A Semana

Putin e a Otan: um por todos, todos por um

Crédito: Kenzo Tribouillard

Bandeira da Suécia é hasteada entre as outras dos países que já compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte: autoproteção (Crédito: Kenzo Tribouillard)

Por Antonio Carlos Prado

O autocrata e suspeito de crimes de morte Vladimir Putin, presidente da Rússia, é péssimo para o estabelecimento de alianças pelas vias diplomáticas. Tudo é na base da bomba, ou não é nada. Saiu perdendo. Há dois anos, assim que a Rússia invadiu a Ucrância, o governo da Suécia começou a repensar a importância, para sua autoproteção, de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A própria população sueca, em recente pesquisa, abandonara a sua posição de neutralidade (88%) diante de conflitos armados e passara a temer a sanha expansionista de Putin. Na semana passada, o premiê sueco, Ulf Kristersson, entregou ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a documentação final. Putin perdeu o controle absoluto de mil trezentos e quarenta quilômetros de fronteiras com a Finlândia e Suécia. Ele parece ter-se dado conta de que jogou a Suécia nos braços da Otan e a fronteira deixou de ser-lhe uma arma poderosa. O princípio da Otan é que qualquer ataque bélico contra um de seus membros é considerado agressão contra todos os trinta e dois países que a integram (Suécia incluída). “Vamos defender a liberdade juntos”, declarou Kristersson.

Putin: perda de soberania na fronteira (Crédito:Vyacheslav Prokofyev)

AMBIENTE
O Ártico vira líquido

Ártico: um trecho dele estará sem gelo algum dentro de dois anos (Crédito:Roy Philippe)

Vem de pesquisadores da Universidade da Califórnia, uma das mais conceituadas em todo o mundo, a notícia nada boa. Cientistas dessa instituição norte-americana, dedicados ao estudo sobre o derretimento do gelo marinho no Ártico, se depararam com um fato alarmante: estimava-se que não antes de uma década ocorreria o fenômeno de ausência total de gelo em determinada região, o que já era bastante alarmante, mas agora o prognóstico diminuiu sensivelmente: é provável que dentro de dois anos o Ártico tenha o primeiro dia com trechos completamente descongelados. A área estudada compreende a cobertura de um milhão de quilômetros quadrados. O aquecimento do mar será inevitável e espécies marítimas necessariamente emigrarão provocando um desequilíbrio ecológico. Os animais que mais sofrerão, no limite de correrem risco de morte, serão focas e ursos polares. É preciso lembrar a que a temperatura da superfície dos mares já deu alerta no mês passado: foi a mais alta da história com média de 21,06 graus Celsius.

JUSTIÇA
O sequestro que poderia ter sido evitado

Rodoviária Novo Rio: clima de guerra (Crédito:Pablo Porciuncula)

Quando a Justiça tarda, e falha, a sociedade é entregue de mãos beijadas ao Estado paralelo onde reinam os transgressores. Leitoras e leitores, aos fatos. Bruno Soares, funcionário da Petrobras, teve pulmões, coração e baço atingidos por dois projéteis – estava na quarta-feira 13 hospitalizado em estado grave. O seu fado se liga ao de dezesseis passageiros que, vinte e quatro horas antes, serviram de reféns em um ônibus sequestrado na Rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro. O nome do sequestrador é Paulo Sérgio Lima, que atirou em Bruno. “Estava embarcando minha filha. Foi muita tensão, gente atropelando gente”, relatou Valdinéia Santos de Souza Corrêa. O destino do ônibus era a cidade mineira de Juiz de Fora. O sequestro ocorreu porque o motor quebrou na hora de o ônibus sair, e Paulo Sérgio, foragido da Justiça, pensou que a não partida se devia ao fato de ele estar fugindo do Rio de Janeiro. O Brasil trabalhador de Bruno paga alto preço ao Brasil de Paulo Sérgio – e da Justiça lenta. Por seis vezes a Secretaria de Administração Penitenciaria avisara em vão a Vara de Execuções Penais de que Paulo Sérgio, cumprindo pena em regime aberto desde março de 2023 (justamente por assalto a ônibus em 2019), rompera a tornozeleira eletrônica que o monitorava. Foi um ano e sete meses de alertas em vão. No fim da tarde da terça-feira 12, com Paulo Sérgio preso pelo sequestro e pela tentativa de matar Bruno, a Vara de Execuções se pronunciou: “somente agora tivemos oportunidade de decidir no processo”.

Paulo Sérgio Lima: crime anunciado (Crédito:Divulgação )