Qual é o melhor esporte do mundo? Confira
Pesquisadores apontam o tênis como prática boa para idosos, mas especialistas garantem que a melhor modalidade é aquela que dá mais prazer
Por Denise Mirás
Natação, polo aquático, motonáutica, tênis, vela, corrida, ciclismo, golfe, automobilismo… qual seria o melhor esporte do mundo? É aquele que produz adrenalina e promove prazer e motivação. Essa é a opinião do empresário Fernando Nabuco, que passou por todos essas modalidades ao longo de quase oito décadas.
Ex-presidente da Bolsa de Valores de São Paulo, o “multiatleta” se mostra indignado com executivos que ficam “12 horas em uma cadeira”, como observa, porque o trabalho precisa do esporte como complemento de vida. “A natação é sem dúvida o melhor esporte a longo prazo, sob todos os aspectos, pela ausência de impacto. E o ciclismo é o mais gostoso, porque a gente se diverte, mesmo com o risco dos tombos…”
Nabuco, que aos seis anos já nadava, diversificou as preferências, mas nunca se esqueceu do técnico australiano Don Talbot, que conheceu aos 16 na Olimpíada de Roma, em 1960. Ele lhe disse: “Treino aeróbico é até o fim da vida. Não largue o seu coração”.
Praticante dos esportes clássicos, o empresário não descarta as modalidades que entram e saem de moda, porque acha ótimo “tudo o que faz suar”. Mas acrescenta que é imperativo também fazer musculação, pela perda de massa muscular, principalmente após os 60 anos. “Se o indivíduo não tiver músculos, não tem como seguir com o esporte. Musculação é imprescindível, assim como uma boa alimentação.”
Pesquisadores da PUC-PR apontaram o tênis como excelente para pessoas mais idosas, que passaram a apresentar performance (de resposta muscular e velocidade) semelhante à dos mais jovens, trabalhando equilíbrio e, com isso, ajudando a prevenir quedas.
Mas esse esporte tradicional anda perdendo terreno para variações, como o pickleball, por exemplo. Atual febre nos EUA e agora em São Paulo, a novidade ocupa quadras pequenas (uma de tênis pode ser recortada em quatro de pickleball), raquetes mais leves, regras fáceis e menos problemas com lesões.
Esportes entram e saem de moda, pelo menos desde os anos 1960, quando Kenneth H. Cooper preparou um teste para as Forças Armadas americanas avaliarem o nível de condicionamento físico de soldados.
Das pistas, o teste ganhou as ruas e a expressão “fazer cooper”, em homenagem ao seu nome, virou sinônimo de corrida, atraindo milhares de adeptos na década seguinte.
Nos anos 1980, o mundo se voltaria para a aeróbica feita em academia, popularizada pela atriz Jane Fonda.
E então surgiram:
• windsurf,
• bodyboarding,
• asa delta,
• futvôlei,
• vôlei de praia,
• kitesurf,
• canoa havaiana,
• standup paddle,
• beach tennis, entre outros.
Raquetes em alta
Guilherme Ferreira Barbosa, preparador físico no The Corner Sports & Health, em São Paulo, diz que a escolha do esporte deve levar em conta se o objetivo é alcançar alta performance ou apenas se dedicar a um hobby. “Depende do gosto, mas um bom critério também é o segmento: se é ao a ar livre ou na academia, se é coletivo ou individual.”
A consulta prévia a um médico é imprescindível, para avaliação física e para determinar se há alguma restrição para determinada atividade. É recomendável ainda o acompanhamento de um educador esportivo. Segundo Guilheme, esportes de raquete vêm ganhando relevância “porque estudos apontam que seus praticantes têm menos chance de desenvolver doenças relacionadas à cognição e à memória”.
O fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto lembra que a questão do biotipo está relacionada à alta performance. “É muito difícil passar por cima de um biotipo inadequado. Hoje, um garoto com baixa estatura não vai ser campeão olímpico de natação. Mas nadar pelo bem-estar e pela saúde é ótimo”, assinala.
Sobre longevidade esportiva, Turíbio não coloca o tênis na lista. “É um esporte unilateral. Ninguém bate na bola ao mesmo tempo com os dois lados do corpo. Haverá prevalência de um deles. E, caracterizado pelo esforço repetitivo, é raro que não resulte em tendinite crônica de cotovelo ou problema de quadril, pelo deslocamento muito lateral. Se não for para competição, o melhor esporte é o que dá mais prazer ao indivíduo.”
Fernando Nabuco agora alterna entre o golfe e o ciclismo — pedala em estradas secundárias próximas de São Paulo ou “faz rolo” correndo com a bike na esteira, opção pela falta de segurança nas ruas. “O golfe é um desafio. E faz mal para o coração”, brinca. “Em um dia você faz tudo bem; no outro, erra aquela bola e é uma frustração. Daí é seguir para o ‘buraco 19’.” Como o campo de golfe tem 18 buracos, 19 é o apelido do… bar.
Windsurf, fenômeno lançado pela TV
Criado na Flórida nos anos 1960, o windsurf foi programado para explodir no Brasil na década de 1980. Para isso, imagens das pranchas com velas congestionavam a abertura da novela Água Viva, em criação de Hans Donner, acompanhadas da música-tema “Menino do Rio”, de Caetano Veloso, interpretada por Baby Consuelo. Reginaldo Faria, Betty Faria e Gloria Pires apenas circulavam seus personagens à beira-mar, no Rio de Janeiro.
Mas, com o poder da TV — e principalmente da Rede Globo — o windsurf coloriu a costa brasileira. Tornou-se modalidade olímpica em Los Angeles 1984, chamada de prancha à vela e depois de RS:X. Nos Jogos de Paris, entre julho e agosto, a evolução da classe é a iQFoil, que tem hydrofoils: com essas “asas” subaquáticas, as pranchas passam a impressão de voar, em vez de flutuar.