Comportamento

Harvard avança em imunizante revolucionário contra câncer de mama

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Vacina contra o câncer: tratamento atua com a doença já instalada (Crédito: Divulgação)

Por Alan Rodrigues

O câncer de mama é a primeira causa de morte por neoplasia maligna entre mulheres no Brasil e é responsável por cerca de 630 mil óbitos anualmente no mundo. Essa doença devastadora é mais frequente entre jovens e passou a ser considerada a mais agressiva de todas. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil registrou em 2022 cerca de 700 mil pessoas com tumores malignos, sendo que 73.610 foram foram mulheres com câncer de mama.

As maiores taxas de incidência e de mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do País. O Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 3 bilhões por ano com o tratamento de pacientes oncológicos, incluindo quimioterapias, radioterapias, cirurgias e internações. No mundo, esse valor é estimado em US$ 2 trilhões. Finalmente esse contingente recebeu uma boa notícia – a promissora vacina.

Em um cenário de avanços contínuos na área da saúde, pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, estão dando passos significativos em direção a um potencial imunizante revolucionário contra o câncer de mama.

Um estudo, que teve como alvo o câncer de mama triplo negativo, que representa 15% dos casos no mundo, sinaliza um futuro cor de rosa. “A imunização, que ainda está em fase de testes, se mostrou capaz de destruir as células cancerígenas, tal como a quimioterapia, e de criar uma memória imunológica duradoura, assim como os tratamentos de imunoterapia”, afirmam os autores do estudo publicado na prestigiada revista científica Nature Communications.

Hua Wang, cientista e autor do estudo: “O câncer de mama não estimula respostas fortes do sistema imunológico, e as imunoterapias existentes não conseguiram tratá-lo” (Crédito:Cancer Center at Illinois)

O câncer de mama triplo negativo ocorre quando as células cancerígenas não têm receptores de estrogênio ou progesterona e não produzem a proteína HER2. Os cientistas dizem que a técnica foi capaz de destruir as células cancerosas e também de criar memória imunológica, que forneceu proteção contra o ressurgimento do tumor. Na prática, avaliaram a dupla estratégia de combinação de quimioterapia à doxorrubicina (um tipo de medicamento) conjugada com a imunoterapia.

O principal objetivo desta combinação é driblar o mecanismo de ação do câncer, que impede que o corpo identifique o crescimento desordenado das células do próprio paciente como uma ameaça.

As chamadas “vacinas contra o câncer” estão em desenvolvimento ao menos desde 2009 e o termo usado aplica-se em situações na qual a doença já está instalada.

Ou seja, a vacina não visa prevenir o câncer, mas sim tratar a doença, como a ação de um medicamento. Os estudos mostram 100% de eficácia em camundongos com câncer de mama triplo negativo.

“Esse tipo de câncer não estimula respostas fortes do sistema imunológico, e as imunoterapias existentes não conseguiram tratá-lo”, explica o coautor do artigo Hua Wang.

Próximos passos

A principal estratégia consiste em pegar moléculas das células cancerosas e usar nelas substâncias que permitam que o corpo as reconheça e as destrua.

“A capacidade dessa vacina de induzir respostas imunes potentes, sem exigir a identificação de antígenos específicos do paciente, é uma grande vantagem. Assim como a capacidade da administração de quimioterapia local para contornar os efeitos colaterais graves desta, que é o único tratamento atualmente disponível para a doença”, disse Robert P. Pinkas, um dos autores da pesquisa e líder da plataforma de Immuno-Materials no Instituto Wyss.

“Os primeiros resultados dos testes em laboratório são encorajadores, indicando que a vacina não apenas induz uma resposta imunológica robusta, mas também parece ser bem tolerada pelos pacientes participantes dos testes realizados”, aponta o relatório.

Se a vacina contra o câncer de mama alcançar êxito em suas fases clínicas, seu impacto potencial na saúde global pode ser imensurável. Além de oferecer uma nova linha de defesa contra a enfermidade, a descoberta também pode abrir portas para o desenvolvimento de tratamentos similares para outros tipos de câncer.

“É a esperança para milhões de mulheres em todo o mundo que lutam contra essa doença que se mostra amplamente devastadora”, entendem os pesquisadores.

A vacina não serve para prevenir contra o câncer, mas para tratar as pessoas que foram diagnosticadas com a doença. O sucesso do imunizante pode abrir as portas para o tratamento de outros tipos de câncer (Crédito:Divulgação)
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