A Semana

Na Venezuela, proibiram uma Corina, pode surgir outra Corina

Crédito: Federico Parra

Maria Corina Machado (à esq.) tenta lançar como candidata Corina Yoris: esperança de captação de votos pelo nome Corina (Crédito: Federico Parra)

Por Antonio Carlos Prado

Maria Corina Machado era líder da oposição a Nicolás Maduro, o autocrata presidente da Venezuela — foi escolhida em outubro do ano passado, com cerca de 90% dos votos, a candidata da frente política antichavista. Sentindo-se ameaçado em sua tentativa de manter-se no poder, Maduro, que domina o Tribunal Superior de Justiça venezuelano, conseguiu que os direitos políticos de Maria Corina fossem cassados (a eleição ao Palácio de Miraflores é em julho). No último final de semana, o Partido Plataforma Unitária Democrática, ao qual ela se alia, resolveu então lançar a candidatura de uma homônima, na esperança de que, de Corina para Corina, haja transferência de votos a partir do nome. Entrou em cena, assim, a filósofa e professora universitária Corina Yoris para tentar derrubar Maduro nas urnas. “É uma pessoa da minha total confiança, honrada, que cumprirá esse trâmite com o nosso total apoio”, declarou a Corina impedida judicialmente de concorrer. Até a terça-feira 26, porém, a Aliança à qual pertence Corina Yoris não tinha conseguido inscrevê-la como candidata. Tudo muito estranho: o sistema digital aceitou, no entanto, o nome de Edmundo Urrutia, que pouco ameaça a hegemonia de Maduro, e não o dela.

ONU
Finlândia é eleita o país mais feliz do mundo — pela sétima vez

Finlândia: felicidade não tem fim (Crédito:Borgese Maurizio)

Estudo desenvolvido anualmente por órgão vinculado à ONU: pela sétima vez consecutiva a Finlândia foi classificada como o país mais feliz do mundo. Surpreendente: ela é heptacampeã. Detalhe interessante: nos primeiros lugares do ranking mundial de felicidade estão países nórdicos, como a Dinamarca, Islândia e Suécia. Responde pelo relatório a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.

A classificação se norteia por seis fatores:
renda,
saúde,
liberdade,
apoio social,
ausência de corrupção (para os brasileiros é difícil imaginar, mas isso existe),
generosidade.

Diz Jennifer De Paola, pesquisadora da Universidade de Helsinque: “Os finlandeses talvez possuam uma compreensão mais acessível do que é uma vida bem-sucedida”. Ela complementa fazendo um cotejamento com os EUA que privilegiam o sucesso financeiro. Pela primeira vez em uma década, a Alemanha e os EUA não constam do rol dos vinte países mais felizes. O Brasil está catalogado em quadragésimo quarto lugar. As piores posições correspondem ao Afeganistão, Líbano e Jordânia.

JUSTIÇA
Vitória parcial de Julian Assange

Assange: se extraditado, pena de quase duzentos anos de prisão nos EUA (Crédito:Leon Neal)

O jornalista Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, conseguiu na semana passada uma vitória parcial, mas ainda assim altamente significativa, no Tribunal Superior de Justiça de Londres. Os juízes negaram o pedido de sua extradição imediata para os EUA, feito pelo Departamento de Justiça do governo norte-americano. A negativa veio com a ressalva, no entanto, de que a decisão não é definitiva. A Corte quer mais informações no processo e deu o prazo de três semanas para que elas sejam enviadas de Washington à Inglaterra. Assange está preso após passar sete anos asilado na embaixada do Equador em Londres. Ele é acusado pelos EUA de ter vazado, por meio do WikiLeaks, entre 2010 e 2019, documentos confidenciais relacionados ao setor de segurança e, também, em relação às atividades militares e diplomáticas dos EUA, principalmente no Iraque e Afeganistão. Dentre esse material haveria vídeos mostrando helicópteros norte-americanos atirando em civis no Iraque. Em janeiro de 2021, a Justiça britânica rejeitou o pedido de extradição, mas tal decisão foi revista e anulada em dezembro do mesmo ano. Diz o advogado Edward Fitzgerald, defensor de Assange: “Ele realizou a prática jornalística, como a de obter e divulgar documentos de interesse público”. Na hipótese de o Tribunal Superior de Justiça de Londres anuir com a extradição, Assange deverá ser condenado nos EUA a, no mínimo, cento e setenta e cinco anos de prisão – ou seja, ao encarceramento perpétuo.

Tribunal Superior de Justiça: manifestações (Crédito:Daniel Leal)