhos e os interesses ideológicos que geralmente reinaram nessas questões. Com Lewandowski, o Brasil ganhará uma política de Estado de combate ao crime, dando ao governo federal maior controle das polícias civil e militar, que hoje seguem ordens de seus governadores. O País sai ganhando: a atuação das polícias será eficiente e respeitando os direitos humanos. Pela primeira vez o País dá passos nessa direção civilizatória. É necessário, porém, o aval dos congressistas e, acertadamente, Lewandowski com todos conversa. Hoje, no Brasil, o que se vê é a ideologização da segurança pública, estando ela só nas mãos dos estados, fenômeno que assalta a própria segurança dos cidadãos.

TEATRO
No palco, uma peça de verdade

As Aves da Noite: padecimento em grandes interpretações (Crédito:Divulgação )

Em teatro, quando sobre o palco dá-se a representação de temas universais e a atuação é impecável de atrizes e de atores, o que se vê é realmente a vida – no caso, no limite do padecimento – e não apenas uma peça. Cumprida fica, então, a função da arte, porque essa é uma de suas premissas: formação da cultura e da alma humana. É ao que se assiste na excelente As Aves da Noite, de Hilda Hilst, um dos nomes que fizeram a poesia norte-americana. Com direção de Hugo Coelho, a peça lança para o público como são os derradeiros momentos de vida de prisioneiros em um campo de extermínio nazista. O ponto de partida escolhido por Hilda Hilst em seu trabalho é a história real do padre Maximilian Kolbe – ele, voluntariamente, se apresentou ao exército de Hitler para ficar no lugar de um judeu no famigerado campo de Auschwitz. “Governos ditatoriais prendem e destituem o cidadão de sua dignidade” diz Coelho. Do elenco, constam, em destaque, Marco Antônio Pâmio, Regina Maria Remencius, Rafael Losso, Marat Descartes e Walter Breda. (Curta temporada no Teatro Cacilda Becker, e aí seguirá ao Teatro Arthur Azevedo e Teatro Paulo Eiró, todos em São Paulo).

“Assassinar Marielle Franco não é uma empreitada, para você chegar ali, matar uma pessoa
e ganhar um dinheirinho. Era o negócio da minha vida (em termos de recompensa).”
Ronnie Lessa, trecho de seu depoimento à PF

CRIME
Confissões do matador de Marielle

Ronnie Lessa: “Chamado para uma sociedade” (Crédito:Divulgação )

Algumas das mais importantes instituições representativas do Estado do Rio de Janeiro estão minadas por organizações criminosas, principalmente pelas famigeradas milícias, que de forma insidiosa foram se instalando. Uma das provas definitivas desse fato estarreceu a sociedade brasileira quando se tornou pública a prisão dos acusados de serem os mandantes da execução da ex-vereadora Marielle Franco: o deputado federal Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa. O estarrecimento segue agora com a revelação de trechos do depoimento do ex-policial militar Ronnie Lessa (está preso) à Polícia Federal — ele já confessára ser o assassino de Marielle e do motorista Anderson Gomes. No depoimento, que compõe a colaboração premiada firmada por Lessa com a PF, é repugnante a ligação que vai se alastrando entre algumas autoridades constituídas pelo voto popular ou pelo Estado e os milicianos. De forma desafiadora, Lessa adverte os policiais que “não foi contratado como matador de aluguel”. É pouco para ele esse rótulo criminoso. Diz que foi “chamado para uma sociedade”. E completa explicando que matar Marielle era o seu grande “negócio”. Ganharia um loteamento irregular que lhe renderia R$ 100 milhões com a exploração de serviços ilegais e clandestinos.

Marielle: criminosos abjetos avaliaram-na em dinheiro (Crédito:Divulgação )