JBS: 70 anos de um império da proteína
Iniciando atividades em 1953 no interior de Goiás, a JBS se transformou na maior empresa empregadora do Brasil, com 152 mil funcionários: representa 2,1% do PIB

JBS iniciou as atividades em 1953, no interior de Goiás. Sete décadas depois, está entre as maiores empresas de alimentos do mundo (Crédito: Divulgação)
Quando abriram a Casa de Carnes Mineira, os irmãos José Batista Sobrinho e Juvensor assentaram valores e princípios que até hoje dão sustentação à JBS e a transformaram em uma companhia global, presente em mais de 20 países, com 270 mil colaboradores.
Muito mais do que estruturas externas de grandes construções, fábricas e empreendimentos espalhados em cinco continentes, os alicerces da JBS assentam cultura empresarial e capital humano capazes de gerar emprego, renda, conhecimento e inovação. Se traduzida em números, essa receita mostra a importância da companhia para o Brasil e aponta para um futuro ainda mais promissor.


Ao completar 70 anos em 2023, a JBS se consolida como a maior empregadora do Brasil, com 152 mil colaboradores diretos trabalhando em suas diversas operações no país.
Somente entre janeiro e agosto deste ano, a companhia gerou 7,3 mil novas vagas, o que representa um aumento de 5% em relação a dezembro de 2022.
Segundo levantamento inédito produzido pela Fipe sobre a mensuração da importância socioeconômica das atividades relacionadas à JBS, a companhia e as cadeias produtivas ligadas a ela no Brasil movimentaram, em 2021, o equivalente a 2,1% do nosso PIB (Produto Interno Bruto) e contribuíram para a geração de 2,73% dos empregos do país.
“Meu pai começou com poucos recursos e conquistou tudo o que temos hoje.”
Wesley Batista
Origem
Se hoje o mundo pode parecer pequeno para a JBS, ele era imenso e desafiador quando João Batista Sobrinho e Juvensor percorriam fazendas da região de Nerópolis (GO), com um jipe que haviam ganhado do pai, para comprar gado.
Em 14 de dezembro de 1953, deram o primeiro grande passo para crescer e fundaram a Casa de Carnes Mineira, em Anápolis(GO). Em pouco tempo, os irmãos se tornaram os principais fornecedores dos açougues da região. Mas Zé Mineiro, como José Batista Sobrinho era conhecido, enxergava longe e não temia desafios.
Em 1957, os dois irmãos deram um segundo e decisivo passo: Brasília começava a ser construída, no governo do presidente Juscelino Kubitscheck, e Zé Mineiro e Juvensor abriram um açougue no Mercado Central da Cidade Livre para receber os milhares de trabalhadores recém-chegados de todo o país. Inovaram e passaram a vender carne desossada, cresceram e ganharam escala.
Época de trabalho duro. “A gente aprendeu demais. Acordávamos às 2 da manhã todos os dias, mas hoje vemos que o esforço valeu a pena”, relembra Zé Mineiro. “Para conquistar o que se almeja, é preciso ter determinação, disciplina e constância. Ao longo da minha vida, aprendi que, para ir em frente, é preciso ser diferente”, afirma ele.
Desde então, esses e outros valores estão incorporados à cultura da companhia, que, a partir de Brasília, foi superando desafios os e aproveitando as oportunidades de um país que se modernizava, mas sofria com turbulências políticas e solavancos econômicos. Porém, com coragem, inovação e geração de valor, a JBS construiu uma trajetória sólida na qual nunca deixou de acreditar no potencial do Brasil e dos brasileiros.
“Para ir em frente, é preciso ser diferente.”
José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro
Modernização
Nos anos 1970, os irmãos modernizaram suas operações com as câmaras frigoríficas, entraram na era da carne refrigerada e rebatizaram a companhia como Friboi, nome que representou a empresa até 2007 e ainda é uma de suas marcas.
Foi nessa década que a empresa passou a se chamar JBS, e o filho primogênito de Zé Mineiro, José Batista Júnior, expandiu e diversificou os negócios com a distribuição de carne para supermercados e açougues.
Em 1988, Wesley e Joesley, também filhos de José Batista Sobrinho, começaram a participar do dia a dia da empresa. Tinham, respectivamente, 18 e 16 anos. “Meu pai nos soltou muito cedo. Nós éramos meninos e já fazíamos coisa de adulto”, conta Wesley.
Zé Mineiro nunca ensinou os lhos como deviam trabalhar. Aprenderam na prática, errando e acertando. “A pessoa precisa assumir tudo. Se eu ficasse na retaguarda, eles não aprenderiam nunca”, resume o patriarca.
Os anos 1990 foram marcados pela incorporação de fábricas, o início das operações em São Paulo e os primeiros passos na exportação e abertura de mercados estrangeiros. Na chegada dos anos 2000, a companhia instalou sua sede na cidade de São Paulo. Começava ali um novo ciclo virtuoso de diversificação, ampliação e internacionalização.
Futuro
A expansão global foi acelerada depois do IPO (oferta inicial de ações na bolsa de São Paulo em 2007), e a JBS passou a contar com um amplo portfólio de marcas reconhecidas pela excelência e inovação, como Friboi, Seara, Swift, Pilgrim’s, Moy Park e Primo, entre outras. “Foi, um ponto de virada de extrema importância para a empresa. Passamos a ser reconhecidos por novos públicos e pudemos observar nossa organização sendo valorizada pelo mercado. Foi fantástico”, relembra Joesley.
Aos 70 anos de idade, a JBS segue com o mesmo espírito inovador que marca sua história e sistematizou os valores que sustentam a cultura da empresa: atitude de dono (assumir compromissos, responsabilidades e liderança), determinação, disciplina, disponibilidade, franqueza, humildade e simplicidade.
A JBS permanece ampliando sua plataforma de proteínas e hoje opera com suínos, ovinos, aves, pescados, plant-based e investe em proteína cultivada, aquela desenvolvida a partir de células animais. “Ao longo dessa história, vimos que é mais do que possível alcançar o que almejamos, basta ter foco e determinação. Estou muito orgulhoso e otimista em relação ao futuro da JBS”, diz Gilberto Tomazoni, CEO global da empresa.
