Cyberfiasco

Por Carlos Eduardo Fraga

Desde que a montadora Tesla, do bilionário Elon Musk, anunciou o lançamento do primeiro carro futurista, a Cybertruck, em 2019, um milhão de clientes que realizaram reservas do modelo na pré-venda sonham com a entrega do veículo de design particular. A verdade é que os compradores arremataram gato por lebre. Quatro anos depois da data anunciada e com várias promessas não cumpridas, a empresa entregou as primeiras dez unidades do veículo. “É uma picape incrivelmente útil. Não é um espetáculo grandioso, como eu”, disse Musk.

Mitomania à parte, diante de realidades amargas sobre o veículo, o CEO não comentou as principais falhas do modelo final, as previsões erráticas, como a da carroceria da picape de aço inoxidável laminado a frio, que enferruja. No evento, a montadora minimizou os erros e atualizou (para baixo) alguns números do carro. Por exemplo, agora a carga útil da carroceria é de 1.135 kg, não mais de 1.590 kg como prometido, ou seja, quase meia tonelada a menos.

Com design arrojado e visual de aviões de combate, o carro foi entregue bem mais caro e com muito menos autonomia do que o previsto. Na propaganda, o alcance seria de até 800 quilômetros por carga elétrica. Na realidade, Musk confirmou que ela rodará “apenas” 547 quilômetros com um carregamento de bateria. Os problemas técnicos também chamam a atenção, como desaceleração abrupta em velocidades médias ou acelerações não programadas. O que se vê é que entre a publicidade e a efetiva finalização da caminhonete existe uma distância grande.

“É uma picape incrivelmente útil. Não é um espetáculo grandioso, como eu” Elon Musk, CEO da Tesla

O acabamento talvez seja um dos pontos mais decepcionantes da picape. Esperava-se um veículo estilo Blade Runner, um carro repleto de comandos altamente tecnológicos, com jeito de nave espacial, e foi entregue um modelo com interior extremamente minimalista. Mais. O veículo real será capaz de rebocar até 5 toneladas (o anunciado era 6,3 toneladas). A segurança dos ocupantes da picape, que foi projetada, segundo Musk, para aguentar tiros de uma submetralhadora Thompson foi outro fiasco e nem os vidros são à prova de tiros.

Para finalizar, a Cybertruck seria o modelo mais revolucionário da montadora, mas deixou a desejar. Em entrevista ao canal americano de TV a cabo Consumer News and Business Channel (CNBC), Musk reconheceu que a empresa falhou. “Quando você tem um produto com tecnologia inovadora ou mesmo um veículo totalmente novo, sempre haverá problemas“, minimizou o bilionário.

*Estagiário sob supervisão de Luiz Cesar Pimentel