Comportamento

NASA entra nos voos comerciais supersônicos

Objetivo é ganhar em velocidade e diminuir o barulho para habitantes de cidades com aeroportos que recebam esse tipo de avião

Crédito: Imagens Ilustrativas De Lockheed Martin/Nasa;

O X-59, com lugar apenas para um piloto, agora será testado em voos sobre cidades americanas (Crédito: Imagens Ilustrativas De Lockheed Martin/Nasa; )

Por Denise Mirás

Milionários (ou bilionários?) de todo o planeta, preparem seus bolsos: com o avião experimental X-59, apresentado em 12 de janeiro pela NASA nas instalações da fabricante Lockheed Martin, em Palmdale, na Califórnia, vocês estarão mais próximos de viajar quebrando a barreira do som. E com menos barulho para as cidades onde aeronaves comerciais supersônicas fariam decolagens e pousos no futuro.

Isso em teoria, porque ainda haverá voos-testes neste ano, sobre cidades americanas a serem determinadas. Durante meio século, EUA e outros países proibiram voos ultra-sônicos, para poupar os pobres ouvidos de habitantes do entorno dos aeroportos. Com a crescente procura global por viagens aéreas antes da pandemia e a recuperação econômica, a previsão é por um mundo cada vez mais veloz — e, por isso, espera-se pela abertura de enorme mercado para aeronaves executivas e comerciais do tipo.

Mas o final das pesquisas da chamada Missão Quesst, da NASA, ainda está previsto para 2027. E só então se saberá sobre a viabilidade desse objetivo, de “reviver” o Concorde, fabricado entre 1965 e 1978 pela British e a Aérospatiale e que encerrou seus voos em 2003.

Os 20 aviões lançados para completar um voo transatântico na metade do tempo regular padeceram sob alto custo operacional —destacando-se a menor eficiência do combustível — e de passagens. Além disso, um acidente no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, matou 113 pessoas em 2000.

Mesmo reforçando equipamentos para segurança, a retomada em 2001 pouco durou, até mesmo pela crise da aviação no pós-11 de setembro. Também foi curta a carreira do Tupolev Tu-144, o soviético supersônico de passageiros que teve dois acidentes fatais (em 1973 e 1978). Depois disso, esses aviões foram operados pela Aeroflot até 1979, disponíveis apenas para passageiros restritos e para autoridades até 1983.

Imagem do Overture, da Boom, opção para daqui a 20 anos (Crédito:Divulgação)

Aviões comerciais voam a menos de Mach 1 (medida que equivale à velocidade do som, de 1.224 km/h) e a NASA segue com seu projeto que deverá alcançar Mach 1.4.

Mas a startup Boom Supersonic, também dos EUA, prevê voos comerciais que rompam a barreira do som em duas décadas. Então, seria possível viajar a qualquer lugar do mundo, por 500 rotas transoceânicas, em no máximo quatro horas e com passagens em torno de R$ 500.

Sua aeronave supersônica Overture, apresentada em 2020, foi projetada para alcançar Mach 2.2 — ou mais de duas vezes a velocidade dos jatos comerciais subsônicos de hoje.

UM AVIÃO HOLANDÊS ELÉTRICO
Cinco vezes mais eficiente que os aviões tradicionais, o E9X tem previsão de voo para 2033

O E9X, movido a bateria, que pode reduzir 20% das emissões de CO2 da aviação tradicional (Crédito:Divulgação)

Se um dos objetivos da NASA é apresentar seu X-59 também sob a ótica de responsabilidade com o meio ambiente, a startup holandesa Elysian faz dessa preocupação seu principal objetivo, com uma aeronave movida a bateria e apresentada como um novo patamar na aviação elétrica.

Previsto para voar até 2033, o E9X foi projetado para uma indústria futura com emissão zero de poluentes. Seria uma opção economicamente viável às aeronaves tradicionais, em rotas regionais (as baterias nas asas garantem distâncias até 800 quilômetros) e capacidade para 90 passageiros.