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‘Saudosa maloca’: o titã Paulo Miklos encarna o gigante Adoniran Barbosa

Com o ex-Titã Paulo Miklos como protagonista, Saudosa Maloca conta os “causos” e histórias de Adoniran Barbosa no ambiente em que ele se sentia em casa: na mesa de um bar do Bixiga

Crédito: Divulgação

Paulo Miklos (à esq., como Adoniran Barbosa), e o ator Sidney Santiago: crônica social de São Paulo (Crédito: Divulgação )

Por Felipe Machado

João Rubinato foi comediante de rádio durante trinta anos, chegou a fazer novelas e comerciais de TV. Dono de uma voz rouca e marcante, só foi gravar seu primeiro disco como cantor aos 63 anos. Não reconheceu o nome do artista? Talvez fique mais fácil lembrar de seu pseudônimo: Adoniran Barbosa, pai do samba paulistano e autor de “Trem das Onze”, uma das canções mais populares do repertório brasileiro.

Pois outra de suas músicas famosas acabou batizando um filme inspirado em sua vida: Saudosa Maloca traz Paulo Miklos, ex-Titãs, no papel do protagonista, em excelente atuação. Narra a história de Mato Grosso (Gero Camilo) e Joca (Gustavo Machado), contada pelo próprio compositor na mesa de um bar. Para Miklos, o personagem é muito rico e marcante na memória afetiva das pessoas. “Adoniran Barbosa é muito rock ‘n’ roll, devido aos temas de suas músicas, as tragédias, a crítica social e a crônica afiada sobre São Paulo e o povo brasileiro”, afirma ele.

Pedro Serrano, diretor: “O filme também é uma reflexão sobre questões sociais típicas de São Paulo”  (Crédito:Divulgação )

O universo de Adoniran não é novidade para o diretor Pedro Serrano. Em 2015, lançou o curta Dá Licença de Contar, com o mesmo trio de atores do longa que estreia agora em rede nacional. Cinco anos depois, dirigiu o documentário Adoniran, Meu Nome é João Rubinato. As duas produções funcionaram como uma espécie de laboratório para Saudosa Maloca, cujo roteiro combina “causos” e episódios da vida do artista, costurados em uma trama bem-humorada da cidade de São Paulo.

O formato do roteiro escolhido por Serrano não poderia ser mais adequado: Adoniran, aos 70 anos, conta histórias a um garçom, lembrando os amigos do passado, das paixões (Iracema, interpretada por Leilah Moreno) e do bairro do Bixiga, que passou por transformações e não existe mais da forma como ele se lembrava.

Para Serrano, o filme “conta uma história brasileira, mas essencialmente paulista. É um tributo à obra de um dos maiores sambistas de São Paulo e também uma reflexão sobre questões sociais típicas da cidade”.