A Semana

O Exército brasileiro continua a vetar as mulheres

Crédito: Gabriela Biló

Exército: contrário à inclusão de mulheres em funções combatentes (Crédito: Gabriela Biló)

Por Antonio Carlos Prado

O desprezo pelas mulheres e a defesa da tese discriminatória e retrógrada de que elas não podem exercer funções de combate devido à sua própria condição biológica parece ser prevalente no comando do Exército no Brasil – que, na justificativa de suas posições, se vale de argumentos que chegam a ser ofensivos. Em parecer enviado ao STF, contrário à inclusão de mulheres em funções combatentes, seguiu anexado um estudo que tenta mostrar, absurdamente, a “vantagem clara dos homens do ponto de vista físico”. Com isso, quis o Exército dizer que a presença feminina pode comprometer o bom desempenho dos homens em uma batalha. Os dados citados referem-se à força muscular e potência aeróbica e anaeróbica. Tudo é tão sem de lógica que vale recomendar ao comando do Exército o estudo da vida de mulheres que, principalmente na Bahia, lutaram para garantir a Independência do Brasil. Há um livro inteligente e metodologicamente perfeito. Chama Independência do Brasil – As Mulheres que Estavam Lá (autoria e organização de Heloisa Starling e Antonia Pellegrino). Dentre outras exímias guerreiras, na obra estão a mineira Hipólita Jacinto, a cearense Bárbara de Alencar e a baiana Maria Quitéria.

LITERATURA
Antologia condena preconceitos sexuais

César Braga-Pinto: pesquisa feita com inteligência, método e rigor (Crédito:Divulgação )

César Braga-Pinto é doutor em literatura comparada pela Universidade da Califórnia e professor de literatura brasileira na Northwestern University. Fez um minucioso estudo sobre livros que abordam a sexualidade dos personagens, tema que frequentou com relativa assiduidade a nossa produção literária e também a de alguns países europeus no final do século XIX. De sua excelente pesquisa resultou O Homem que Passou por Baixo do Arco-íris, antologia que reúne textos de diversos autores, mostrando o preconceito que exista à época em relação a todos que não fossem adeptos somente da heterossexualidade. Dentre os escritores brasileiros, o grande destaque é para o maranhense Coelho Neto (1864-1934), que realçou em sua obra personagens que, em seu tempo, eram chamados de forma preconceituosa de “andróginos” ou “hermafroditas”. A antologia traz o texto “A sexualidade de Mário de Andrade”, que teve sua primeira publicação em 2022 no centenário da Semana de Arte Moderna.

Coelho Neto: obra voltada para o erotismo denunciando a discriminação sexual (Crédito:Divulgação )

ESPANHA
Daniel Alves é condenado a 4 anos e 6 meses de prisão

O jogador de futebol Daniel Alves, 40 anos, ex-lateral direito do São Paulo, Barcelona e da Seleção Brasileira, foi condenado na Espanha por estupro a quatro anos e seis meses de prisão. A sentença foi lida na quinta-feira 22 pelo Tribunal Provincial de Barcelona — o Ministério Público pedia 12 anos de reclusão. Foram determinantes, para a redução da pena, Daniel ter-se declarado embriagado quando da ocorrência dos fatos (na Espanha a embriaguez é atenuante) e, também, ter concordado em indenizar a vítima em cento e cinquenta mil euros. O caso deu-se em 2022 e ele está preso desde 2023. Esse ano de encarceramento é abatido da pena e se tiver bom comportamento a condenação cairá pela metade. Terá de ficar, no entanto, durante cinco anos em liberdade vigiada. A acusação de estupro remete-se a 2022: em uma boate em Barcelona, ele teria levado uma mulher espanhola à toalete e, sem consentimento, segundo ela, manteve relações sexuais (a lei espanhola exige o “sim” de permissão para cada variação durante o ato). Daniel a teria lançada ao chão e lesões em seus joelhos pesaram bastante para a Justiça se convencer de que houve relação sexual forçada. Cabem recursos. Se a pena for confirmada, dificilmente ele a cumprirá no Brasil – teria comentado que prefere as penitenciárias espanholas. Sua esposa, Joana Sanz, já declarou que o perdoa pela infidelidade conjugal.

Daniel Alves no tribunal: embriaguez como atenuante (Crédito: Jordi Borra)
A mulher do jogador, Joana Sanz (à esq), e sua sogra, Lúcia Alves: a esposa foi do pedido de divórcio ao perdão (Crédito:Lluis Gene )