Comportamento

Descoberta de cidades perdidas reescreve a história da Amazônia

Achado científico de centros urbanos escondidos na Amazônia Equatoriana pode desvendar os mistérios sobre civilização milenar que habitou a floresta há 2.500 anos

Crédito: Divulgação

Mapa revela cidades ocultas na Floresta Amazônica equatoriana (Crédito: Divulgação)

Por Carlos Fraga

Uma sofisticada rede de cidades interconectadas foi descoberta nas profundezas da Amazônia Equatoriana, mais especificamente no Vale Upano, no leste do Equador. Trata-se de um achado científico muito importante com evidências da existência de um centro urbano pré-hispânico “escondido” no meio da mata, que abrigou milhares de habitantes.

As revelações dos estudos sugerem que nessas cidades, em meio à floresta densa, viviam povos avançados, que existiram por volta de 2.500 anos atrás, antecedendo qualquer outro conjunto de sociedade amazônica conhecido. “Estamos diante de uma civilização até então desconhecida, que desafiou as adversidades da selva e construiu uma rede de cidades impressionante”, diz o arqueólogo francês Stéphen Rostain.

O arqueólogo Stéphen Rostain é o principal responsável pelo estudo científico (Crédito:Divulgação)

Autor do principal estudo sobre a descoberta, Rostain começou as escavações na região há quase 30 anos. Publicada na revista Science, a pesquisa mostra que a descoberta da cidade perdida só foi possível graças à utilização da tecnologia LIDAR (detecção e alcance de luz, ou light detection and ranging, na sigla em inglês).

Utilizando um laser de infravermelho, essa tecnologia de sensoriamento remoto permite o escaneamento preciso de regiões densas e de difícil acesso, como a Floresta Amazônica. Os aparelhos identificaram estruturas urbanas surpreendentes, incluindo praças, pirâmides e sistemas de irrigação em meio a cinco grandes assentamentos e dez menores, sendo que todos eram densamente povoados.

Intercalando as cidades, haviam campos agrícolas retangulares e terraços nas encostas onde existiu plantio de milho, mandioca e batata-doce, encontrados em escavações passadas.

A equipe de Rostain prospectou uma área de aproximadamente 300 km2, até encontrar o sistema de estradas e plataformas da antiga cidade. “Explorei o local muitas vezes, mas o Lidar me deu outra visão da terra. A pé, você tem árvores no caminho, e é difícil ver o que está realmente escondido lá”, contou o arqueólogo, que hoje é diretor de pesquisa no Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS), à Live Science.

Rostain falou que a descoberta reescreve não apenas a história da região, mas também nossa compreensão sobre as capacidades das antigas sociedades amazônicas. “Estamos diante de uma civilização verdadeiramente notável, que floresceu nas profundezas da Amazônia por um milênio, surpreendendo-nos com sua organização social complexa e arquitetura avançada”, diz o pesquisador.

Estagiário sob supervisão de Luiz Cesar Pimentel