A Semana

O peso da Alemanha na liberação da maconha

Crédito: Odd Andersen

Maconha em discussão para uso recreativo: aprovação (Crédito: Odd Andersen)

Por Antonio Carlos Prado

A Alemanha tornou-se o terceiro país da Europa a aprovar uma lei que legaliza a utilização controlada da maconha. O Bundestag (parlamento alemão) acatou a proposta feita pela coalizão governista do primeiro-ministro Olaf Scholz, que autoriza parcialmente o cultivo e o consumo de quantidade limitada – em hipótese alguma é permitida a venda, que segue caracterizada como tráfico. A nova lei diz que usuários podem andar nas ruas com até vinte e cinco gramas de maconha desde que sejam somente para consumo próprio. Em casa, o consumidor pode ter consigo até cinquenta gramas. Após longos debates, o parlamento resolveu que fica completamente proibido fumar maconha em instituições de ensino e academias esportivas, inclusive nas imediações. O resultado da votação surpreendeu até mesmos os parlamentares que estavam convictos de que a lei seria aprovada, tal a margem de votos: quatrocentos e sete a favor, duzentos e vinte e seis contra. A aprovação na Alemanha terá um peso decisivo em demais nações do continente.

Já são três
Na Europa, os países de Malta e Luxemburgo foram os primeiros a legalizarem a droga para uso recreativo. A tendência é que sua proibição caia em efeito cascata.

LIVROS
A ética de Sir Nicholas Winton chega ao Brasil

(Michal Cizek)

Deve-se um dos mais éticos atos da história da humanidade ao britânico Sir Nicholas Winton. Morreu em 2015 após 106 anos de vida. Durante meio século manteve-se total discrição sobre o fato de ele ter lotado oito trens com milhares de crianças e tê-las colocado a salvo da perseguição do nazismo – em sua grande maioria eram meninos e meninas de origem cigana e judia que moravam em 1939 na região da então Tchecoslováquia. Desembarcadas no Reino Unido, já estavam providenciados abrigos. A história veio à luz em um programa de televisão da Inglaterra em 1988. A partir de então, sua filha, Barbara, debruçou-se sobre o assunto. A dedicação gerou na Inglaterra o livro intitulado Uma vida, cuja tradução agora chega ao Brasil (editora Cultrix). A obra é documentada com cartas, entrevistas, fotos e anotações pessoais. Nada a ver com o clássico A Lista de Schindler, do romancista australiano Thomas Keneally. Os dois livros, cada um a seu jeito, têm os mesmos quilates de preciosidade com a seguinte diferença: Keneally ideologizou relatos dramáticos; Barbara conta sobre o anjo a guarda, no caso seu pai, que livrou crianças das mãos assassinas de Hitler.

CINEMA
Censura no festival

Basel Adra: documentário sobre palestinos e Cisjordânia (Crédito:Divulgação )

Terminou na semana passada o Festival de Cinema de Berlim. O assunto prevalente, é claro, foram os filmes e documentários apresentados. O segundo tema abordado por quase todos os participantes referiu-se ao conflito armado entre o grupo terrorista Hamas e Israel. Sobraram críticas para todos os lados, e houve unanimidade no pedido de que haja um imediato cessar-fogo. Os organizadores do festival, em uma estranha reação, não gostaram de a guerra ter-se tornado uma das estrelas da festa, como se fosse incomum atrizes, atores e diretores famosos se posicionarem publicamente contra confrontos armados. E também reprovaram tal comportamento as autoridades do governo alemão que abrirão “investigações sobre declarações inaceitáveis” de alguns laureados. A artilharia de criticas se voltou principalmente para o documentarista palestino Basel Adra, vencedor, juntamente ao lado de outros cineastas, com o documentário No Other Land – retrata a diáspora dos palestinos na Cisjordânia ocupada. “O chefe do governo, Olaf Scholz, considerou que a posições unilaterais não podem ser toleradas”, declarou a porta-voz do governo, Christiane Hoffmann. “É importante ter presente que foi o ataque terrorista do Hamas que nos levou a essa situação”. Parte da população francesa já se colocou contrária às posições do governo.

Christiane Haffmann: transmissão de ruído no governo (Crédito:Bernd Von Jutrczenka)