A Semana

Erdogan ganhou. E apavorou o mundo democrático: “Eu e o povo estaremos juntos até o túmulo”

Crédito: Yasin Akgul

Festa da Vitória de Erdogan: 25 anos consecutivos no poder, primeiro como premier, depois presidente (Crédito: Yasin Akgul)

Por Antonio Carlos Prado

Recep Tayyip Erdogan venceu o inédito segundo turno na história das eleições presidenciais na Turquia e ficará mais cinco anos no poder – e, nesse período, estará mais forte do que esteve nas últimas duas décadas comandando o país. Sim, será um quarto de século consecutivo à frente da nação, e ele conseguirá consolidar seu método autocrático de governar. A vitória foi anunciada com 52,1% dos votos, contra 47,8% dados ao candidato Kemal Kiliçdaroglu (apuração de 99% das urnas). Nada menos que seis partidos de oposição se uniram para derrotar Erdogan. Em vão.

Ele mandou prender jornalistas e oposicionistas às vésperas da votação, e saiu às ruas para dar dinheiro em espécie às pessoas. O populismo não tem escrúpulos nem limites. Pela Constituição turca, essa é a última vez que Erdogan pôde se candidatar, mas ele já alterou a Carta, em outras ocasiões, de acordo com seus interesses. Fica ressoando, assim, a mais amedrontadora frase saída de sua boca no discurso da vitória: “eu e o povo estaremos juntos até o túmulo”.

Kemal Kiliçdaroglu: derrota apesar da coalizão de seis partidos oposicionistas (Crédito:Burak Kara)

MEIO AMBIENTE
Avançam planos e atitudes da “aviação verde”

Pelo menos 300 bilhões de euros (cerca de R$ 1,65 trilhão) terão de ser investidos para que sejam levados adiante na União Europeia os planos de implantação de aviões a hidrogênio. A afirmação é de especialistas que compõem o grupo que estuda as possibilidades de uma aviação com energia limpa – a chamada “aviação verde”. A Airbus, maior fabricante de aviões em todo o mundo, anunciou sua intenção de lançar uma aeronave movida a hidrogênio e com emissão zero de poluentes até 2035. Já há estudos em estágios avançados sobre esse tema desenvolvidos pela conceitua ONG Transport & Environment (T&E). “Se quisermos que a Airbus realize o que diz, precisaremos criar um mercado para aeronaves de emissão zero, tributando o combustível fóssil para aviação”, afirmou o gerente técnico de aviação da T&E, Carlos López de La Osa, ao jornal britânico Financial Times.

Membros do Greenpeace protestam contra aviões da European Business Aviation Convention & Exhibition, enquanto seguranças tentam retirá-los: luta contra o CO2 (Crédito:Thomas Wolf)

PERSONAGEM
Kissinger completa cem anos de idade — lúcido, completamente lúcido

Quando conceituados analistas de geopolítica internacional vão atrás da opinião de um homem de cem anos de idade – que no auge de sua atuação política e diplomática fez-se uma das personalidades mais influentes do planeta – é porque esse senhor está completamente lúcido. O nome do fenômeno é Henry Kissinger, que completou um século de vida no último sábado. Ele foi conselheiro do ex-presidente norte-americano Richard Nixon (1969-1974), e credite-se a nomeação ao seu excelente desempenho enquanto professor em Harvard. Após a débâcle de Nixon, com Gerald Ford na Casa Branca (1974-1977), Kissinger ascendeu a secretário de Estado. Há quem diga que na vida ele foi inigualável cérebro na arte da diplomacia, há quem afirme que foi lobo do militarismo com pele de carneiro da paz, no estilo da Doutrina Monroe, criada em 1823 (Kissinger fez acontecer ditaduras na América do Sul). Na verdade, aliviou tensões entre os EUA e o Kremlin nos anos da Guerra-Fria, mas se mostrou também impiedoso na Guerra do Vietnã (1955-1975). “Não é preciso escolher um lado; ele pode ser herói e vilão ao mesmo tempo”, bem analisa o historiador Luke Nichter, professor da Universidade Chapman. Intelectuais procuram Kissinger, hoje, para avaliações sobre a Guerra na Ucrânia. Em entrevista à revista The Economist, ele declarou que Vladimir Putin cometeu “um erro de julgamento catastrófico” ao invadir o território ucraniano. Antes que a invasão ocorresse, Kissinger já cantara a bola da estupidez estratégica do autocrata russo.

Henry Kissinger (à dir.), na década de 1970, e o ex-presidente dos EUA Gerald Ford: acordos sobre ditaduras na América do sul (Crédito:Ann Ronan Picture Library / Photo12 via AFP)