Cor-de-rosa claro, tons pastéis… Conheça as cores da moda em 2024
Nem vibrante, nem apática, a tonalidade suave rouba a cena em visuais ousados, como saias bufantes e transparências. É o retorno ao estilo romântico e a busca por delicadeza nos dias atuais
Por Ana Mosquera
Após invadir a moda em tonalidades mais vibrantes – como o rosa choque que ganhou notoriedade com a febre do filme Barbie, no último ano –, o cor-de-rosa claro é uma das apostas atuais. Nos últimos dois meses, a coloração esteve presente em desfiles da São Paulo Fashion Week (SPFW), assim como se destacou nos tapetes no Oscar em visuais de celebridades de diferentes faixas etárias.
A própria marca esportiva Adidas acaba de lançar uma versão do clássico tênis Samba nessa tonalidade, em uma edição que homenageia o jogador de futebol argentino Lionel Messi.
Mas não é só esta cor suave que se encontra em alta: o pastel parece ser o novo colorido, com azul bebê, verde menta e lilás se destacando desde o último ano.
É o que dizem os relatórios de tendência internacionais, como o WGSN (Worth Global Style Network). Enquanto o ano passado foi marcado pelo “digital lavender” (lavanda digital), a cor de 2024 é o “peach fuzz” (penugem de pêssego).
Nas últimas semanas, na São Paulo Fashion Week (SPFW), o rosa claro e outros tons de colorido ameno subiram mais uma vez à passarela em coleções de estilistas como Walério Araújo, Weider Silveiro e João Pimenta. Sua volta, segundo Silveiro, é inevitável. “São tons que vêm como um respiro depois da ‘cartela dopamina’ do pós-pandemia e da banalização dos neutros.”
Associados à feminilidade, mas disponíveis para qualquer gênero, estão relacionados ao retorno do romantismo. “É uma força que se contrapõe à rigidez da alfaiataria que dominou as últimas estações.”
O aparecimento da cor em diferentes desfiles, vitrines de lojas de grife e até mesmo em modernas linhas de móveis e eletrodomésticos vai ao encontro do espírito do tempo.
“E o que está no espírito do nosso tempo como resposta a um sentimento coletivo? A busca por escape, por um feminino que ocupa diferentes espaços a partir de diversas vozes e pela gentileza como protagonista”, diz Andreia Meneguete, professora do Hub de Moda e Luxo da ESPM e integrante do Grupo de Estudos Semióticos em Comunicação, Cultura e Consumo da USP.
Uso ampliado
Nas últimas criações de Araújo, não é a tendência que coloca a cor entre as bases de suas peças, ao lado do branco e nude. “Este tom de rosa traz uma memória afetiva, está associado ao sofá de ponto de capitonê da casa da minha mãe, a Dona Neném. Além de vir nas referências aos balões, em comemoração ao seu aniversário de 95 anos.” Adepto do preto, roxo e vermelho, na coleção que homenageia a matriarca optou por sair do óbvio. “Eu quis trazer romantismo e fugir das cores que sempre apresento, ao falar dos amores e de tudo que ela gosta”, diz o estilista.
“Por meio de um significado simbólico, o rosa materializa o que se deseja consumir. É uma resposta para os sentimentos que foram mapeados”, diz Andreia.
A vontade de utilizá-lo ultrapassa as roupas, os acessórios e o mobiliário.
• O vinho rosé é um dos mais consumidos no Brasil na atualidade — com aumento de 320% entre 2019 e 2023, segundo a Product Audit, maior empresa de auditoria de importação do País para o setor de bebidas.
• Até mesmo produtos alimentícios, como as mortadelas artesanais de chefs de cozinha renomados – sobretudo quando entremeadas pelo verde contrastante do pistache –, fazem fama entre os millennials adoradores do tom róseo, de acordo com um artigo recente do The New York Times.